A partir de um de um discurso relativamente curto e com um conteúdo simples e objetivo, a professora Amanda Gurgel transformou-se em um fenômeno popular no Brasil. A fala da professora ocorreu na semana passada numa audiência pública da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte sobre a crise na educação que acontece no estado, onde os professores estão em greve por questões salariais.
O trecho gravado em que Amanda usa a palavra foi colocado na internet e daí foi para blogs e sites, transformando a professora num acontecimento de mídia.
Atualmente no Youtube estão postados mais de 700 vídeos com ela, alguns até feitos com celular no acompanhamento de entrevistas dadas a emissoras de televisão. Uma contagem rápida apenas na primeira página do site, com apenas 25 desses vídeos, já dá para verificar mais de 500 mil visualizações.
Neste domingo, Amanda apareceu no Faustão, um programa que é, de certa forma, o ápice desses fenômenos. No Faustão ela ficou 23 minutos no ar, o que significa que sua presença agradou. A audiência de programas como o dele é monitorada de segundo a segundo e quem não agrada recebe nos primeiros minutos.
A popularidade instantânea de Amanda pode ter vários motivos, entre eles o fato dela ter uma fala fluente, mas com certeza o que as pessoas devem estar gostando é da chamada de atenção (ou “pito” mesmo) que ela deu em políticos e autoridades, entre essas a secretaria de Educação do Rio Grande do Norte.
Um trecho da fala da professora certamente vive engasgado na garganta da maioria dos brasileiros: “Eu perguntaria a todos aqui, mas só respondam se não ficarem constrangidos, se vocês conseguiriam sobreviver ou manter o padrão de vida que vocês mantêm, com esse salário [R$ 995 é o salário de um professor potiguar]. Certamente não conseguiriam”.
Sobre isso, ela emenda com a explicação de que "não há como ter qualidade em educação com professores trabalhando em três turnos seguidos, multiplicando seus salários: R$ 930 de manhã, R$ 930 de tarde, R$ 930 de noite para poder sobreviver", para depois esclarecer ironicamente que esse salário "não é para andar com bolsa de marca nem para usar perfume francês".
Num país em que um político como Antonio Palocci em um período de apenas dois meses, entre a eleição de Dilma Rousseff e sua nomeação para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, ganhou 10 milhões (sic!) de reais em “consultorias” o nível salarial dos brasileiros de todas as profissões chega a ser tragicômico. Não é à toa que Dilma faz um esforço danado (infelizmente ajudada pela imprensa) para situar o nível de miséria no Brasil abaixo apenas de R$ 70 reais por mês. Ou seja, se o brasileiro ganha R$ 71 reais mensais já está fora da linha da miséria. É piada pronta. E de mau gosto.
A fala da professora vem em boa hora até para desconcertar um pouco este clima estranho criado no Brasil principalmente nos últimos anos de fazer de conta que a situação está andando bem para, gradativamente, irmos recebendo más notícias sobre a piora de problemas que deixam de ser enfrentados.
Em seu discurso, Amanda liga essa terrível e absurda situação dos nossos recursos humanos à dificuldade de executar qualquer plano de trabalho, seja na educação ou em qualquer outro setor (ela fala da educação, é claro), e critica a forma hipócrita dos políticos brasileiros e autoridades de várias áreas da administração pública de empurrar questões nacionais importantes com a barriga, fingindo que estão trabalhando pela solução dos problemas que encontram.
Independente de Amanda ter compromisso político com um sindicato ou mesmo algum partido, sua fala toca nos brasileiros pelo que tem de simples, que é a necessidade de uma formação política e econômica mais igualitária entre os brasileiros e também os brasileiros começarem a encarar os problemas com realismo. O toque que seu parco salário não é para comprar perfume francês e nem bolsa de grife sintetiza isso de forma clara.
O discurso que ficou famoso também agrada pelo tom de cobrança imediata para que cesse neste país a hipocrisia que os políticos implantaram na administração pública como um método. O brasileiro está cansado de lero-lero, por isso que alguém que vai direto ao ponto como Amanda acaba fazendo esse sucesso todo.
Precisamos de mais “Amandas” e para logo, pois dá a impressão de que o colapso está bem próximo no Brasil. E é claro que já temos muitas delas. Mas é preciso que soltem a voz como a Amanda potiguar, pois sem isso não dá para fazer uma Nação, não. E os nossos políticos, bem, os nossos políticos são "consultores" dos que só querem sugar o país.
Para ver a professora Amanda em vídeo, clique aqui. Se quiser ler a fala na íntegra, clique aqui. E para vê-la no programa do Faustão, mais bem cuidada e com um penteado feito para a ocasião (deve ter até botado um perfuminho especial, é claro), clique aqui.
