quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Eleição manda o negacionista Bolsonaro para o isolamento

Jair Bolsonaro vem vivendo nesta eleição seu papel tradicional de “espalha-rodinhas”, o insuportável sujeito que nem os colegas queriam ter por perto quando ele era do baixo-clero na Câmara. Na disputa do segundo-turno candidatos rejeitam o apoio do presidente. O negacionista foi colocado em isolamento compulsório.

Nas campanhas, a determinação é de evitar ao máximo a contaminação altamente perigosa da sua presença. No primeiro turno vários candidatos foram aniquilados por causa da ligação com ele. O exemplo mais marcante é o de Celso Russomanno, mas existe uma ampla lista de vítimas: de 13 candidatos citados por ele em suas incríveis lives no Palácio Alvorada, nove não se elegeram.

É interessante o caso da candidata Delegada Patrícia, para quem Bolsonaro fez questão de telefonar para oferecer seu apoio. A ingênua aceitou. Até então favorita para a prefeitura de Recife, assim que Bolsonaro grudou na candidata ela despencou nas pesquisas e acabou em terceiro lugar, muito atrás dos que foram para o segundo turno.

Muitos candidatos pelo país afora acabaram sendo derrubados por causa da aproximação, digamos, de ideias com Bolsonaro, mesmo sem receber o apoio direto do azarento. Acompanhei de perto um caso que não saiu na imprensa nacional, na desastrosa campanha da candidata à prefeitura de Maringá, no Paraná, apadrinhada pelo deputado neobolsonarista Ricardo Barros, líder do governo e homem de Bolsonaro no notório Centrão.

Barros lançou pelo PP a candidata Coronel Audilene (PP) — outra “coronel”, eles acham o máximo qualificação como militar ou policial em propaganda política. Sua candidatura parece ter tido um planejamento de longo prazo. Primeiro a candidata foi comandante da PM no Paraná, nomeada em 2018 por Cida Borgheti, mulher de Barros que assumiu o governo do estado depois do titular Beto Richa sair para disputar o Senado.

O campanha da coronel do deputado Barros foi tipicamente bolsonarista. E para quem acredita que o líder do governo é um grande articulador, informo que foi um desastre do começo ao fim, desde a nomeação dois anos antes para o comando da PM paranaense até o eleitor depositar seu voto na urna. Coronel Audilene ficou com apenas 9,60% dos votos, em terceiro lugar, muito atrás de Ulisses Maia (PSD), que se reelegeu no primeiro turno.

Este é apenas um resumo do percurso de Bolsonaro nesta eleição, que em alguns lugares terá um segundo turno com poucos sobreviventes da ligação com o pé-frio. É natural que queiram ficar afastados do perigo da contaminação pela sua péssima imagem. É desse jeito que Bolsonaro se encaminha para a eleição presidencial, claro que se conseguir chegar até 2022. De qualquer modo, até lá dificilmente ele sairá do isolamento

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POR‌ ‌José‌ ‌Pires


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