quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Roda Viva tira pouco de Diogo Mainardi
Afinal vi a entrevista de Diogo Mainardi no
programa Roda Viva, da TV Cultura. Prefiro assistir assim, no site da
emissora, onde o ritmo fica sob minha direção, inclusive com a
possibilidade de rever de imediato o que mais gostei ou não compreendi
direito.
Há dois anos Mainardi mudou-se para Veneza com a família. Passou por aqui apenas para caitituar o livro “A queda”, escrito sobre seu filho de dez anos. O menino nasceu com paralisia cerebral, causada por um erro grosseiro no parto em um hospital veneziano.
A mudança de Mainardi para Veneza teve a ver com também com isso. Passados oito anos, a família ganhou um processo contra o hospital. Como os oito milhões de reais da indenização asseguram o futuro do filho, Mainardi resolveu ficar “sem fazer nada”, como ele diz fazendo graça durante a entrevista.
Sempre é interessante ouvir Diogo Mainardi, mas o programa desperdiçou um bom entrevistado. O que rendeu de melhor foi por conta dele, que em determinados momentos puxava um bom assunto. Mas nem assim os entrevistadores se tocavam do tema que aparecia espontaneamente.
Em razão da sua forma de escrever, enquanto esteve no Brasil Mainardi acabou encarnando um personagem brigador e irônico. Neste novo livro ele se expõe de forma diferente, mais humano, ocupado em viver profundamente o drama do filho. Havia uma chance do Roda Viva ter mais a ver com isso, trazendo para nós o ser humano que nunca apareceu na coluna da Veja. Mas não apareceram perguntas para desentocar este novo Mainardi. Teve apenas uma ou outra rápida excessão, como no momento da lembrança do amigo Ivan Lessa, que ele classifica como a pessoa mais importante na sua formação intelectual.
Outra coisa que me chamou a atenção no programa e que também não despertou interesse algum nos entrevistadores foi a menção de Mainardi ao altíssimo custo de vida em São Paulo. Foi no primeiro bloco do programa, mas nenhum dos presentes parece ter percebido. Ele disse que estava “escandalizado” com os preços e que hoje não conseguiria viver “nem 12 dias” com o que ganhava há dois anos atrás.
Não é diferente do que acontece em outras cidades brasileiras, cada qual evidentemente em seu padrão econômico. O amalucado Brasil é um país onde também os preços enlouqueceram. Mas parece que o brasileiro gosta. Dilma está aí com alta popularidade e o Lula, que Diogo Mainardi até achava que iria cair, também continua a falar suas baboseiras com o mesmo ar de mestre de antes.
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POR José Pires
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Parceiros de criação
Na década de 80 havia em Curitiba uma ebulição criativa num grupo que
reunia uma porção de pessoas entre as quais destaco o Paulo Leminski e o
Solda. Eles trabalhavam em publicidade, mas para a nossa sorte viviam
com a cabeça em outro lugar. Por isso
temos hoje a poesia de Leminski e os desenhos ótimos do Solda, além de
seus textos de humor de alta qualidade e também sua poesia feita de
habilidosos jogos de palavra, com as quais ele provoca melancolia e
risadas, às vezes ao mesmo tempo.
Conheci mais o Solda, não tanto quanto eu gostaria, mas o suficiente para perceber como é verdadeira aquela definição de quem tem gente que é genial no que faz, mas é muito mais ainda na conversação. Já disse que o Solda é bamba em variadas artes, mas conversando é um espetáculo. O Leminski, com quem tive pouco contato, também tem fama de ter sido um ótimo papo. Imagino como foi bom os dois fazendo dupla de criação numa agência, passando o dia e muitas vezes também parte da noite trocando idéias e provocações.
É claro que a relação intensa entre eles teria de criar influências mútuas e até resultar em alguma confusão de autoria. Essa imagem que publico, por exemplo, eu sempre julguei que fosse uma criação do Leminski. Faz tempo que acho a sacada muito boa, mas pensei que fosse um auto-retrato. Achava que o Leminski tivesse apenas pedido pro pro Solda fazer com sua letra ótima de cartunista a legenda bem sacada embaixo da montagem fotográfica também muito boa.
