terça-feira, 18 de maio de 2010

Extra! Extra! Tem católico novo na praça e não é a Dilma

Como todo mundo estava atento ao olho no olho do presidente Lula com o iraniano Ahmadinejad, outro grande acontecimento internacional passou praticamente despercebido. O presidente Evo Morales encontrou-se com o papa Bento XVI.

O encontro foi no Vaticano e teve uma revelação surpreendente: Morales é católico. “Quero falar a verdade: eu sou católico", disse o presidente boliviano na saída do papo, que teve a duração de 25 minutos.

Isso deve ter sido uma decepção para a esquerda latino-americana, que vê em Morales a redenção do índio boliviano, um inca redivivo e redentor da verdade histórica dos povos oprimidos da América Latina — opa, ficou estranho esse final, parece coisa de esquerdista; preciso me cuidar.

Houve até quem pensasse que Morales acendesse velas para Pachamama ou qualquer outra divindade primitiva bem bacana, dessas que exigem sacrícios humanos à beira de abismos ou crateras fumegantes. Mas não, o índio é católico. Graças a Deus, dirão alguns, mas para outros é a perda talvez irremediável da crença no bom selvagem.

Essas coisas acontecem. Aqui no Brasil essas conversões costumam ocorrer em período eleitoral. É num nível espiritual que coloca no mesmo plano buchada de bode e deglutição da hóstia, mas de um dia para o outro esquerdista vira carola. A cristã-nova Dilma Roussef que o diga. Amém.

Mas, como bom católico, Morales foi beijar o anel do papa e aproveitou para fazer um pedido: o fim do celibato. Isso mesmo, o fim do celibato. E com certeza a surpresa de Bento XVI deve ter sido bem maior do que a nossa vendo um esquerdista boliviano se meter num assunto desses. Se ainda fosse o esquerdista paraguaio Fernando Lugo, ainda haveria algum sentido. O presidente do Paraguai pelo menos usou batina um dia. Sem honrá-la, de acordo, mas teve pelo menos alguma relação com o celibato. Ou a falta de.

Morales entregou uma carta a Bento XVI com a reivindicação da liberação do sexo para seus subordinados. “A Igreja não deve negar uma parte fundamental da nossa natureza de seres humanos e deve abolir o celibato. Assim, haverá menos filhos não reconhecidos por seus pais", afirma uma das passagens do documento, que certamente será um dos mais bizarros nos arquivos do Vaticano.

Imaginem como esse papel vai ficar legal três gavetões acima de um De revolutionibus orbium coelestium, de Copérnico, ou próximo de um Sidereus Nuncius, de Galileu Galilei.

Mas Bento XVI que se cuide. Morales é de uma turma que não descansa, mesmo diante da lógica mais clara da inoportunidade de suas reivindicações. Gente que dá conselhos ao presidente Barack Obama, se mete na confusão do Oriente Médio e até acerta negócios nucleares com a teocracia iraniana dificilmente vai voltar atrás de sua missão política de ensinar bispo a rezar a missa.

Não duvido que um dia desses o papa não seja obrigado, depois de um olho no olho, a acabar com esse negócio de celibato.
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POR José Pires

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