Mas Mino Carta fala sobre livro nesta semana em Carta Capital. No editorial da revista informa sobre o conteúdo, fala da personalidade brilhante do entrevistado, seu amigo pessoal, mas aí lança Faoro em algo com o qual ele nada tem a ver: o atual momento da política brasileira. Ele pergunta “o que diria Raymundo Faoro desta hora brasileira”.
É um artifício manjado e que segue sempre a mesma batida: a partir da figura escolhida o que todo mundo faz na verdade é dar a própria opinião sobre o que está aí. Não é nada honesto, pois usa-se uma figura histórica, muitas vezes com um perfil inatacável até porque não viveu as circunstâncias analisadas, apenas para corroborar um posicionamento pessoal. Mas e o morto? Bem, ele que escreva uma carta para a revista.
Então Mino Carta segue o raciocínio, puxando o que lhe interessa para uma hipotética avaliação de Faoro. O presidente do STF, Gilmar Mendes, o do Banco Central, Henrique Meirelles, e por aí vai. Esses dois o editor de Carta Capital não topa. No meio ele coloca o presidente Lula de forma bastante simpática, pois hoje em dia está bem com Lula. Até coloca sua revista a serviço do governo, o que baixou bastante sua qualidade política e editorial.
O interessante é que questões como o mensalão ou a assinatura de Lula para apoiar um negócio de uma empresa que fez de seu filho um milionário não entram na lista de temas que o jornalista pretende apresentar na visão de Faoro.
Já imaginaram o jurista analisando o assassinato de Celso Daniel? Ou os telefonemas entre o advogado de Daniel Dantas (beneficiado com 2 bilhões de reais pela assinatura de Lula), Luiz Eduardo Greenhalgh e o assessor pessoal de Lula, Gilberto Carvalho? Os aloprados de Lula também seria um ótimo tema.
A linha escolhida por Mino Carta na verdade é um equívoco, pois é muito mais produtiva para um raciocínio político de oposição dentro desta falsa dicotomia que ele faz questão de estimular, já que se coloca sempre na linha de frente de defesa de Lula e seu governo.
Se eu estivesse nesta, poderia puxar um elenco de nomes e encaixar uma pergunta para cada um sobre assuntos suspeitos ou francamente criminosos que envolvem Lula e seus apaniguados. Peguemos alguns nomes rapidamente, todos mortos antes de Lula subir ao poder: o humorista Henfil, o educador Paulo Freire, o geógrafo Milton Santos, o professor Sérgio Buarque de Hollanda ou o jornalista Perseu Abramo, este, aliás, com sua memória enlameada na Fundação petista que leva seu nome. O que eles achariam disso tudo?
O que Henfil pensaria do governo Lula? Bem, para mim, Lula já estaria há muito tempo em seu “cemitério dos mortos-vivos”, onde ele colocava os desafetos políticos. O Fradim já teria dado uma cusparada na estrela petista. Mas isso é o que eu penso, não o que Henfil estaria fazendo agora, pois a história recente mostra muita gente com uma vida íntegra e um trabalho de qualidade no passado que hoje estão encalacrados na incompetência e na corrupção do governo Lula e do petismo.
Henfil não pensa nada sobre o Brasil de agora. Assim como Raymundo Faoro não tem opinião alguma sobre as cuecas petistas recheadas de dólares. É melhor deixá-los no passado, com suas histórias pessoais de extrema qualidade. Mesmo porque, se ficarmos nisso de desvirtuar contextos históricos poderíamos cogitar de perguntar o que Faoro, com sua fala “alicerçada e temperada pela ironia” diria se visse o amigo Mino Carta editando hoje uma revista chapa-branca.
É melhor deixar pra lá. Vamos ler o livro do Faoro, que deve ser muito bom.
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POR José Pires
É um artifício manjado e que segue sempre a mesma batida: a partir da figura escolhida o que todo mundo faz na verdade é dar a própria opinião sobre o que está aí. Não é nada honesto, pois usa-se uma figura histórica, muitas vezes com um perfil inatacável até porque não viveu as circunstâncias analisadas, apenas para corroborar um posicionamento pessoal. Mas e o morto? Bem, ele que escreva uma carta para a revista.
Então Mino Carta segue o raciocínio, puxando o que lhe interessa para uma hipotética avaliação de Faoro. O presidente do STF, Gilmar Mendes, o do Banco Central, Henrique Meirelles, e por aí vai. Esses dois o editor de Carta Capital não topa. No meio ele coloca o presidente Lula de forma bastante simpática, pois hoje em dia está bem com Lula. Até coloca sua revista a serviço do governo, o que baixou bastante sua qualidade política e editorial.
O interessante é que questões como o mensalão ou a assinatura de Lula para apoiar um negócio de uma empresa que fez de seu filho um milionário não entram na lista de temas que o jornalista pretende apresentar na visão de Faoro.
Já imaginaram o jurista analisando o assassinato de Celso Daniel? Ou os telefonemas entre o advogado de Daniel Dantas (beneficiado com 2 bilhões de reais pela assinatura de Lula), Luiz Eduardo Greenhalgh e o assessor pessoal de Lula, Gilberto Carvalho? Os aloprados de Lula também seria um ótimo tema.
A linha escolhida por Mino Carta na verdade é um equívoco, pois é muito mais produtiva para um raciocínio político de oposição dentro desta falsa dicotomia que ele faz questão de estimular, já que se coloca sempre na linha de frente de defesa de Lula e seu governo.
Se eu estivesse nesta, poderia puxar um elenco de nomes e encaixar uma pergunta para cada um sobre assuntos suspeitos ou francamente criminosos que envolvem Lula e seus apaniguados. Peguemos alguns nomes rapidamente, todos mortos antes de Lula subir ao poder: o humorista Henfil, o educador Paulo Freire, o geógrafo Milton Santos, o professor Sérgio Buarque de Hollanda ou o jornalista Perseu Abramo, este, aliás, com sua memória enlameada na Fundação petista que leva seu nome. O que eles achariam disso tudo?
O que Henfil pensaria do governo Lula? Bem, para mim, Lula já estaria há muito tempo em seu “cemitério dos mortos-vivos”, onde ele colocava os desafetos políticos. O Fradim já teria dado uma cusparada na estrela petista. Mas isso é o que eu penso, não o que Henfil estaria fazendo agora, pois a história recente mostra muita gente com uma vida íntegra e um trabalho de qualidade no passado que hoje estão encalacrados na incompetência e na corrupção do governo Lula e do petismo.
Henfil não pensa nada sobre o Brasil de agora. Assim como Raymundo Faoro não tem opinião alguma sobre as cuecas petistas recheadas de dólares. É melhor deixá-los no passado, com suas histórias pessoais de extrema qualidade. Mesmo porque, se ficarmos nisso de desvirtuar contextos históricos poderíamos cogitar de perguntar o que Faoro, com sua fala “alicerçada e temperada pela ironia” diria se visse o amigo Mino Carta editando hoje uma revista chapa-branca.
É melhor deixar pra lá. Vamos ler o livro do Faoro, que deve ser muito bom.
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POR José Pires
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