Mas a história não foi assim. A criação é do Solda. Mas deixa ele contar como foi a coisa. Leiam este texto que tirei agora há pouco do blog dele:
"Trabalhávamos na Múltipla Propaganda, anos 80. Leminski falava o tempo todo que estava aprendendo japonês, para melhor entender a poesia japonesa. Sem nada para fazer, xeroquei a cara do Polaco e coloquei sobre uma gueixa. Tirei uma quantidade enorme de xerox e espalhei pela agência. E a minha brincadeira 'kami quase' saiu no primeiro livro de Leminski, virou nome de site e, tempos depois, ele, o Bandido que Sabia Latim, contou-me que Haroldo de Campos havia considerado a montagem 'uma descoberta genial'. Solda"
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POR José Pires
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Gilberto Gil acorda para a ameaça ao Xingu
Vá entender um sujeito como o Gilberto Gil. O músico cedeu sua música
“Um sonho” para a campanha Xingu +23. Como dá para ver pelo nome, é um
movimento em defesa da preservação do Rio Xingu, tendo como centro a
oposição à construção da Usina de Belo Monte. A música, que é de 1992,
foi uma escolha perfeita e deu um ótimo vídeo. Abaixo passo o link.
Gil conseguiu dar forma poética à discussão sobre a necessidade da
sintonia entre desenvolvimento e respeito ao meio ambiente. O tema é cabuloso e poderia resultar num panfleto musical, mas ele fez uma das mais belas canções brasileiras.
Porém, toda a destruição que ocorre hoje em torno do Rio Xingu foi em
grande parte tramada e levada à frente pelo governo Lula. A própria
construção de Belo Monte é uma de suas idéias fixas. O projeto foi peça
de propaganda importante na eleição de Dilma Rousseff. No meio ambiente
Lula deixa um legado catastrófico, até com o reforço de um discurso
político de desprezo pela ecologia. O ex-presidente petista foi ativo no
desmonte das leis ambientais, desmerecendo de forma jocosa a
fiscalização e a aplicação das regras legais de defesa ecológica.
E enquanto Lula fazia isso, Gilberto Gil participava de seu governo
como ministro da Cultura, com o papel óbvio de contribuir para agregar
ao mito do petista a imagem de político aberto e avançado. Exaltava Lula
enquanto o então presidente soltava seus papos de que entre uma lavoura
de soja e uma perereca ficava com a soja.
E agora Gil põe sua
música “Um sonho” numa campanha ecológica. E a coisa acabou ficando
boa. Gil é um dos artistas brasilleiros mais antenados. É difícil achar
alguém com sua sensibilidade para perceber transformações sociais com
antecipação. “Um sonho” é do álbum “Parabolicamará”, de 1992, ainda em
vinil. É uma surpreendente antevisão desse mundo que estamos vivendo
agora. E ele já vinha falando de várias transformações anos antes, como
fez em "Dia Dorim Noite Neon", que é de 1985. A internet começou no
Brasil em 1988 e é claro que no período em que o músico acionava sua
parabolicamará poucos podiam prever o que viria.
Em 1997 no
álbum “Quanta” ele lançou a música “Pela internet” onde falava em
"gigabytes" e em “Criar meu web site, fazer minha home-page”. Falava
também de "hacker", "promover debate via internet" e em "hot-link". Para
dar uma referência de sua antena aguçada, o primeiro provedor
brasileiro, que é o UOL, foi colocado no ar em abril de 1996.
Agora ele se junta à luta pelo Rio Xingu. Está com a antena fraca. A
preocupação vem com atraso. Pode ser até que não dê mais tempo para
salvar integralmente o rio e a vida em volta dele. As plantações de soja
de que Lula tanto gosta já avançam sobre o Parque do Xingu. Mas, de
qualquer forma, este é o tipo de luta mais importante hoje em dia. Se
um rio como o Xingu acabar degradado será um sinal de que terá sobrado
pouca coisa para se lutar neste país.
