Logo que o mundo assistiu estarrecido aos massacres do grupo terrorista Hamas, no 7 de outubro em Israel, falei aqui que se abriam alçapões, parecidos com os de túneis que escondem terroristas em Gaza, revelando absurdas manifestações de apoio aos bandidos que atacaram inocentes, matando, estuprando e praticando as mais cruéis violências contra crianças e mulheres, famílias inteiras sendo obrigadas a assistir cenas de horror, expondo crianças ao sofrimento causado a seus pais, raptando pessoas com a maior violência e estuprando, espancando e matando com tiros de fuzis dados pelas costas de jovens que fugiam com desespero da invasão traiçoeira do território israelense num sábado religioso.
Dois meses depois da invasão, completados nesta quinta-feira, o cenário é de devastação moral no campo da esquerda. Os terroristas islâmicos que derrubaram cercas de proteção e desceram de parapentes para matar e fazer sofrer pessoas inocentes acabaram fazendo um estrago pesado entre partidos de esquerda, intelectuais e jornalistas, feministas, acadêmicos, ativistas políticos e até mesmo lideranças de universidades de prestígio.
Com o avanço do contra-ataque das Forças de Defesa de Israel aos terroristas Hamas, muita coisa foi surgindo dos túneis em que os terroristas se escondem e nas suas bases de apoio, camufladas em Hospitais, escolas e outros lugares. Nas investigações da inteligência israelense, com materiais que eram do Hamas, além do interrogatórios de terroristas presos, é provável que surjam revelações que vão desmoralizar ainda mais quem até agora vem procurando criminalizar Israel e amenizar os crime do Hamas, tratado hipocritamente como representante dos palestinos.
A intensidade da adesão de progressistas a meros assassinos dominados pelo fanatismo islâmico agressivo e da mais baixa desumanidade surpreendeu até mesmo pessoas com anos de atividades no campo da esquerda. Mulheres que dedicaram suas vidas pela liberdade feminina também foram pegas de surpresa com o apoio do feminismo organizado, ainda que indireto, a assassinos que humilharam mulheres, estupraram, mataram e vilipendiaram cadáveres.
Foi com espanto que se viu também a quantidade de jovens sendo usados por lobbies islâmicos e mesmo terroristas em grande cidade da Europa. Nesta situação, claro que se pode ter à vista o resultado do aparelhamento permitido pela prevaricação de liberais quanto ao amolecimento mental de ideias precárias esquerdistas e da estratégia de islamitas em relação ao Ocidente. Estivemos tanto tempo falando das dificuldades que poderiam ser criadas pela forma que estava sendo tocada a educação em vários países do mundo. Pois aí estão as consequências, nessas cabeças ocas.
É a praga progressista, que favorece o anacronismo e o atraso político. No modo piada, de humor negro, aí estão jovens homossexuais em manifestações que favorecem matadores de gays. Na mesma militância suicida, ainda de cabelos soltos, protegidas pela “democracia burguesa”, jovens mulheres se expõem favoravelmente aos que defendem um sistema religioso que abole a liberdade das mulheres.
A pose dos ungidos pela virtude é sempre um risco. Precisam ser defendidos dos seus anseios equivocados. Alimentam o próprio fascismo enquanto gritam a palavra “fascista”. Sobre esse xingamento usado agora – o outro é o de “genocida”, que também serve pra tudo – até mesmo contra adversários que eles sabem que têm um nítido espírito democrata, cabe rir dos que são inocentes úteis. No entanto, são desprezíveis os que sabem que se hoje em dia existe algo realmente fascista é o fascismo islâmico, que tem o Hamas como servo atuante, com a chefia – e financiamento – com os aiatolás do Irã.
Uma consequência da confusão desse embaralhamento político planejado é que a direita vai crescendo eleitoralmente. Parece ser um paradoxo, mas é de fato um objetivo das ações terroristas, que têm como alvo a desmoralização do conceito de democracia. Este sucesso está no avanço da direita, inclusive com um forte crescimento dos extremistas, na Europa e nos Estados Unidos. É evidente a relação com a rejeição dos eleitores ao politicamente correto, ao identitarismo e à imigração descontrolada. O terror vem dar uma mãozinha.
