terça-feira, 7 de junho de 2011

Cai Palocci, o multiplicador de riqueza, e entra na Casa Civil uma senadora com uma rica carreira

Como já prevíamos aqui no blog, não vão tornar inimputável Antonio Palocci. Ainda não será desta vez que o já ex-ministro da Casa Civil poderá andar pelado na praça. Agora poderá se dedicar exclusivamente à sua consultoria, mas tenho a impressão de que a clientela vai minguar.

A queda do ministro trouxe a surpresa da nomeação da senadora paranaense Gleisi Hoffmann, mulher do ministro das Comunicações Paulo Bernardo. A nova ministra já começou o serviço com aquela velha lorota de que a presidente quer isso ou quer aquilo. No caso, a ministra disse que a presidente Dilma encomendou a ela "um trabalho de gestão".

Bem, primeiro é de se perguntar então quem é que vai fazer política, porque isso sabe-se de montão que Dilma não tem competência para fazer. E depois, quem foi que disse que Gleisi Hoffmann tem capacidade para o tal "trabalho de gestão"? A senadora tem tanta experiência em gestão quanto em política, ou seja, nadica nas duas. Em gestão, ela fez carreira à sombra do poder do marido. E na política fez carreira montada em muita grana.

A bem da verdade, o casal foi imensamente favorecido pela dilapidação dos quadros do PT, tanto pelas quedas causadas por escândalos de corrupção quanto na expulsão ou debandada de gente mais competente que não teve estômago para suportar a decaída do partido. E a subida de Gleisi Hoffmann agora a um posto tão alto mostra que nem raspando o tacho o PT encontra algum quadro administrativo com um mínimo de capacidade.

Mas Gleisi Hoffmann se elegeu senadora pelo Paraná e até foi bem votada, não é mesmo? Pois eu já disse aqui no blog como é que isso aconteceu. A nova ministra é aquele tipo de político que passa todo o tempo fazendo campanha. Seu grupo domina o PT no estado. Até chegar a eleição a petista fez tanta campanha fora do período eleitoral que o TRE até foi obrigado a alertar o partido para não colocar mais outdoor com a cara dela por todo o estado, como os petistas vinham fazendo.

A vitória de Gleisi Hoffmann ao Senado foi caríssima. Segundo o TSE a petista gastou só um pouco menos que o senador paulista Aloysio Nunes, o mais votado do país e que disputou a eleição em um estado com cerca de 28 milhões de eleitores, mais de três vezes superior ao do Paraná, que hoje está próximo de 7 milhões e meio.

Sua campanha arrecadou R$ 7.979.322,30, enquanto a do senador Aloysio Nunes alcançou R$ 9.193.018,50. A petista foi a oitava maior em arrecadação no Brasil. O dinheiro veio principalmente de grandes empreiteiras. Para se ter uma idéia da bufunfa que alavancou sua carreira, vale comparar com a situação econômica das campanhas dos senadores eleitos pelo Rio Grande do Sul, um estado ligeiramente acima do Paraná em número de eleitores. Ana Amélia Lemos, do PP, arrecadou R$ 2.938.952,02. O petista Paulo Paim arrecadou R$ 1.985.855,78.

Já o outro senador eleito pelo Paraná, o ex-governador Roberto Requião, arrecadou bem abaixo da metade da fortuna colhida pela mulher do ministro Paulo Bernardo. Requião ficou com R$ 3.098.943,36. A nova ministra da Casa Civil é uma mulher de sucesso, sem dúvida, mas é um sucesso estruturado em muita grana. E sempre foi assim. Na eleição para a prefeitura de Curitiba em 2008, quando teve só 30% dos votos, perdendo no primeiro turno para o atual governador Beto Richa, Gleisi Hoffmann gastou R$ 6,4 milhões.

Bem, esta é a carreira política, muito bem cevada em campanhas milionárias, mas e a gestão? Ela foi secretária extraordinária de Reestruturação Administrativa no primeiro mandato de Zeca do PT, no governo de Mato Grosso do Sul, em 1999, e depois foi secretária de Gestão Pública na administração petista da Prefeitura de Londrina, em 2001. Os cargos foram obtidos sempre na cola do marido Paulo Bernardo, que sempre teve base eleitoral em Londrina, até adquirir poder e mudar de domicílio eleitoral definitivamente.

As duas experiências petistas, em Londrina e no Mato Grosso do Sul, foram imensos desastres. Em Londrina o PT teve dois mandatos que arrasaram a infra-estrutura da cidade e deixaram um rastro de corrupção que afeta até hoje o município. É claro que a responsabilidade não é só de Gleisi Hoffmann, mas, de qualquer forma, tudo isso faz parte de seu currículo.
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POR José Pires

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