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POR José Pires
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Mortos sem justiça
Um dos assassinos da freira Dorothy Mae Stang
recebeu habeas corpus ontem do Supremo Tribunal Federal (STF). A
liberdade do criminoso saiu das mãos do ministro Marco Aurélio Mello e
colocou nas ruas o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, condenado a 30
anos por mandar matar Dorothy, no Pará.
Esse tipo de notícia tem a saudável utilidade de lembrar ao brasileiro como anda a justiça em sua terra. Mostra que passados sete anos um crime bárbaro ainda não teve conclusão jurídica. O fazendeiro ainda estava em prisão preventiva, com seus advogados fazendo aquele jogo que todo mundo conhece. E mesmo para nós que vivemos longe da região onde se deu o crime não é difícil de compreender as razões do juiz que mandou trancafiar o mandante agora solto pelo STF.
Quando não existe punição a um mandante é evidente que não se rompe a cadeia de crimes. E isso é o que permite aos violentos e poderosos instituirem leis próprias sobre os cidadãos de regiões rurais do país e até nas grandes cidades, onde os métodos da pistolagem se impõem por meio de milícias paramilitares.
O assassinato da missionária teve repercussão mundial, além de ter sido um crime extremamente cruel e com o objetivo claro de eliminar uma pessoa que era um empecilho ao roubo de terras do Estado. É bom lembrar aqui algo que poucos destacam quando falam desse crime. Dorothy defendia trabalhadores rurais daquela região em conflitos de terra, mas este assunto não tinha nada a ver com a ocupação de propriedades privadas. O que estava em disputa eram terras públicas tomadas por fazendeiros.
Voltemos ao crime. Os bandidos mataram uma senhora miúda que estava sozinha e era tão pacífica quanto impedida fisicamente de qualquer reação. Não tentou nem gritar por socorro. Contam que procurou convencer seus assassinos e teria até rezado no momento dos tiros. Dizem ainda que estava com uma Bíblia, que mostrou quando perguntaram se estava armada. “Esta é a minha arma”, teria falado aos criminosos.
O assassinato foi classificado como “crime hediondo”, mais esta nossa jabuticaba. E digo jabuticaba pois temos mais um produto extraordinário, típico da incapacidade do Estado brasileiro em resolver problemas pela via normal.
Para mim, se não for em legítima defesa qualquer assassinato tem que ter tratamento rigoroso. Em caso de condenação, jogue-se fora a chave da cela até o cumprimento total da pena. Mas isso é uma opinião pessoal, é claro. E em pleno desacordo com o que temos no país.
E eu estou longe de terras dominadas por pistoleiros. Mas dá para compreender como andam as coisas no Pará e em outros estados da região com extensas áreas em processo de colonização. Mesmo com a ampla divulgação da morte da freira a ação da justiça ainda está neste andamento. Ora, isso facilita aos poderosos a pressão cotidiana sobre a vida das pessoas, com os espancamentos, torturas e assassinatos.
Trabalhadores rurais e índios sofrem nas mãos dessa canalha. No ano em que a freira Dorothy foi morta foram assassinados no campo outros 37 trabalhadores. Os dados são da Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão ligado à Igreja Católica. Nunca soubemos os nomes desses mortos. E nem dos que os mandaram matar.
Esse tipo de notícia tem a saudável utilidade de lembrar ao brasileiro como anda a justiça em sua terra. Mostra que passados sete anos um crime bárbaro ainda não teve conclusão jurídica. O fazendeiro ainda estava em prisão preventiva, com seus advogados fazendo aquele jogo que todo mundo conhece. E mesmo para nós que vivemos longe da região onde se deu o crime não é difícil de compreender as razões do juiz que mandou trancafiar o mandante agora solto pelo STF.
Quando não existe punição a um mandante é evidente que não se rompe a cadeia de crimes. E isso é o que permite aos violentos e poderosos instituirem leis próprias sobre os cidadãos de regiões rurais do país e até nas grandes cidades, onde os métodos da pistolagem se impõem por meio de milícias paramilitares.
