Uma das piores formas de vergonha alheia é a gente sentir isso pelo nosso país, o que já vinha acontecendo pesadamente nos últimos anos e já sabemos que não vai parar. Já é possível perceber que na eleição presidencial os eleitores apenas substituíram um imbecil por outro imbecil, com a diferença apenas de ideologia entre um energúmeno e outro.
O vexame é mundial, com a catastrófica destruição de uma qualidade importante que o Brasil possuía nas relações internacionais, a neutralidade construída durante décadas e que dava ao nosso país a possibilidade de agir politicamente em conflitos e crises, sem complicar a nossa situação com outros países.
Era inclusive uma forma de se meter em guerras sem ter que mandar nossos jovens para morrer em alguma delas. Os brasileiros que se acautelem, livrando-se de figuras como Lula ou mesmo Bolsonaro, pois o estilo político de espertalhões desse tipo pode levar a complicações que costumam saltar da retórica para banhos de sangue.
Essa ideia do Brasil como um país neutro acabou nesta viagem do presidente para a China, com o amontoado de asneiras ditas pelo petista, que levaram a um desgaste para a imagem brasileira como nunca houve antes em nossa história. Nem na ditadura militar se viu o Brasil ser posicionado internacionalmente de maneira tão errada e irresponsável, como fez Lula numa crise da importância da guerra da Rússia de Vladimir Putin contra a Ucrânia de Volodymyr Zelensky.
Estamos feitos com alguém assim como mensageiro da paz. O sujeito foi para a China, onde fez elogios ao autocrata Xi Jinping como intermediário da pacificação e colocou a belicosa Rússia no mesmo plano da Ucrânia, que tem seu território invadido e seu povo massacrado por bombardeios diários. E para o plano de paz ficar perfeito, ainda fez acusações aos Estados Unidos, à Comunidade Européia e à Otan. Na revisão lulista do direito internacional, o culpado é quem ajuda um país a se defender da agressão externa e restaurar sua soberania.
Já sei que alguns logo vão apontar a desastrosa condução das relações exteriores no governo de Jair Bolsonaro, num período em que o Brasil virou um estado pária. No entanto, o que temos agora de diferente é que o estado pária é de esquerda. Por sinal, ainda no início desta crise, o governo bolsonarista tinha a mesma posição do governo petista. Ambos como sabujos de Putin — ou “escova-botas”, expressão perfeita neste caso. A diferença é que, sobre este assunto, nem Bolsonaro foi capaz de falar tantas asneiras como Lula.
Numa agenda oficial de apenas quatro dias, Lula conseguiu se indispor com a Comunidade Européia e os Estados Unidos, com a Otan no meio. Seu governo foi para as manchetes da imprensa internacional com um estilo retórico de caudilho latino-americano. O plano de Lula era reposicionar internacionalmente o Brasil e especialmente seu governo, para criar um contraste com a péssima imagem deixada por Bolsonaro. Porém, boquirroto como sempre, acabou comprando brigas desnecessárias, revelando mais do que devia.
Lula parece que não está satisfeito apenas em revisar a seu gosto teorias econômicas que, na sua opinião, estão totalmente ultrapassadas. Dia atrás, este gênio teórico disse que “livros de economia estão superados”. Na realidade, foi sua implicância com o teto de gastos que levou o chefão do PT a esse desabafo com a patética pretensão de quem não sabe do que está falando. Então, confundido com os aplausos às suas platitudes e palavras vazias quando fala para plateias de olho na caneta que libera cargos e verbas do governo, ele atravessa o limite entre a demagogia e o conhecimento acadêmico.
Sua opinião sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia parece conter essa mesma sanha de revisar teorias e estabelecer novos parâmetros para o conhecimento, agora dando um retoque no direito internacional. Lula avalia um conflito colocando um governo que tem seu território invadido no mesmo nível de responsabilidade do invasor.
Mas cabe apontar, neste caso, como ocorre com as entortadas que pretende dar na economia (sendo ele próprio seu “Posto Ipiranga” — Haddad é o frentista), que não se pode lamentar que ele não tenha avisado que em relações externas haveria apenas a troca de um imbecil pelo outro.
Ainda no ano passado, em maio, Lula já colocava a culpa em Zelensky por ter seu país invadido pelas tropas de Vladimir Putin. Quase seis meses antes da eleição, em entrevista à revista Time, eram essas suas palavras: “Ele (Zelensky) quis a guerra. Se ele não quisesse a guerra, teria negociado um pouco mais”.
A invasão russa já havia ocorrido quando ele despejava asneiras na Time. O mundo inteiro já assistia com horror a mortandade causada pelos russos. Mas seria tolice esperar opiniões sensatas sobre mais uma guerra criminosa de Putin, ou que fosse ao menos esperar compaixão, de um político que quando era presidente do Brasil ia para Cuba beijar a mão do ditador Fidel Castro, sem se preocupar com gente que morria em greve de fome nos cárceres cubanos.
Este é o verdadeiro Lula. Um histórico parceiro seu já havia alertado: ele não tem caráter. E a única surpresa é que esteja abrindo seu coração sujo, pois até então ele fingia no exterior que era um estadista. Alguns até poderão dizer que isso pode ser um "problema de parafuso", conforme sua própria fala estapafúrdia desta quarta-feira, quando se referiu desse jeito à pessoas com transtorno mental, incluindo milhões que sofrem de depressão — causada em grande parte, por sinal, por obra da destruição moral, política e econômica promovida pelos governos petistas.
Citando dados da Organização Mundial da Saúde sobre o tema, Lula declarou: “Temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso, pode uma hora acontecer uma desgraça”. Será que este gênio das teorias pretende revolucionar também esta área do conhecimento humano? Esperemos: pode uma hora acontecer mais esta desgraça.
Mas a suspeita de “problema de parafuso” é apenas pelo inoportuno das palavras, que ele percorre, atropelando suas próprias pautas em temas dos mais variados, com estragos que estão preocupando inclusive seus aliados mais próximos. Não é pelo conteúdo. A expressão verbal surpreende, mas o que temos é nada mais, nada menos, que a revelação bruta de um método que antes costumava ser acobertado com relativa eficiência. Lula sempre torceu pelos piores, não só por aqui, em nossa terra, como também no estrangeiro. Tampouco esteve algum dia verdadeiramente ao lado da democracia ocidental, pois sabe que mesmo com todos seus defeitos, este é um sistema que, se bem aplicado, não favorece a políticos do seu feitio.
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Por José Pires
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