quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Israel cortando a organização terrorista Hamas pela raiz

Uma forma eficiente de ganhar um debate é igualar situações que são completamente diferentes. Com os ataques terroristas do Hamas em Israel, essa forma de argumentar espalhou-se pela internet, vinda da parte de esquerdistas com uma desconfiável relação política com o Hamas e o hábito de passar pano para a violência deste grupo de bandidos e de outras organizações armadas.


No caso, essa fórmula simples de comparação sempre aparece no debate, na advertência de sempre, condenando à violência contra a população civil. Na tentativa de anular a previsível reação depois dos bandidos ideológicos terem barbarizado, o militante vem com a conversa sobre a população civil.


O recurso chega a parecer idiota, afinal quem pode ser favorável ao ataque à civis inocentes? E parece que o bico entortou irremediavelmente depois de tanto uso. Essa conversa voltou, mesmo a reação do governo de Israel ocorrendo exatamente porque os terroristas do Hamas massacraram civis inocentes.


Parece fácil escapar dessa armadilha política, mas não se engane. Em uma discussão equilibrada, com exigência de fundamentação de qualidade e sustentada pela lógica, essa conversa fiada é facilmente derrubada. Mas o debate é de massa, com sustentação de militância treinada, pronta para fazer acusações falsas, cancelar as pessoas e até apelar para processos judiciais.


Esse pessoal tem apoio partidário, além do abraço psicológico do espírito de grupo. Muitos contam com sustentação financeira, por meio de cargos nomeados de longos anos. Fazem só isso na vida. São profissionais da destruição de reputações e da elevação até mística de certas ideologias e idolatrias pessoais.


A observação do “repúdio a atos de violência contra a população civil” coloca de imediato a militância numa condição virtuosa e mantém em segundo plano (ou até sem nenhuma menção) os autores da violência que detonou o embate. 


Essa argumentação hipócrita também exige que, no debate, o adversário fique explicando o óbvio. Como eu já disse, quem é que pode ser favorável ao ataque a civis inocentes? E onde existe alguém que não concorda que os palestinos têm o direito a um lugar para viver dignamente?


Mesmo assim, o assunto pode ser desviado para o sofrimento do “povo palestino”. O tema pode consumir horas de debate, sem que fique claro que além de Gaza os palestinos habitam outro território, a Cisjordânia governada pela Autoridade Palestina, que é rival do Hamas. Na Cisjordânia vivem cerca de três milhões de palestinos, Gaza tem cerca de dois milhões. Em Israel vivem aproximadamente 1,9 milhão. E claro que outros países do mundo também acolhem palestinos. 


Portanto, o Hamas não representa os palestinos. Pela força, o grupo terrorista se impõe aos palestinos de Gaza, onde hoje em dia existe uma ditadura religiosa islâmica. O Hamas manda até mesmo no comércio local, com o controle sobre empregos, fornecedores e toda a estrutura econômica. Ninguém faz nada sem a aceitação do grupo terrorista, que nem é preciso dizer como se relaciona com a oposição. Neste sábado que deu para sentir do que o Hamas é capaz. Não existe a necessidade de explicar o que faz em casa um grupo terrorista que pratica as atrocidades vistas em Israel.


Pela via democrática os palestinos certamente não escolheriam um governo do Hamas, até porque fora da área de poder desses terroristas as mulheres exercem hoje em dia um papel destacado entre os palestinos, expandindo a liberdade no ambiente familiar e no trabalho. Este ponto essencial da liberdade feminina vai de encontro à doutrina fundamentalista do Hamas. Os terroristas são linha dura com o mulherio, o que deixa muito mal as feministas brasileiras de esquerda, que ficam caladinhas, aumentando o silêncio esquerdista por aqui.


Voltemos, no entanto “à violência contra a população civil”. A frase é desonesta, porque induz a avaliar danos colaterais como ação planejada. O Hamas atua taticamente de uma forma que não deixa espaço algum para a defesa da população civil. Os terroristas sequestraram civis neste sábado em Israel e com certeza muitos reféns foram colocados em alvos militares em Gaza. Não duvido que mais à frente apareçam denúncias de mortes causadas por bombardeios de Israel.


Para evitar a morte de civis, o governo de Israel teria de abdicar da reação militar aos massacres praticados no seu território. O Hamas sabe que isso é impossível, pois planejou com rigor para que tenha que ocorrer a reação. A invasão do grupo terrorista a Israel foi seguida de assassinatos violentos, mataram e sequestraram centenas de pessoas, exatamente para atiçar no inimigo a necessidade da reação.