O assassinato da missionária teve repercussão mundial, além de ter sido um crime extremamente cruel e com o objetivo claro de eliminar uma pessoa que era um empecilho ao roubo de terras do Estado. É bom lembrar aqui algo que poucos destacam quando falam desse crime. Dorothy defendia trabalhadores rurais daquela região em conflitos de terra, mas este assunto não tinha nada a ver com a ocupação de propriedades privadas. O que estava em disputa eram terras públicas tomadas por fazendeiros.
Voltemos ao crime. Os bandidos mataram uma senhora miúda que estava sozinha e era tão pacífica quanto impedida fisicamente de qualquer reação. Não tentou nem gritar por socorro. Contam que procurou convencer seus assassinos e teria até rezado no momento dos tiros. Dizem ainda que estava com uma Bíblia, que mostrou quando perguntaram se estava armada. “Esta é a minha arma”, teria falado aos criminosos.
O assassinato foi classificado como “crime hediondo”, mais esta nossa jabuticaba. E digo jabuticaba pois temos mais um produto extraordinário, típico da incapacidade do Estado brasileiro em resolver problemas pela via normal.
Para mim, se não for em legítima defesa qualquer assassinato tem que ter tratamento rigoroso. Em caso de condenação, jogue-se fora a chave da cela até o cumprimento total da pena. Mas isso é uma opinião pessoal, é claro. E em pleno desacordo com o que temos no país.
E eu estou longe de terras dominadas por pistoleiros. Mas dá para compreender como andam as coisas no Pará e em outros estados da região com extensas áreas em processo de colonização. Mesmo com a ampla divulgação da morte da freira a ação da justiça ainda está neste andamento. Ora, isso facilita aos poderosos a pressão cotidiana sobre a vida das pessoas, com os espancamentos, torturas e assassinatos.
Trabalhadores rurais e índios sofrem nas mãos dessa canalha. No ano em que a freira Dorothy foi morta foram assassinados no campo outros 37 trabalhadores. Os dados são da Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão ligado à Igreja Católica. Nunca soubemos os nomes desses mortos. E nem dos que os mandaram matar.
POR José Pires
Vida nas cidades
O que você acha da sua cidade para viver? A revista britânica The
Economist fez um estudo sobre 140 cidades no mundo e elegeu as 10
melhores a partir de conceitos como saúde, violência, educação,
infraestrutura e, por fim, meio ambiente e lazer. São do Canadá e da
Austrália a maioria das dez melhores.
Nenhuma grande cidade das
mais conhecidas do mundo entrou no ranking. Paris (16), Tóquio (18),
Berlim (21) e Roma (49) ainda ficaram entres as 50 melhores, mas Nova
York e Londres nem isso. Entre as 50
melhores também não há nenhuma cidade da América Latina. O Rio de
Janeiro ficou junto com São Paulo no 92ª lugar.
Hoje em dia
existe uma proliferação de listas na internet. Tem ranking pra tudo, o
que acaba desacreditando este tipo de avaliação. Mas o estudo da
The Economist é respeitado e vem sendo feito todos os anos. E também não é
preciso lista alguma para sabermos como está difícil viver nas cidades
brasileiras.
É muita a especulação imobiliária, violência,
carência de transporte público, descuido com o meio ambiente e uma
tamanha falta de serviços básicos que atinge até a própria mantutenção
do que já havia de bom há anos atrás em muitas cidades. O brasileiro não
tem sequer calçadas decentes para andar. Até municípios médios já
sofrem uma deterioração da qualidade de vida, com problemas como
poluição, crescimento desordenado e violência, que antes só existiam nas
grandes cidades. O mesmo ocorre em cidades pequenas localizadas em
áreas metropolitanas.
Veja ao lado a lista das dez melhores
cidades e leia aqui a reportagem da revista britânica. Repare na foto que tirei do
site da The Economist (que é de Vancouver, no Canadá) as bicicletas
rodando tranquilas. Este é um requisito básico para viver bem que as
cidades brasileiras não cuidam.
