segunda-feira, 11 de maio de 2020

Olavo de Carvalho e suas lições contra a democracia

Existe um jargão em investigação policial, com a frase “Siga o dinheiro” indicando a origem de uma ilegalidade. Pois nas manifestações bolsonaristas cada vez mais doidas que ocorrem no país parece que a pista para saber de onde vem as orientações é “Siga o Olavo”.

Isso é o que dá a entender a ativista de direita Sara Winter, que já teve até cargo nomeado na equipe de Damares Alves, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Vejam na imagem um diálogo no Twitter entre ela e outro conhecido ativista bolsonarista, Allan Santos, do site Terça Livre.

Numa mensagem postada por Sara Winter — que na verdade se chama Sara Geromini — é possível entender de onde provavelmente são dadas as orientações para as tentativas de criar uma conturbação política no país, atiçando manifestações de rua contra o Congresso Nacional e o STF.

A dica surgiu no meio de uma discussão entre ela e Allan Santos, que tem ligação estreita com o bolsonarismo em suas altas esferas. Na resposta a uma divergência casual do responsável pelo Terça Livre, a ativista de direita que já foi da assessoria pessoal da ministra Damares entrega o mentor dos atos públicos comandados por ela.

Na tuitada ela é muito clara sobre o chefe da coisa. “Quem me pediu pra fazer tudo isso foi o prof. Olavo”, ela escreve. A ativista vem organizando um grupo de agitação política, definido como "milícia não violenta e desarmada" em defesa do presidente Jair Bolsonaro. O grupo tem o nome de “300 do Brasil” e instalou há alguns dia um acampamento em Brasília em frente ao Congresso Nacional, quando um jornalista sofreu agressão física. O acampamento é alvo de representação no MPF.

A linguagem usada é de tom militar, indicando que eles fazem cursos de doutrinação política em local não identificado. Em uma espécie de manifesto publicado na internet, o grupo comandado por Sara Winter fala em "revolução não violenta" e "táticas de guerra de informação".

A linguagem usada na convocação da militância é preocupante. Em um trecho, eles fazem o seguinte apelo: "Lembre-se, você NÃO É MAIS UM MILITANTE, VOCÊ É UM MILITAR, um militar com uma farda verde e amarela, pronto para dar a vida pela sua nação". Neste caso, mesmo com a dissimulação de não-violência, existe de fato uma semelhança o fascismo.

Movimentos como este formado por Sara Winter costumam ter em seu início uma aparência patética. Geralmente caem na gozação, mas existem terríveis acontecimentos históricos que servem como alerta de que a sociedade civil tem que levar a sério este tipo de movimento, que com o tempo pode crescer e adquirir maior poder de conturbação política, servindo de suporte para planos autoritários. Com o projeto de ditador que é Jair Bolsonaro, cabe ter todo cuidado.

E como a própria comandante de mais essa provocação pública bolsonarista já postou no Twitter a dica sobre a origem da ideia, convém ter ainda mais atenção ao despropósito. O sujeito que pediu a ela “pra fazer tudo isso” não costuma ter plano algum favorecendo a democracia. Se a proposta vem do “prof. Olavo”, como ela diz, então coisa boa pro Brasil é que não é.
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POR‌ ‌José‌ ‌Pires‌

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