Recebo um e-mail do comitê de Dilma Rousseff avisando que no site de campanha postaram uma biografia da candidata. Agora é a oficial. Esse é aquele tipo de convite que aceito ligeiro. Já falei que Dilma é uma candidata que desopila o fígado. Mente barbaridade, é de uma vigarice tremenda, mas isso é feito sempre com um humor involuntário que acaba sendo divertido de apreciar.
Na biografia ficamos sabendo que a candidata do Lula rasgava dinheiro quando era criança. Vejam como são as coisas, rasgava dinheiro na infância e depois de ficar coroa passou a guardar dinheiro embaixo do colchão, conforme sua declaração de renda. Ela tem mais de 100 mil reais guardado em casa, um pacotaço que deve dar um trabalho danado para enfiar no colchão.
A história de rasgar dinheiro é contada no trecho da biografia que fala de sua infância. Dilma Rousseff não teve a infância pobre de Lula (ou de Serra e Marina). Certamente sua mãe nasceu tão analfabeta quanto a mãe do Lula — isso deve ter acontecido também com as mães de Serra e de Marina, esses políticos são todos iguais — , porém Dilma é de família rica. Estudou em colégio tradicional de Belo Horizonte e freqüentava o clube mais caro de Minas Gerais.
Daí, como é necessário dar um tom populista à biografia da candidata, seus marqueteiros apelaram. Dilma foi transformada então numa pobre menina rica. Era da elite de Belo Horizonte mas, segundo a biografia, “desde cedo aprendeu que o mundo não era cor de rosa”. Com tal sensibilidade, a vida da pobre Dilminha não era fácil.
À porta da sua casa batiam mendigos “que imploravam por um prato de comida”. É nessa parte que o marqueteiro conta que apareceu um dia um menino “tão magro e de olhos tão tristes” que ela rasgou uma nota ao meio (a única que ela tinha, vejam que dó) e deu uma metade para o menino pobre.
Eu contando, soa como coisa de oposicionista empedernido, porque parece inacreditável que alguém escreva uma besteira dessas para fazer a gente pensar que desde criança a Dilma tinha consciência social. Então lá vai o trecho para conferir:
“Certo dia, bateu à porta um menino tão magro e de olhos tão tristes que ela rasgou ao meio a única nota que tinha. Ficou com metade da cédula e deu a outra metade ao menino. Dilma não sabia que meio dinheiro não valia nada. Mas já sabia dividir.”
É duro agüentar uma coisa dessas, não? O marqueteiro não esclarece se o menino pobre tinha mais conhecimento monetário e esclareceu o equívoco para a futura ministra ou saiu correndo, ainda magro, mas já com os olhos bem menos tristes, agitando seu dinheirinho pela metade. É de cortar o coração.
Sei como é a coisa. Não sou candidato a nada, mas tive uma infância pobre. Minha mãe também nasceu analfabeta. Só não fui preto na infância, mas também não se pode ter tudo nessa vida. Já a Dilma foi uma menina rica, mas a infância dela foi bem mais triste que a minha, coitada. Na biografia, contam que com 14 anos ela já havia lido Germinal, de Emile Zola. Lera também “Humilhados e ofendidos”, de Dostoiévski, exemplos de leitura pesada para uma criança.
Isso pode explicar muita coisa. Com essa mesma idade eu também já havia lido muita coisa. Mas Dostoiévski e Zola eu deixei pra depois. Eu lia Tom Sawyer, de Mark Twain, gostava também do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, aquelas história todas, que lia e relia uma a uma... Júlio Verne, li quase tudo dele, li também muita história em quadrinhos, enfim passei minha infância me divertindo com leituras. E enquanto isso Dilma, coitada, encarava os mineiros miseráveis de Zola e os humilhados de Dostoiévski.
Foi uma infância sofrida, sem dúvida, o que pode explicar muita coisa. Até o fato dela ter pegado em armas na década de 60, uma parte de sua biografia que é claro que fui conferir só para ver se ela continua mentindo sobre esse tempo.
A mentira já começa no título que dão a esta parte da biografia: “A luta pela democracia”. Ora, quando pegou em armas no final da década de 60, Dilma e seus companheiros, entre eles Carlos Lamarca, até lutavam contra a ditadura militar. Mas a proposta não era a implantação da democracia no Brasil. O que Dilma queria era a implantação de outro tipo de ditadura no país, uma ditadura comunista.
Todo mundo aqui é contra a ditadura e e estivemos lá lutando contra ela. Mas é preciso deixar claro que havia um setor, o mais amplo da oposição à ditadura, que batalhava pela democracia. Outros setores, minoritários e bem barulhentos, queriam na verdade o comunismo.
É o caso de Dilma. Mas ela insiste na versão falsa de que eles pegaram em armas pela democracia. Num trecho, o marqueteiro escreve que o crime de Dilma “foi o mesmo de tantos jovens daqueles anos rebeldes: querer mudar o mundo”. Ah, mas não foi mesmo. A maioria dos jovens lutavam nessa época pela liberdade. Alguns de nós estavam até mais preocupados com o fechamento da ditadura militar no aspecto comportamental, ligado ao sexo e à atividade artística, outros tinham uma visão mais política.