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POR José Pires
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Nota baixa na economia
O governo do PT acaba de ganhar mais uma nota internacional. É na área da economia. O pais tem levado bomba em tudo quanto é indicador social, mas como o governo vinha bombando artificialmente a economia, pelo menos nesta área eram colhidos
elogios. Agora a coisa mudou. O Brasil levou um B do editor para a América Latina do Financial Times, John Paul Rathbone.
"Apenas dois anos atrás, o Brasil tirava nota A, com uma taxa de crescimento de 7,5%”, ele escreveu em seu blog. Fez isso sem destacar que tínhamos então uma eleição que Dilma precisava ganhar a qualquer custo.
O jornalista também coloca em dúvida a eficácia do pacote econômico lançado esta semana. “Quanto do novo pacote será realmente novo?”, ele pergunta, para em seguida lembrar que é preciso reformas mais profundas, como a tributária. Mas aí o Rathbone forçou. Se o governo fizer a reforma tributária de onde vão tirar grana para contentar suas bases políticas?
O pacote de Dilma tem umas privatizações envergonhadas. É o tipo de medida que já vem tarde, mas como acontece sempre com coisas do PT, o governo fica se explicando o tempo todo. Não querem assumir de forma alguma a faceta privatista.
Em economia fala-se bastante em plano B. Pois eles já têm uma nota B. E isso porque o editor do Financial Times ficou só na análise do pacote. Temos ainda outros estorvos sérios numa economia que terá de se esfalfar para alcançar 2% de crescimento. Estão aí a desindustrialização e a falta de mão de obra qualificada em todas as áreas, esta última decorrente da falência da educação em todos níveis. São problemas cujos consertos levam gerações. E é claro que antes é preciso começar
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POR José Pires
"Apenas dois anos atrás, o Brasil tirava nota A, com uma taxa de crescimento de 7,5%”, ele escreveu em seu blog. Fez isso sem destacar que tínhamos então uma eleição que Dilma precisava ganhar a qualquer custo.
O jornalista também coloca em dúvida a eficácia do pacote econômico lançado esta semana. “Quanto do novo pacote será realmente novo?”, ele pergunta, para em seguida lembrar que é preciso reformas mais profundas, como a tributária. Mas aí o Rathbone forçou. Se o governo fizer a reforma tributária de onde vão tirar grana para contentar suas bases políticas?
O pacote de Dilma tem umas privatizações envergonhadas. É o tipo de medida que já vem tarde, mas como acontece sempre com coisas do PT, o governo fica se explicando o tempo todo. Não querem assumir de forma alguma a faceta privatista.
Em economia fala-se bastante em plano B. Pois eles já têm uma nota B. E isso porque o editor do Financial Times ficou só na análise do pacote. Temos ainda outros estorvos sérios numa economia que terá de se esfalfar para alcançar 2% de crescimento. Estão aí a desindustrialização e a falta de mão de obra qualificada em todas as áreas, esta última decorrente da falência da educação em todos níveis. São problemas cujos consertos levam gerações. E é claro que antes é preciso começar
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POR José Pires
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Futuro em risco
Todos os estudos e pesquisas sobre a educação no Brasil deixam muito claro que não é possível ter esperança de curto prazo na construção de uma nação de verdade. Na minha opinião, nem no médio prazo. Recentemente, o Instituto Paulo Monteneg
ro e a organização não-governamental Ação Educativa divulgaram uma pesquisa com a conclusão de que apenas 35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente alfabetizadas.
Isso significa que dois terços das pessoas que frequentaram a escola saíram de lá sem aprender nada. Está todo mundo fingindo. Os que ensinam, quem aprende, e, por cima de tudo isso, toda a estrutura de governo em todas as esferas, além das instituições responsáveis por fiscalizar e cobrar que ao menos não se desenvolva a farsa coletiva em que o país se envolveu.
Outro dado terrível da pesquisa é sobre o ensino superior. Nele está o sintoma mais claro de que a situação fugiu do controle: 38% dos estudantes concluem o ensino superior sem serem plenamente alfabetizados. Mais espantoso do que saber que pessoas formadas estão assim é tomar o conhecimento de que elas conseguiram entrar na universidade.
