sexta-feira, 23 de maio de 2008

O coração das trevas

O horror, o horror. A trágica ficção de Joseph Conrad ainda é realidade na África. Esse tipo de coisa não é novidade por lá. A crença em poderes mágicos e feitiçarias já foi motivo de muitos assassinatos em massa na África. No Quênia também não é a primeira vez que matam pessoas desse modo, com acusações absurdas de bruxaria.

Quando Conrad escreveu O Coração das Trevas a África ainda era um continente misterioso, pouquíssimas informações vinham de lá. Agora sabemos de tudo bem rápido: no mesmo dia em que as pessoas foram queimadas vivas a notícia já caía nos correios eletrônicos de todo mundo. Um mundo medieval por meio da tecnologia moderna.

No romance, Conrad narra a queda moral de um europeu, Kurtz e seu enlouquecido poder sobre nativos do então Congo Belga. Kurtz implanta o terror em seus domínios. O livro é maravilhoso, uma queda no pior dos abismos humanos; e aqui vale o clichê. A grande obra de Conrad inspirou T. S. Eliot a escrever “A Terra Devastada”, poema que ficará para sempre como um dos mais grandiosos da história da literatura − ou pelo menos enquanto o espírito de Kurtz, imanente na espécie humana, permanecer em relativo controle.
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POR José Pires

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