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POR José Pires
O trecho gravado em que Amanda usa a palavra foi colocado na internet e daí foi para blogs e sites, transformando a professora num acontecimento de mídia.
Atualmente no Youtube estão postados mais de 700 vídeos com ela, alguns até feitos com celular no acompanhamento de entrevistas dadas a emissoras de televisão. Uma contagem rápida apenas na primeira página do site, com apenas 25 desses vídeos, já dá para verificar mais de 500 mil visualizações.
Neste domingo, Amanda apareceu no Faustão, um programa que é, de certa forma, o ápice desses fenômenos. No Faustão ela ficou 23 minutos no ar, o que significa que sua presença agradou. A audiência de programas como o dele é monitorada de segundo a segundo e quem não agrada recebe nos primeiros minutos.
A popularidade instantânea de Amanda pode ter vários motivos, entre eles o fato dela ter uma fala fluente, mas com certeza o que as pessoas devem estar gostando é da chamada de atenção (ou “pito” mesmo) que ela deu em políticos e autoridades, entre essas a secretaria de Educação do Rio Grande do Norte.
Um trecho da fala da professora certamente vive engasgado na garganta da maioria dos brasileiros: “Eu perguntaria a todos aqui, mas só respondam se não ficarem constrangidos, se vocês conseguiriam sobreviver ou manter o padrão de vida que vocês mantêm, com esse salário [R$ 995 é o salário de um professor potiguar]. Certamente não conseguiriam”.
Sobre isso, ela emenda com a explicação de que "não há como ter qualidade em educação com professores trabalhando em três turnos seguidos, multiplicando seus salários: R$ 930 de manhã, R$ 930 de tarde, R$ 930 de noite para poder sobreviver", para depois esclarecer ironicamente que esse salário "não é para andar com bolsa de marca nem para usar perfume francês".
Num país em que um político como Antonio Palocci em um período de apenas dois meses, entre a eleição de Dilma Rousseff e sua nomeação para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, ganhou 10 milhões (sic!) de reais em “consultorias” o nível salarial dos brasileiros de todas as profissões chega a ser tragicômico. Não é à toa que Dilma faz um esforço danado (infelizmente ajudada pela imprensa) para situar o nível de miséria no Brasil abaixo apenas de R$ 70 reais por mês. Ou seja, se o brasileiro ganha R$ 71 reais mensais já está fora da linha da miséria. É piada pronta. E de mau gosto.
A fala da professora vem em boa hora até para desconcertar um pouco este clima estranho criado no Brasil principalmente nos últimos anos de fazer de conta que a situação está andando bem para, gradativamente, irmos recebendo más notícias sobre a piora de problemas que deixam de ser enfrentados.
Em seu discurso, Amanda liga essa terrível e absurda situação dos nossos recursos humanos à dificuldade de executar qualquer plano de trabalho, seja na educação ou em qualquer outro setor (ela fala da educação, é claro), e critica a forma hipócrita dos políticos brasileiros e autoridades de várias áreas da administração pública de empurrar questões nacionais importantes com a barriga, fingindo que estão trabalhando pela solução dos problemas que encontram.
Independente de Amanda ter compromisso político com um sindicato ou mesmo algum partido, sua fala toca nos brasileiros pelo que tem de simples, que é a necessidade de uma formação política e econômica mais igualitária entre os brasileiros e também os brasileiros começarem a encarar os problemas com realismo. O toque que seu parco salário não é para comprar perfume francês e nem bolsa de grife sintetiza isso de forma clara.
O discurso que ficou famoso também agrada pelo tom de cobrança imediata para que cesse neste país a hipocrisia que os políticos implantaram na administração pública como um método. O brasileiro está cansado de lero-lero, por isso que alguém que vai direto ao ponto como Amanda acaba fazendo esse sucesso todo.
Precisamos de mais “Amandas” e para logo, pois dá a impressão de que o colapso está bem próximo no Brasil. E é claro que já temos muitas delas. Mas é preciso que soltem a voz como a Amanda potiguar, pois sem isso não dá para fazer uma Nação, não. E os nossos políticos, bem, os nossos políticos são "consultores" dos que só querem sugar o país.
Para ver a professora Amanda em vídeo, clique aqui. Se quiser ler a fala na íntegra, clique aqui. E para vê-la no programa do Faustão, mais bem cuidada e com um penteado feito para a ocasião (deve ter até botado um perfuminho especial, é claro), clique aqui.
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POR José Pires
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