No encontro no Palácio do Planalto a presidente Dilma Rousseff teve assistir o presidente Barack Obamade autorizando a um assessor o início do ataque contra a Líbia. Já li na internet jornalista falando em coincidência, mas a única coincidência que vejo nisso é o conflito com o ditador Muammar Kadhafi. A ordem do presidente americano em plena reunião na casa da anfitriã não me parece coincidência. Tem mais jeito de ser um recado.
Qualquer um sabe que mesmo numa visita sem muita importância, quem é de fora costuma pesar muito bem as palavras. Ou encontra um jeito dizer o que acha que o anfitrião — no caso, anfitriã — tem que ouvir.
O governo petista não pode se queixar de falta de acenos da parte de Obama para uma aproximação. Ele até foi bastante caloroso em público com o ex-presidente Lula, mas o governo insistiu na tal diplomacia diferenciada, de um antiamericanismo em que a cereja do bolo era o iraniano Ahmadinejad.
É difícil ver apenas uma coincidência na ordem de Obama para atacar Kadhafi, dada a um assessor que interrompeu o encontro com Dilma.
Há menos de dois anos o então presidente Lula chamou o ditador Kadhafi de “amigo, irmão e líder”. E não foi numa ocasião sem importância. Os dois estavam na Líbia, na Cúpula da União Africana, encontro armado para fixar posições muito claras em geopolítica. Cerca de dois meses depois, outro encontro juntou Lula e Kadhafi na América do Sul, quando novamente os dois expressaram de forma muito explícita suas posições conjuntas no plano internacional.
O governo do PT precisa decidir o que é sério de fato e o que é só da boca do Lula pra fora. Ou do gogó de qualquer outro dirigente partidário ou do governo.
A relação com Kadhafi e até com Ahmadinejad, diziam eles, era parte de uma estratégia internacional importante para o Brasil. Bem, então no mínimo que a presidente Dilma deveria fazer era uma condenação de que joguem bombas na cabeça do “amigo, irmão e líder” de seu padrinho e um governante essencial na pauta da diplomacia petista.
Um recado de Obama muito claro é que o posicionamento em questões internacionais exige responsabilidades. Seria muito bom que o governo do PT pensasse nisso antes de vir com novas bravatas sobre a nova e revolucionária inserção do Brasil na geopolítica internacional.
Diplomacia obrigatoriamente deve vir acompanhada de ação. É duro ganhar pela retórica o que, na maioria das vezes, é solucionado na marra. Relações internacionais não é como negociar com o baixo clero do Congresso. Afagar ditadores pelo mundo afora tem seu preço, que pode até ser muito alto. Certas palavras podem exigir a confirmação por meio de tropas militares, bombardeios, etc. E põe etc. nisso
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POR José Pires
Qualquer um sabe que mesmo numa visita sem muita importância, quem é de fora costuma pesar muito bem as palavras. Ou encontra um jeito dizer o que acha que o anfitrião — no caso, anfitriã — tem que ouvir.
O governo petista não pode se queixar de falta de acenos da parte de Obama para uma aproximação. Ele até foi bastante caloroso em público com o ex-presidente Lula, mas o governo insistiu na tal diplomacia diferenciada, de um antiamericanismo em que a cereja do bolo era o iraniano Ahmadinejad.
É difícil ver apenas uma coincidência na ordem de Obama para atacar Kadhafi, dada a um assessor que interrompeu o encontro com Dilma.
Há menos de dois anos o então presidente Lula chamou o ditador Kadhafi de “amigo, irmão e líder”. E não foi numa ocasião sem importância. Os dois estavam na Líbia, na Cúpula da União Africana, encontro armado para fixar posições muito claras em geopolítica. Cerca de dois meses depois, outro encontro juntou Lula e Kadhafi na América do Sul, quando novamente os dois expressaram de forma muito explícita suas posições conjuntas no plano internacional.
O governo do PT precisa decidir o que é sério de fato e o que é só da boca do Lula pra fora. Ou do gogó de qualquer outro dirigente partidário ou do governo.
A relação com Kadhafi e até com Ahmadinejad, diziam eles, era parte de uma estratégia internacional importante para o Brasil. Bem, então no mínimo que a presidente Dilma deveria fazer era uma condenação de que joguem bombas na cabeça do “amigo, irmão e líder” de seu padrinho e um governante essencial na pauta da diplomacia petista.
Um recado de Obama muito claro é que o posicionamento em questões internacionais exige responsabilidades. Seria muito bom que o governo do PT pensasse nisso antes de vir com novas bravatas sobre a nova e revolucionária inserção do Brasil na geopolítica internacional.
Diplomacia obrigatoriamente deve vir acompanhada de ação. É duro ganhar pela retórica o que, na maioria das vezes, é solucionado na marra. Relações internacionais não é como negociar com o baixo clero do Congresso. Afagar ditadores pelo mundo afora tem seu preço, que pode até ser muito alto. Certas palavras podem exigir a confirmação por meio de tropas militares, bombardeios, etc. E põe etc. nisso
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POR José Pires
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