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POR José Pires
Isso significa que dois terços das pessoas que frequentaram a escola saíram de lá sem aprender nada. Está todo mundo fingindo. Os que ensinam, quem aprende, e, por cima de tudo isso, toda a estrutura de governo em todas as esferas, além das instituições responsáveis por fiscalizar e cobrar que ao menos não se desenvolva a farsa coletiva em que o país se envolveu.
Outro dado terrível da pesquisa é sobre o ensino superior. Nele está o sintoma mais claro de que a situação fugiu do controle: 38% dos estudantes concluem o ensino superior sem serem plenamente alfabetizados. Mais espantoso do que saber que pessoas formadas estão assim é tomar o conhecimento de que elas conseguiram entrar na universidade.
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POR José Pires
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Joe Kubert, o mestre da síntese
Joe Kubert morreu neste domingo nos Estados Unidos, aos 85 anos. Era uma das figuras lendárias dos quadrinhos americanos. Escrevi sobre ele há cerca de três meses. Republico no post abaixo o texto que leva a um link muito legal onde dá para vê-lo desenhado junto com Neal Adams e o grande Moebius.
Kubert nasceu na Polônia e sua família foi para os Estados Unidos quando ele tinha ainda dois meses de idade. É um dos muitos imigrantes que construíram aquela terra. Sempre foi um dos desenhistas de que mais gostei. Tem o traço sintético, com uma liberdade de mão que até foge dos padrões dos quadrinhos americanos. Seu desenho é mais próximo dos quadrinhos europeus, na linha de artistas como Moebius e Hugo Pratt.
O desenhista começou a carreira no estúdio de Will Eisner, onde foi contratado pelo criador do Spirit para “varrer o chão, apagar os restos de lápis, retocar e limpar trabalhos”, como ele mesmo diz numa ótima conversa entre os dois publicada em um livro de Eisner com a edição de várias entrevistas feitas de forma informal. São ótimas conversas sobre a técnica dos quadrinhos e a vida dos artistas. Neste livro, Eisner conversa com com vários desenhistas de quadrinhos, entre eles Jack Kirby, Neal Adams, Milton Cannif, Jack Davis e Harvey Kurtzman. Descobri na internet uma boa tradução em português da entrevista com Kubert, uma das melhores do livro. Depois publico o link.
Na minha opinião, Kubert fez o melhor Tarzan. E falo isso sobre um personagem que foi desenhado também por Hal Foster e Burne Hogarth. Ele é genial nas sequências de ação, na forma como sintetiza as figuras e as cenas. É por meio de um desenho muito simples, que conduz a história com intensidade. Quem conhece o riscado sabe que esta simplicidade não é fácil de alcançar. Sua capacidade de sugestão me lembra sempre aquela lição técnica do escritor Ernest Hemingway, quando ele ensina a importância de mostrar apenas a ponta do iceberg.
Na conversa publicada no livro de Will Eisner, ele define bem essa liberdade no desenho. Entre os quadrinhistas da sua geração era uma prática ter um esboço preliminar bem definido antes de desenhar a arte final com tinta, usando a pena e o pincel. Mas Kubert já fazia direto a partir de um rápido esquema feito à lápis. Para Eisner, ele explicou que evitava o uso de esboços detalhados porque isso acabava limitando o trabalho, com a “sensação de que tudo se torna rígido”. Nesta conversa entre dois grandes mestres, ele disse: “Toda vez que refaço um desenho, ele se torna menos espontâneo”.
Kubert desenhou vários heróis, inclusive Super-Homem e Batman, mas ficou muito conhecido como o autor do Sargento Rock, histórias de guerra que criou com o roteirista Robert Kanigher. A história se passa na Segunda Guerra Mundial, o que exigia desenhar toda aquela parafernália militar da época. É admirável sua habilidade ao passar ao leitor num traço sintético todo o clima da tensão e risco vivido nas lutas contra os nazistas.
