quarta-feira, 5 de julho de 2023

Lula e o PT na linha do tempo de ditadores dos quais eles não podem se desligar

E lá vai o Lula causar mais encrencas para o Brasil no exterior. Isso já serve como jargão para o presidente esquerdista que piorou a imagem do Brasil, em vez de consertar o estrago que foi a política externa de Jair Bolsonaro, manchando a imagem brasileira no exterior e tornando nosso país um pária. Em seis meses, Lula mudou apenas a forma ideológica do vexame: o Brasil, que era um pária à direita, agora é um pária à esquerda.


Nesse início de governo, Lula revelou sem nenhum pudor seu apreço aos piores ditadores atuais, a começar por Vladimir Putin, criminoso nuclear e agressor da Ucrânia. O petista também trouxe de volta afetos políticos antigos, recolocando na ordem do dia de seu governo ditadores como Nicolás Maduro e Daniel Ortega. É uma pauta até macabra, trazendo o fantasma bolivariano de Hugo Chávez e o espectro comunista de Fidel Castro, que dá ao Brasil a fama mundial de aliado de agressores da democracia e de inimigos do Ocidente. Além de parceiro, mesmo em negociações financeiras, de governos incompetentes e corruptos.


Nesta terça-feira, o presidente brasileiro assumiu a presidência do Mercosul. No encontro que reuniu os presidentes dos quatro países membros-plenos, ele foi o único a deixar de falar sobre a grave sanção política sofrida pela venezuelana María Corina Machado, inabilitada na semana passada para concorrer à presidência da Venezuela, justamente porque era a candidata com o maior potencial competitivo para tirar Maduro do poder pelas urnas.


A perseguição à candidata oposicionista não deixou de ser comentada nem pelo presidente da Argentina, o peronista Alberto Fernández, que disse que a questão tem que ser “considerada” pelo bloco de países. O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, disse que considera o ocorrido “uma violação dos direitos do povo venezuelano”. E o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, que em todos os encontros do Mercosul vem demonstrando claramente sua divergência com Lula quanto ao respeito à democracia, foi firme na condenação ao regime de Maduro.


“Está claro que a Venezuela não vai sair para uma democracia saudável. Quando há um indício de possibilidade de uma eleição, uma candidata como María Corina Machado, que tem um enorme potencial, é desqualificada por motivos políticos, e não jurídicos”, disse o presidente uruguaio.


Já o presidente Lula apelou para a relativização hipócrita que costuma usar quando está em jogo o interesse político de seus amigos ditadores. O petista chegou a apontar “defeitos” na oposição venezuelana. Referindo-se à inabilitação de María Corina Machado, ele defendeu Maduro, dizendo o seguinte: “O que não pode é a gente isolar (a ditadura) e levar em conta que os defeitos estão apenas de um lado. Os defeitos são múltiplos”.


Quanto à pressão política sobre a candidata da oposição venezuelana, Lula foi cínico, como sempre. Ele alegou desconhecer “os pormenores do problema de uma candidata na Venezuela”. Bem, como se costuma dizer hoje em dia, para se informar sobre mais este golpe da ditadura chavista, basta “dar um google”. Aliás, mesmo em questões mais complexas, como é o caso da agressão russa à Ucrânia, Lula poderia se informar também pela internet. Mas é claro que é preciso dar-se ao trabalho de ler bastante e estudar o caso com atenção, coisas que ele já confessou que não gosta de fazer.


Na pressão da ditadura venezuelana sobre a oposição, Lula relativizou outra vez a relação entre agressor e agredido, repetindo o que fez com a Ucrânia. Ele apelou novamente para avaliações ambíguas que falseiam a realidade. O presidente afirmou que é necessário falar dos “defeitos” dos dois lados, da oposição e do ditador. Essa conversa é antiga. Foi com hipocrisia parecida que, em entrevista ao jornal espanhol El País, ainda como candidato, ele defendeu Daniel Ortega, da Nicarágua, fazendo um paralelo absurdo entre o longo tempo do ditador nicaraguense no poder e permanência de Angela Merkel como chanceler da Alemanha, de 2005 até 2021.


Na época, Ortega matava manifestantes a tiros nas ruas, um massacre da oposição que já havia acontecido também na Venezuela. Ora, Angela Merkel já não é mais chanceler, enquanto Ortega segue prendendo, torturando e matando nicaraguenses para se manter no poder. Maduro idem, com seu povo. É muito suspeita essa repetida defesa que Lula faz de regimes ditatoriais, como já fez com ditadores perversos da África, até mesmo com criminosos cruéis, que durante seus dois primeiros mandatos. Ele chegava a se dirigir a homicidas perversos como “amigo e irmão”, como era sua relação com Muammar Kadafi, da Líbia, ou Fidel Castro, de Cuba.


Tamanho apreço de Lula com figuras que nem é preciso esperar para que a história revele como governantes asquerosos parece vir de compromissos históricos que podem ressurgir como cobranças perigosas, o que pode ser a razão do extremo zelo dele e de seu partido com figuras que hoje em dia são até estorvos políticos muito sérios, em um mundo bastante preocupado com danos na democracia ocidental. Lula nunca teve nenhum pudor em largar na estrada parceiros que já não são do seu interesse, mas é perceptível sua dificuldade de largar antigos companheiros, parcerias históricas que são mantidas firmes, como uma obrigação política e até mesmo pessoal, da qual é impossível desligar-se.

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Por José Pires

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