Na imagem, veja como ficou o quarto de uma criança em um kibutz, depois da passagem do Hamas, organização armada que umas figuras têm dificuldade de chamar de terrorista. A foto é das Forças Armadas de Israel.


O grupo terrorista mantém também um método militar de usar a população civil como escudo humano. Instalações militares e escritórios políticos são dispostos estrategicamente entre casas e edifícios com moradores, ao lado de ambientes comerciais e de indústrias. Qualquer alvo militar do Hamas está cercado de população civil. As mortes fazem parte do planejamento posterior da propaganda política.


Nas operações militares esta semana, o governo israelense vem avisando antecipadamente sobre os locais bombardeados. É uma chance dos civis saírem de perto do alvo. Mas aqui cabe uma questão em que a esquerda não toca: a população civil deveria sair da proximidade dos locais ocupados pelo Hamas ou em respeito ao povo o Hamas deveria ter instalações longe de lugares habitados por civis? Não há muito que discutir. É dessa forma, mantendo os civis longe de riscos, que um exército, regular ou não, age em relação à população de seus países. 


O Hamas faz o contrário, com o objetivo de usar politicamente o sofrimento de civis no caso de uma reação aos seus crimes terroristas. O setor de propaganda deve babar de prazer quando uma bomba dirigida a um dirigente do Hamas atinge também as famílias que vivem próximas aos chefes do terror.


Qual é a razão, então, dessa dificuldade da esquerda classificar como terrorista o Hamas? Ora, os motivos estão dispostos bem acima desses terroristas. São compromissos anteriores, com figuras de poderes maiores, entre os quais o Irã, que traz inclusive a suspeita de dívidas, políticas ou talvez até financeiras, que deixam o credor com o controle da, digamos, amizade.


Existe também a férrea criação de um inimigo político de décadas, apontado como um ente demoníaco: o capitalismo, que na visão da esquerda concentra os males da civilização. Aqui cabe apontar de novo o bico deformado pelo cachimbo totalitário, afinal a ladainha permanece, mesmo após tantas mudanças geopolíticas e mesmo tecnológicas, especialmente nos últimos anos. 


Os massacres em Israel explodiram como uma impactante surpresa em meio a tanto delírio ideológico. Por óbvio, até o atual governo beligerante de Israel foi pego de calça curta. Na minha visão, houve um grave erro de cálculo  na ação do Hamas. A vitimização hipócrita de que falei acima pode até ter um forte efeito na opinião pública internacional quando os terroristas se abrigam atrás da população civil depois do ataque a objetivos militares.


Não foi o que aconteceu neste sábado. O horror vivido por inocentes nas mãos do Hamas foi de uma crueldade impressionante, além de que foi possível assistir em todo mundo, quase na mesma hora, muitos desses massacres. Isso lançou a tática de vitimismo do Hamas  para o passado. Creio que já deixei claro que é natural como sentimento humano a contraposição ao sofrimento de civis inocentes. Não sei se houve um desacerto dos terroristas com o efeito atual da tecnologia ou se foram cegados pelo fanatismo.


O efeito do horror, no entanto, teve como consequência a aceitação da inevitabilidade do dano colateral do sofrimento da população civil, que o Hamas torna impossível de evitar ao posicionar inocentes estrategicamente para serem aniquilados. A violência dos bandos de terroristas em Israel foi desmedida até para os padrões da crueldade fundamentalista, no método e na quantidade. Tanto é assim, que compara-se este 7 de setembro em Israel com o 11 de setembro nos Estados Unidos.


O erro de cálculo do terror parece ter trazido a aceitação da necessidade de uma reação com rigor contra os autores da desumanidade da invasão e dos massacres em Israel. A eliminação de toda a base de sustentação do Hamas acaba sendo vista como necessidade absoluta, uma solução prática para que não se efetive o plano da manutenção indefinidamente do clima de terror, prolongando no tempo as décadas perdidas até agora com tanta violência. 


O ataque rigoroso ao Hamas pode também ser uma lição prévia, servindo como um alerta a poderes muito acima do grupo terrorista, que de outro modo, com a impunidade imperando, poderiam ceder à tentação de agir em outros lugares, em crueldade e proporções militares muito  maiores ao que esses bandidos fizeram em Israel.

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Por José Pires

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