POR José Pires
Kubert nasceu na Polônia e sua família foi para os Estados Unidos quando ele tinha ainda dois meses de idade. É um dos muitos imigrantes que construíram aquela terra. Sempre foi um dos desenhistas de que mais gostei. Tem o traço sintético, com uma liberdade de mão que até foge dos padrões dos quadrinhos americanos. Seu desenho é mais próximo dos quadrinhos europeus, na linha de artistas como Moebius e Hugo Pratt.
O desenhista começou a carreira no estúdio de Will Eisner, onde foi contratado pelo criador do Spirit para “varrer o chão, apagar os restos de lápis, retocar e limpar trabalhos”, como ele mesmo diz numa ótima conversa entre os dois publicada em um livro de Eisner com a edição de várias entrevistas feitas de forma informal. São ótimas conversas sobre a técnica dos quadrinhos e a vida dos artistas. Neste livro, Eisner conversa com com vários desenhistas de quadrinhos, entre eles Jack Kirby, Neal Adams, Milton Cannif, Jack Davis e Harvey Kurtzman. Descobri na internet uma boa tradução em português da entrevista com Kubert, uma das melhores do livro. Depois publico o link.
Na minha opinião, Kubert fez o melhor Tarzan. E falo isso sobre um personagem que foi desenhado também por Hal Foster e Burne Hogarth. Ele é genial nas sequências de ação, na forma como sintetiza as figuras e as cenas. É por meio de um desenho muito simples, que conduz a história com intensidade. Quem conhece o riscado sabe que esta simplicidade não é fácil de alcançar. Sua capacidade de sugestão me lembra sempre aquela lição técnica do escritor Ernest Hemingway, quando ele ensina a importância de mostrar apenas a ponta do iceberg.
Na conversa publicada no livro de Will Eisner, ele define bem essa liberdade no desenho. Entre os quadrinhistas da sua geração era uma prática ter um esboço preliminar bem definido antes de desenhar a arte final com tinta, usando a pena e o pincel. Mas Kubert já fazia direto a partir de um rápido esquema feito à lápis. Para Eisner, ele explicou que evitava o uso de esboços detalhados porque isso acabava limitando o trabalho, com a “sensação de que tudo se torna rígido”. Nesta conversa entre dois grandes mestres, ele disse: “Toda vez que refaço um desenho, ele se torna menos espontâneo”.
Kubert desenhou vários heróis, inclusive Super-Homem e Batman, mas ficou muito conhecido como o autor do Sargento Rock, histórias de guerra que criou com o roteirista Robert Kanigher. A história se passa na Segunda Guerra Mundial, o que exigia desenhar toda aquela parafernália militar da época. É admirável sua habilidade ao passar ao leitor num traço sintético todo o clima da tensão e risco vivido nas lutas contra os nazistas.
Neal Adams, Moebius e Joe Kubert, ainda bem jovens num encontro que ocorreu em 1972. O desenhista francês Moebius, que morreu em março deste ano aos 74 anos, tinha então 34 anos......................
Neal Adams é um dos grande renovadores dos quadrinhos tradicionais da DC Comics, dos Estados Unidos. A partir da década de 70 ele deu uma grande mexida no universo de heróis como Batman e Super-Homem. O Batman feito por ele se tornou mais sombrio e realista. Seu trabalho é mais próximo da linha tradicional dos quadrinhos americanos, mas é muito bom.
Joe Kubert também é americano e sua carreira é igualmente ligada à produção editorial americana. É autor de Sargento Rock, história que se passa na Segunda Guerra Mundial, e também desenhou vários heróis conhecidos, inclusive os já citados Super-Homem e Batman. Ele veio do que há de melhor nos quadrinhos: foi assistente de Will Eisner no começo da profissão. Suas histórias do Tarzan são as melhores do famoso herói das selvas africanas. Tem um desenho sintético, absolutamente limpo e muito livre no traço. Kubert é tão hábil neste ofício que fez ficar bom até o banal herói do faroeste Tex, para o qual desenhou uma longa história.
