O governo Lula precisa combinar melhor sua posição em assuntos de peso internacional, como o racismo. O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, foi o representante brasileiro na Conferência da ONU e estava presente durante o agressivo discurso do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. O presidente do Irã veio com os ingredientes de sempre: atacou Israel e insistiu em sua estúpida tese que tenta diminuir a importância do chamado Holocausto nazista contra os judeus.
O ministro Santos perdeu uma ótima oportunidade de firmar uma posição brasileira contra o racismo de Amadinejad e criticar sua tese absurda da inexistência de um acontecimento comprovado em farta documentação, como é o caso do Holocausto.
Mas não havendo coragem para tanto, Santos podia pelo menos não contemporizar com a fala do presidente do Irã. Dá a impressão de que ele não compreendeu a gravidade do discurso no plano internacional. O ministro parece pertencer ao grupo de pessoas que só entende o que aconteceu depois que os jornais e a TV explicam.
Na terça-feira, em entrevista à jornalista Helena Carnieri, da Gazeta do Povo, o ministro disse que o discurso de Ahmadinejad “foi algo interessante para os dois lados. Para os judeus, que queriam dar visibilidade a sua causa, e para Ahmadinejad, que teve seu momento de glória”. A entrevista parece ter sido feita no mesmo dia do discurso. Ninguém ainda o havia avisado de que a coisa foi bem séria. Mas a jornalista, com certeza, sabia o que se passava. É uma entrevista curta, muito bem feita. É um bom aviso para Lula não mandar mais Santos cuidar de assuntos importantes no exterior.
O ministro também achou “um exagero” a retirada dos representantes de 23 países em protesto ao discurso. Representantes de países europeus saíram da sala. E países como os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia e Nova Zelândia boicotaram o encontro por causa da presença do presidente do Irã.
Mas ainda assim o ministro não viu problemas no episódio histórico que presenciou. E no final da entrevista ainda endereçou críticas à Israel por não absorver o discurso... anti-israelense. “Os judeus fazem questão de reverberar, dar eco a um discurso crítico à sua postura. Revela uma intolerância, uma grande incapacidade de absorver críticas”, disse Santos, com uma estranho argumento, ainda mais vindo de um ministro da Igualdade Racial.
Pois no dia seguinte o Itamaraty lançou uma nota criticando o discurso de Ahmadinejad e dando o devido peso ao episódio. Praticamente desautoriza o ministro da Igualdade Racial. Um trecho da nota: “O governo brasileiro tomou conhecimento, com particular preocupação, do discurso do presidente iraniano que, entre outros aspectos, diminui a importância de acontecimentos trágicos e historicamente comprovados, como o Holocausto. O governo brasileiro considera que manifestações dessa natureza prejudicam o clima de diálogo e entendimento necessário ao tratamento internacional da questão da discriminação”.
Para um país tão distante geográfica e politicamente do conflito entre Irã e Israel chega a ser uma nota dura. É evidente que o ministro não teve capacidade política para compreender a importância do que viu. Ou então concorda com o presidente do Irã, o que é muito pior.
De qualquer forma, era previsível que Ahmadinejad faria algo no gênero. Além de ter mesmo uma posição racista em relação aos judeus, ele tenta a reeleição no mês que vem. Tem que falar para o eleitor iraniano e, para isso, usou como palanque uma reunião internacional.
E o governo Lula deveria se preparar melhor para esse tipo de encontro sobre temas que juntam forças inconciliáveis. Ou o Brasil ainda pode ser surpreendido por acontecimentos piores. E aí, haja nota do Itamaraty depois.
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POR José Pires
O ministro Santos perdeu uma ótima oportunidade de firmar uma posição brasileira contra o racismo de Amadinejad e criticar sua tese absurda da inexistência de um acontecimento comprovado em farta documentação, como é o caso do Holocausto.
Mas não havendo coragem para tanto, Santos podia pelo menos não contemporizar com a fala do presidente do Irã. Dá a impressão de que ele não compreendeu a gravidade do discurso no plano internacional. O ministro parece pertencer ao grupo de pessoas que só entende o que aconteceu depois que os jornais e a TV explicam.
Na terça-feira, em entrevista à jornalista Helena Carnieri, da Gazeta do Povo, o ministro disse que o discurso de Ahmadinejad “foi algo interessante para os dois lados. Para os judeus, que queriam dar visibilidade a sua causa, e para Ahmadinejad, que teve seu momento de glória”. A entrevista parece ter sido feita no mesmo dia do discurso. Ninguém ainda o havia avisado de que a coisa foi bem séria. Mas a jornalista, com certeza, sabia o que se passava. É uma entrevista curta, muito bem feita. É um bom aviso para Lula não mandar mais Santos cuidar de assuntos importantes no exterior.
O ministro também achou “um exagero” a retirada dos representantes de 23 países em protesto ao discurso. Representantes de países europeus saíram da sala. E países como os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia e Nova Zelândia boicotaram o encontro por causa da presença do presidente do Irã.
Mas ainda assim o ministro não viu problemas no episódio histórico que presenciou. E no final da entrevista ainda endereçou críticas à Israel por não absorver o discurso... anti-israelense. “Os judeus fazem questão de reverberar, dar eco a um discurso crítico à sua postura. Revela uma intolerância, uma grande incapacidade de absorver críticas”, disse Santos, com uma estranho argumento, ainda mais vindo de um ministro da Igualdade Racial.
Pois no dia seguinte o Itamaraty lançou uma nota criticando o discurso de Ahmadinejad e dando o devido peso ao episódio. Praticamente desautoriza o ministro da Igualdade Racial. Um trecho da nota: “O governo brasileiro tomou conhecimento, com particular preocupação, do discurso do presidente iraniano que, entre outros aspectos, diminui a importância de acontecimentos trágicos e historicamente comprovados, como o Holocausto. O governo brasileiro considera que manifestações dessa natureza prejudicam o clima de diálogo e entendimento necessário ao tratamento internacional da questão da discriminação”.
Para um país tão distante geográfica e politicamente do conflito entre Irã e Israel chega a ser uma nota dura. É evidente que o ministro não teve capacidade política para compreender a importância do que viu. Ou então concorda com o presidente do Irã, o que é muito pior.
De qualquer forma, era previsível que Ahmadinejad faria algo no gênero. Além de ter mesmo uma posição racista em relação aos judeus, ele tenta a reeleição no mês que vem. Tem que falar para o eleitor iraniano e, para isso, usou como palanque uma reunião internacional.
E o governo Lula deveria se preparar melhor para esse tipo de encontro sobre temas que juntam forças inconciliáveis. Ou o Brasil ainda pode ser surpreendido por acontecimentos piores. E aí, haja nota do Itamaraty depois.
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POR José Pires
Isso é uma realidade.. nosso País compartilha com o Irã e suas crueldade e torturas...
ResponderExcluirAo verem essas reportagens, como sera que o Lula e Celso Amorim sentado com suas netas assistindo tudo isso...
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/12/03/maziar-bahari-jornalista-canadense-acusado-de-ser-agitador-da-midia-ocidental-de-fazer-espionagem-internacional-fala-sobre-prisao-no-ira-915031264.asp
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/02/100205_filhosuicidag.shtml