O setor de transportes públicos urbanos é um sério problema brasileiro. Tanto pelo que não faz, que é oferecer transporte de qualidade para o cidadão, quanto pelo que faz, que é corroer a ética na política brasileira. É um nó − e dos nós mais cegos − bem difícil de desatar, que trava a economia das nossas cidades e inferniza o cotidiano dos brasileiros. O transporte público é um atrapalho de tamanho descomunal em cidades grandes como São Paulo e até nos menores municípios: raramente está nas mãos de empresários competentes e, por isso mesmo, funciona mal e acaba sendo um serviço sempre caro, seja no bolso do cidadão ou na conta dos subsídios públicos que, no final, vai sempre para a conta do contribuinte. Além disso, é determinante, em boa parte das nossas cidades, nos desvios éticos que destroem as administrações públicas.
Quem não sabe de alguma treta em que aparece o transporte público urbano? Tem de tudo. Propina para vereadores ou para o prefeito. Pressões e compra da imprensa. E também muita briga entre os concessionários deste rico filão. Quando apenas a corrupção não resolve, muitas vezes os contratos de concessão são disputados com o uso de ameaças física e até a tiros, inclusive nas capitais.
Um exemplo: na trama que envolve o assassinato do prefeito petista Celso Daniel, de Santo André, morto em janeiro de 2002, também o setor dos transportes públicos está presente, por meio de extorsão e contratos superfaturados que financiavam campanhas eleitorais do PT.
Conforme o livro “A Esperança Estilhaçada”, excelente relato do jornalista Augusto Nunes sobre a queda ética do partido de Lula, o esquema de Santo André era monitorado por “secretários municipais e empresários da área de transportes”. Segundo a denúncia, o dinheiro era destinado para campanhas eleitorais do PT. A morte de Daniel teria acontecido em razão de discordância sobre o destino do dinheiro arrecadado nestes crimes, que alguns estavam botando no próprio bolso, fato que teria desagradado o prefeito assassinado.
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POR José Pires
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