O identitarismo e o politicamente correto abole o pensamento crítico e incute naturalmente nos mais jovens uma empatia com ideias ou atitudes pretensamente contrárias ao status quo. O clima de falsa inspiração idealista favorece a aceitação da violência e mesmo da crueldade, que movimentos organizados sabem muito bem mascarar como meras ferramentas de luta pela igualdade e contra opressões das mais variadas.
Os mais jovens são especialmente fragilizados perante manipulações políticas de movimentos que trabalham com a ansiedade natural da idade. Sempre foi assim, em ações políticas da direita ou da esquerda. Na atualidade, psicologicamente essa manipulação ganhou impulso com a facilidade proporcionada pela internet no acesso às mentes. Até mesmo um fator psicológico grave dessa moderna tecnologia, na doentia ansiedade, reforça o domínio mental, ativando ainda mais o desassossego natural dos mais jovens.
Houve quem se escandalizasse com o avanço do conhecido relativismo da esquerda, desta vez abafando até o massacre dos jovens no festival de música na região em que os terroristas islâmicos arrebentaram cercas e chegaram de parapentes. Bem, aí é desconhecer ou talvez nem querer lembrar do histórico da esquerda nas passadas de pano em décadas de crimes terríveis contra a humanidade ou mesmo contra eles próprios, como em Cuba, na China ou no início do terror comunista, nos processos mortais na antiga União Soviética.
E quanto à condescendência ao terror islâmico, a esquerda amarga já amargava a vergonha de ter recebido a derrubada das Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, como um justo levante histórico do Oriente Médio. É uma conversa parecida a esta de agora, quando tratam o terror do Hamas como parte de reivindicações justas dos palestinos. É uma forma de esconder no trololó ideológico a absoluta conivência com o crime.
Para situar melhor essa hipocrisia esquerdista vale lembrar dos argumentos de um ídolo da esquerda, o linguista americano Noam Chomsky, na época do ataque terrorista da Al Qaeda de Bin Laden em território americano. O velho Chomsky produziu uma vasta obra de passadas de pano para criminosos. Ele tem livros inteiros dedicados à complacência criminosa com ações violentas e de intimidação. Na derrubada das Torres Gêmeas – o 11 de setembro americano – o linguista não se indignou com o ataque terrorista islâmico ao seu próprio país.
Chomsky se valeu do uso de falsas equivalências para justificar, em comparações históricas sem sentido, o crime pavoroso de Bin Laden. Mas não foi só com Bin Laden o passapanismo de Chomsky. Ele afirmava que eram mentirosas as denúncias de crimes de Pol Pot e chamava os bandos de criminosos do Khmer Vermelho de “revolucionários cambojanos”.
A relação do pensamento esquerdista com o terror islâmico, por sinal, vem de antes da Al Qaeda de Bin Laden. Os autocratas islâmicos são ardilosos. São parecidos com os autocratas comunistas, que se arranjam bem com certos adversários, até o momento adequado de matá-los. É bom sempre lembrar que no exílio na França, o aiatolá Khomeini Ruhollah tinha a maior deferência da parte da esquerda francesa, sendo tratado como sábio por intelectuais e jornalistas. Ainda fora do poder, o aiatolá adornava sua retórica com teorias de Jean-Paul Sartre e Frantz Fanon, um ídolo da velha esquerda com seu maoismo asqueroso e este outro, Fanon, um ídolo atual dos identitários.
Seguindo a velha mania de ocidentais, da reverência quase mística a qualquer um que tenha algo enrolado na cabeça ou tenha um pano laranja em volta do corpo, Khomeini foi tratado como um sábio de alta espiritualidade, destinado a reformar democraticamente seu país. Foi a mesma coisa que pensou a esquerda do Irã, quando o aiatolá voltou ao país em fevereiro de 1979, com a queda do Xá. Até a militância do Partido Comunista iraniano animou-se com o religioso redentor. Mas a alegria foi fugaz: em poucos dias o regime comandado por Khomeini já estava prendendo, torturando e matando todo mundo.
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Por José Pires
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