quinta-feira, 31 de março de 2011

De olho na imunidade dos outros

Já temos várias manifestações que mostram para o que serve um caso como o do deputado Bolsonaro (PP-RJ), que teve um bate-boca em um programa de televisão com a cantora Preta Gil. A Organização dos Advogados do Brasil (OAB) entrou com um pedido de cassação do mandato do deputado, o que traz mais uma piada pronta nesse país de tantas delas.

Não acho necessário me estender sobre o que eu acho de um deputado como Bolsonaro. Ele é um antípoda em tudo o que eu penso em termos de qualidade na política e até no sentido humano. Ele já mostrou várias vezes que não tem nem compaixão pelo sofrimento alheio. Com todo o respeito, Sua Excelência é um energúmeno.

Mas a OAB está com algum desvio de foco. Num Congresso onde tem de tudo, até mensaleiro em comissões importantes, vão entrar com uma representação tendo como causa um estranho bate-boca. Mas pra piada-pronta da OAB ficar completa só falta a Câmara cassar de fato o deputado Bolsonaro. E com votos dos deputados mensaleiros.

Jader Barbalho voltou há pouco para o Senado depois de passar um tempo impedido pela Lei da Ficha Limpa. Sarney ainda está lá depois de tantos escândalos. E tem deputado na Câmara que responde até por homicídio. Sinceramente tem coisa muito mais séria para despertar a indignação do que um bate-boca entre duas pessoas grosseiras, uma da política e outra da música.

Muita gente finge indignação, mas gosta bastante dos furdunços que o Bolsonaro arranja. Para o PT, por exemplo, Bolsonaro é um adversário que cai do céu. Marta Suplicy já andou tentando ter um lucro com o caso, ela que é a responsável por aquela peça de propaganda política que perguntava se o prefeito Gilberto Kassab era casado.

Agora é o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que tenta se aproveitar da situação. Ele já apareceu afirmando que as regras da imunidade parlamentar devem ser rediscutidas. Podemos ajudar nisso: num caso desses, a solução pode ser uma emenda proibindo que deputado discuta com a Preta Gil.

Mas esse negócio de imunidade é mesmo com o PT. No partido o serviço é rápido. Que o digam os mensaleiros, que ainda nem responderam no STF pelos crimes de que são acusados e já foram absolvidos pelos companheiros. E nem foi preciso muita discussão para decidir pela volta do ex-tesoureiro Delúbio Soares ao partido. E com direito à aclamação.
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POR José Pires

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