sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Paulo Guedes: de Posto Ipiranga a ministro tutelado com mão pesada

O ministro Paulo Guedes sofreu uma humilhação pública na quinta-feira e piorou o vexame com uma explicação muito idiota sobre o acontecimento, dada nesta sexta-feira. Ontem, Guedes falava à imprensa sobre o fim do auxílio emergencial, quando foi retirado bruscamente pelo general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, e pelo deputado Ricardo Barros.

 

Nunca se viu algo parecido em nenhum outro governo, o que demonstra a condição aviltante de Guedes no governo de Jair Bolsonaro. O ministro ainda tentou fazer uma piada besta enquanto era conduzido pelo braço para fora da coletiva, mas não tem jeito. Foi uma cena constrangedora de dar vergonha alheia.

 

Nesta sexta-feira, Guedes tentou novamente fazer piada com o episódio. “Estavam me protegendo das perguntas de vocês”, ele disse sobre a forma grotesca de Ramos e Barros o conduzirem para fora da coletiva. Bem, a própria situação criada mostra que o ministro aceita o que foi sem dúvida nenhuma uma afronta à sua dignidade pessoal. Atitude como a de seus dois colegas só é possível quando estão abertos os espaços para a falta de respeito.

 

Ora, mas se Guedes resolveu acatar o papel de alguém que precisa ser tutelado — e ainda mais por Ramos e Barros — o problema é dele. O ministro deve ter feito uma avaliação de custo e benefício, que o leva a aceitar ser tratado em público como um incapaz. Um sujeito que passou a vida na especulação financeira deve saber fazer esse cálculo de cabeça. No entanto, como é que fica o Brasil no meio dessa grotesca situação?

 

Nem é uma questão de apoiar ou ser da oposição a este governo. Simplesmente não é possível compreender onde se quer chegar transformando em uma figura desprezível aquele que era apontado pelo próprio presidente Bolsonaro como componente de primeira linha na sua administração, o tal "Posto Ipiranga", que convenhamos, recebeu um tratamento de boteco da mais baixa categoria. O que será que acha disso aquele tal de "mercado", de que tanto falam?

 

Com investimentos estrangeiros em fuga acelerada do país e a previsão de um déficit colossal nas contas públicas, o que o país precisa é de alguém com todo respaldo político na condução da economia. Esta pessoa nem precisa ser um gênio da área, mas tem que ter pelo menos a confiança do governo de que é capaz de responder à umas perguntas da imprensa sem que seja necessário ser retirado praticamente à força para longe dos jornalistas.

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POR‌ ‌José‌ ‌Pires‌


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