quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Parece coisa de Máfia

O setor dos transportes públicos urbanos, portanto, é onde ficam que atravancadas e totalmente imobilizadas muitas boas intenções éticas de cada prefeito que entra.

Pela interação com a política, no entanto, o setor cria empresários poderosos. Nenê Constantino é um deles. O empresário fez fortuna no setor de transportes públicos urbanos e é também fundador da Gol Linhas Aéreas. Recentemente, inclusive, no auge da crise da aviação civil, o presidente Lula pediu para ele comprar a falida Varig. Constantino atendeu o pedido e incorporou o que sobrou da extinta empresa à sua empresa aérea.

Nesta semana, Constantino foi indiciado pela polícia de Brasília como acusado de contratar pistoleiros para matar o líder de uma invasão de um seus terrenos na capital brasileira.
Evidentemente, o empresário nega tudo, mas a polícia garante ter provas robustas. Vejam o que diz a delegada Mabel Faria em uma esclarecedora reportagem da revista Veja sobre o caso: "A investigação mostra que Nenê Constantino é o mandante. Os depoimentos colhidos são muito contundentes e existem provas conclusivas contra ele".

Márcio Leonardo de Souza, o homem assassinado com 27 anos, liderava mais de 100 pessoas que moravam no terreno onde funcionava a garagem da antiga Viação Pioneira, de Constantino, em Taguatinga. Todos haviam comprado os lotes de outro ex-empregado do grupo Planeta, empresa de Constantino, dono do maior número de ônibus urbanos da capital federal. O empregado teria sido autorizado por ele a morar de favor no prédio construído no terreno.
A narrativa do dia da morte da morte de Souza parece coisa da Máfia italiana. Ele foi procurado por um homem identificado no inquérito como funcionário de Constantino, que pediu que ele esperasse em casa, enquanto o empresário se reunia com assessores para discutir uma nova proposta. Por volta da meia-noite, Souza foi assassinado com três tiros na frente da esposa. O pistoleiro teria dito: "Olha aqui a sua resposta".

O desfecho do conflito também não deixa de ter ares mafiosos. No dia seguinte, diz a matéria da revista, "enquanto o líder dos invasores era enterrado, dois funcionários de Nenê Constantino agiam na área invadida. Um, armado, pilotava uma escavadeira. O outro, advogado, levava uma pasta cheia de dinheiro. Cada família recebeu 500 reais para deixar imediatamente o local. Dessa vez não houve resistência". Ainda conforme a Veja, no inquérito consta que um homem identificado como Vanderlei Silva, e descrito como sendo motorista de Constantino, foi visto, armado, despejando combustível nas proximidades dos barracos incendiados. 

O indiciamento formal do empresário está marcado para esta semana. A polícia garante que já localizou um dos pistoleiros que matou com três tiros o desempregado Márcio Leonardo de Souza Brito na porta de sua casa. Esta pessoa, conta a Veja, disse aos policiais que a ordem para matar partiu de Nenê Constantino.

E a investigação chegou até esta importante testemunha que pode encrencar bastante o proprietário da Gol por meio uma personagem de outra história muito estranha de Constantino, seu ex-sócio, ex-genro e atual desafeto, o empresário Eduardo Queiroz. Conforme a revista, “queiroz revelou aos policiais que, quando privava da intimidade de Constantino, tomou conhecimento do planejamento da execução de Márcio Leonardo”.

A outra história que envolve Constantino é aquela com a participação do ex-governador de Brasília Joaquim Queiroz. Eleito senador, Roriz foi flagrado recebendo um cheque de 2,2 milhões de reais. Constantino disse que havia emprestado a quantia para o amigo. Agora já deu para lembrar, não é mesmo? É a velha história da bezerra do Roriz.

Para se explicar perante o Senado, o então senador disse que tirou 300 mil reais para comprar uma bezerra e o restante guardou debaixo do colchão. A história não colou e Roriz teve que renunciar para não ser cassado.

Existe a suspeita, inclusive de que Roriz seria o responsável para a demora do desfecho da investigação sobre o assassinato do qual Nenê Constantino é acusado. No período em que ele foi governador, o inquérito ficou três anos engavetado.

Leia a matéria da Veja, clicando aqui.
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POR José Pires

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