Mas no conjunto, a maioria desses jovens, além de não apelarem para a violência, também não tinham como meta implantar no Brasil um regime comunista, que era o projeto político de Dilma e seus companheiros de luta armada.
.......................
POR José Pires
Na biografia ficamos sabendo que a candidata do Lula rasgava dinheiro quando era criança. Vejam como são as coisas, rasgava dinheiro na infância e depois de ficar coroa passou a guardar dinheiro embaixo do colchão, conforme sua declaração de renda. Ela tem mais de 100 mil reais guardado em casa, um pacotaço que deve dar um trabalho danado para enfiar no colchão.
A história de rasgar dinheiro é contada no trecho da biografia que fala de sua infância. Dilma Rousseff não teve a infância pobre de Lula (ou de Serra e Marina). Certamente sua mãe nasceu tão analfabeta quanto a mãe do Lula — isso deve ter acontecido também com as mães de Serra e de Marina, esses políticos são todos iguais — , porém Dilma é de família rica. Estudou em colégio tradicional de Belo Horizonte e freqüentava o clube mais caro de Minas Gerais.
Daí, como é necessário dar um tom populista à biografia da candidata, seus marqueteiros apelaram. Dilma foi transformada então numa pobre menina rica. Era da elite de Belo Horizonte mas, segundo a biografia, “desde cedo aprendeu que o mundo não era cor de rosa”. Com tal sensibilidade, a vida da pobre Dilminha não era fácil.
À porta da sua casa batiam mendigos “que imploravam por um prato de comida”. É nessa parte que o marqueteiro conta que apareceu um dia um menino “tão magro e de olhos tão tristes” que ela rasgou uma nota ao meio (a única que ela tinha, vejam que dó) e deu uma metade para o menino pobre.
Eu contando, soa como coisa de oposicionista empedernido, porque parece inacreditável que alguém escreva uma besteira dessas para fazer a gente pensar que desde criança a Dilma tinha consciência social. Então lá vai o trecho para conferir:
“Certo dia, bateu à porta um menino tão magro e de olhos tão tristes que ela rasgou ao meio a única nota que tinha. Ficou com metade da cédula e deu a outra metade ao menino. Dilma não sabia que meio dinheiro não valia nada. Mas já sabia dividir.”
É duro agüentar uma coisa dessas, não? O marqueteiro não esclarece se o menino pobre tinha mais conhecimento monetário e esclareceu o equívoco para a futura ministra ou saiu correndo, ainda magro, mas já com os olhos bem menos tristes, agitando seu dinheirinho pela metade. É de cortar o coração.
Sei como é a coisa. Não sou candidato a nada, mas tive uma infância pobre. Minha mãe também nasceu analfabeta. Só não fui preto na infância, mas também não se pode ter tudo nessa vida. Já a Dilma foi uma menina rica, mas a infância dela foi bem mais triste que a minha, coitada. Na biografia, contam que com 14 anos ela já havia lido Germinal, de Emile Zola. Lera também “Humilhados e ofendidos”, de Dostoiévski, exemplos de leitura pesada para uma criança.
Isso pode explicar muita coisa. Com essa mesma idade eu também já havia lido muita coisa. Mas Dostoiévski e Zola eu deixei pra depois. Eu lia Tom Sawyer, de Mark Twain, gostava também do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, aquelas história todas, que lia e relia uma a uma... Júlio Verne, li quase tudo dele, li também muita história em quadrinhos, enfim passei minha infância me divertindo com leituras. E enquanto isso Dilma, coitada, encarava os mineiros miseráveis de Zola e os humilhados de Dostoiévski.
Foi uma infância sofrida, sem dúvida, o que pode explicar muita coisa. Até o fato dela ter pegado em armas na década de 60, uma parte de sua biografia que é claro que fui conferir só para ver se ela continua mentindo sobre esse tempo.
A mentira já começa no título que dão a esta parte da biografia: “A luta pela democracia”. Ora, quando pegou em armas no final da década de 60, Dilma e seus companheiros, entre eles Carlos Lamarca, até lutavam contra a ditadura militar. Mas a proposta não era a implantação da democracia no Brasil. O que Dilma queria era a implantação de outro tipo de ditadura no país, uma ditadura comunista.
Todo mundo aqui é contra a ditadura e e estivemos lá lutando contra ela. Mas é preciso deixar claro que havia um setor, o mais amplo da oposição à ditadura, que batalhava pela democracia. Outros setores, minoritários e bem barulhentos, queriam na verdade o comunismo.
É o caso de Dilma. Mas ela insiste na versão falsa de que eles pegaram em armas pela democracia. Num trecho, o marqueteiro escreve que o crime de Dilma “foi o mesmo de tantos jovens daqueles anos rebeldes: querer mudar o mundo”. Ah, mas não foi mesmo. A maioria dos jovens lutavam nessa época pela liberdade. Alguns de nós estavam até mais preocupados com o fechamento da ditadura militar no aspecto comportamental, ligado ao sexo e à atividade artística, outros tinham uma visão mais política.
Mas no conjunto, a maioria desses jovens, além de não apelarem para a violência, também não tinham como meta implantar no Brasil um regime comunista, que era o projeto político de Dilma e seus companheiros de luta armada.
.......................
POR José Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário