Romero Jucá, notório senador do PMDB de Roraima e líder do governo Lula no Senado, é o relator que Lula quer à frente da CPI da Petrobras. Pois ele recebeu doações de campanha de empresa que mantém contratos com a estatal.
Foi em sua campanha ao governo de Roraima, quando foi derrotado em 2006. Foi uma campanha cara, dado o número de eleitores do estado. Roraima tem o menor eleitorado do país, com 237.748 eleitores. Só isso mesmo, você não leu errado. O outro eleitorado pequeno é do Amapá, com 373.418 eleitores. Dá para entender porque Sarney escolheu o estado para se eleger senador. E porque Jucá escolheu Roraima, claro.
Nesta campanha de 2006, Jucá recebeu do Comitê Financeiro Único do PMDB estadual, um total de cerca de R$ 1,4 milhão. Uma das doadoras ao Comitê peemedebista foi a Construtora Andrade Gutierrez, que compareceu com R$ 200 mil. Jucá teve 57.232 votos, 30,64%, cerca de metade dos votos de Ottomar Pinto, eleito no primeiro turno com 116.542 votos.
Puxa vida, quanto custa cada voto em um “estado” desses? É uma fortuna mesmo pelos números oficiais transmitido pelos partidos aos tribunais eleitorais. Mas o estado é bem mais complicado. As eleições de 2006 tiveram que ser garantidas por tropas federais. Em 2004 o petista Flamarion Portela teve o cargo cassado. E que representatividade, não? O estado tem quinze municípios. E Romero Jucá elegeu-se senador com 87.701 votos.
Em Roraima, Jucá faz a dobradinha familiar comum na política brasileira. No seu caso, com a esposa, Teresa Jucá. Quando um disputa o Senado outro se candidata ao governo do estado ou a prefeitura da capital, Boa Vista, o que der para manter a dinastia familiar. É um modo de ter sempre à mão uma máquina pública. Seu colega Sarney faz isso com sucesso há décadas. Tem um familiar em cada cargo público, até mesmo na Justiça do Maranhão.
O senador Jucá é uma força simbólica da base aliada do governo Lula. Representa bem o que o presidente inzoneiro tem construído para o país. Agora em maio ele teve um irmão demitido de cargo nomeado na Infraero. Aí ficou fulo com o ministro da defesa, Nelson Jobim. Pois o líder de Lula ameaçou apresentar uma proposta de emenda constitucional para obrigar que o ministro da Defesa seja um militar, sendo que a ocupação do cargo por um civil é uma boa conquista da nossa democracia. Ainda bem que para uma besteira tão grande não haverá apoio parlamentar. Mas não deixa de ser um comportamento à altura do significado do governo petista.
E o fato de ter recebido dinheiro para campanha eleitoral de uma empresa que presta serviços para a Petrobras é um empecilho para que ele seja relator de uma CPI que vai investigar a própria estatal? Em um país sério até que seria. No Brasil não. Aqui, isso pode ser até uma qualificação extra para ganhar o cargo.
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POR José Pires
Foi em sua campanha ao governo de Roraima, quando foi derrotado em 2006. Foi uma campanha cara, dado o número de eleitores do estado. Roraima tem o menor eleitorado do país, com 237.748 eleitores. Só isso mesmo, você não leu errado. O outro eleitorado pequeno é do Amapá, com 373.418 eleitores. Dá para entender porque Sarney escolheu o estado para se eleger senador. E porque Jucá escolheu Roraima, claro.
Nesta campanha de 2006, Jucá recebeu do Comitê Financeiro Único do PMDB estadual, um total de cerca de R$ 1,4 milhão. Uma das doadoras ao Comitê peemedebista foi a Construtora Andrade Gutierrez, que compareceu com R$ 200 mil. Jucá teve 57.232 votos, 30,64%, cerca de metade dos votos de Ottomar Pinto, eleito no primeiro turno com 116.542 votos.
Puxa vida, quanto custa cada voto em um “estado” desses? É uma fortuna mesmo pelos números oficiais transmitido pelos partidos aos tribunais eleitorais. Mas o estado é bem mais complicado. As eleições de 2006 tiveram que ser garantidas por tropas federais. Em 2004 o petista Flamarion Portela teve o cargo cassado. E que representatividade, não? O estado tem quinze municípios. E Romero Jucá elegeu-se senador com 87.701 votos.
Em Roraima, Jucá faz a dobradinha familiar comum na política brasileira. No seu caso, com a esposa, Teresa Jucá. Quando um disputa o Senado outro se candidata ao governo do estado ou a prefeitura da capital, Boa Vista, o que der para manter a dinastia familiar. É um modo de ter sempre à mão uma máquina pública. Seu colega Sarney faz isso com sucesso há décadas. Tem um familiar em cada cargo público, até mesmo na Justiça do Maranhão.
O senador Jucá é uma força simbólica da base aliada do governo Lula. Representa bem o que o presidente inzoneiro tem construído para o país. Agora em maio ele teve um irmão demitido de cargo nomeado na Infraero. Aí ficou fulo com o ministro da defesa, Nelson Jobim. Pois o líder de Lula ameaçou apresentar uma proposta de emenda constitucional para obrigar que o ministro da Defesa seja um militar, sendo que a ocupação do cargo por um civil é uma boa conquista da nossa democracia. Ainda bem que para uma besteira tão grande não haverá apoio parlamentar. Mas não deixa de ser um comportamento à altura do significado do governo petista.
E o fato de ter recebido dinheiro para campanha eleitoral de uma empresa que presta serviços para a Petrobras é um empecilho para que ele seja relator de uma CPI que vai investigar a própria estatal? Em um país sério até que seria. No Brasil não. Aqui, isso pode ser até uma qualificação extra para ganhar o cargo.
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POR José Pires
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