E Moebius é o fantástico desenhista que primeiro ficou famoso com as histórias do Tenente Blueberry, passadas no velho oeste americano, mas com suas revistas editadas na França. Estas ele assinava como Jean Giraud, ou Gir. Do velho oeste ele saltou para histórias de ficção científica ou situadas em mundos tão estranho que parecem estar mais no círculo de sonhos jamais imaginados. Foi quando virou Moebius e com esta assinatura elevou os quadrinhos a um patamar artístico de grande beleza e criatividade.
A cena mostra os três logo depois de eles terminarem o desenho que está atrás e cuja feitura foi toda filmada. Para ver o vídeo, clique aqui.
(Publicação original no dia 27 de maio de 2012)
POR José Pires
sábado, 11 de agosto de 2012
As cotas do poder
Uma imagem que ilustra muito bem o sistema de cotas no Brasil é a foto distribuída pelo próprio Senado, onde seu presidente, José Sarney, recebe conselheiros nacionais de Políticas de Igualdade Racial da Presidência da República (veja abaix
o). Ora, os defensores das políticas de cotas afirmam que elas devem ser instituídas como reparação aos negros e aos estudantes de escolas públicas. Na tese desses militantes cotistas elas viriam para estabelecer uma igualdade social.
O senador José Sarney é um apoiador do projeto de cotas e não é difícil entender sua entusiasmada adesão ao projeto. As cotas acabam dando um fecho perfeito ao projeto desenvolvido em uma carreira política de mais de meio século.
O presidente do Senado é o chefe de uma oligarquia política que há pelo menos 50 anos domina o Maranhão, atualmente governado por sua filha. O estado tem um alto percentual de negros entre sua população, estimados em cerca de 70% no último censo. Em qualquer índice social o Maranhão aparece sempre nos níveis mais baixos. Em pobreza só é suplantado pelo Piauí. Saúde e educação no estado são péssimas.
E não existe hoje nenhum brasileiro que tenha tido tanto poder quanto Sarney para mudar este dramático quadro social não só do Maranhão como também também do Brasil por inteiro. Desde a ditadura militar o senador frequenta o poder em nosso país e mesmo hoje, no governo Dilma, ele é uma das figuras mais determinantes, com uma capacidade de mando que exerceu também nos dois governos de Lula e também anteriormente nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Além disso, Sarney foi presidente da República por cinco anos, antes das eleições diretas.
Ele teve a chance por esse anos todos de mudar o quadro de miserabilidade que aí está e que atinge indistintamente a negros e pobres. Nas suas mãos estiveram também os instrumentos para melhorar a educação pública, de forma que todo estudante pudesse concorrer em igualdade de condições a uma vaga no ensino superior.
Mas Sarney fez exatamente o contrário disso, num processo que não partiu de nenhuma dificuldade pessoal para encaminhar ao menos a criação de um sistema educacional de qualidade e uma realidade com maior justiça social. Sarney não errou de forma alguma. Foi um projeto muito bem executado. A pobreza acompanhada da falta de educação e de cultura são essenciais para manter um eleitorado dócil ao interesse da oligarquia representada por ele.
O fecho que as cotas dão a este projeto político de submissão de todo um povo é o de trazer uma suposta solução para males que Sarney e seus colegas vêm desenvolvendo há tantos anos. É o crime perfeito, de um político que se gaba de um remédio para a doença que ele mesmo criou.
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POR José Pires
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Insulto racialista
Esta militância cínica e azucrinadora que gosta de se fazer de indignada com certos fatos apenas quando convêm aos interesses governistas deve ter suas orelhas puxadas por não se manifestar quando o país é insultado de fato em falas como a do senador Paulo Paim (PT-RS), ao comemorar a aprovação das cotas raciais pelo Senado.
Veja o que o senador disse: “É uma reparação de anos e anos de exclusão racial e social. Não é justo que o preto e pobre trabalhe de dia para pagar a universidade e estudar à noite enquanto o branco descansa o dia todo”.
É impressionante, mas não é espantoso, pois a militância racialista que defende as cotas tem seguido um discurso parecido, numa linha de confrontação com os brancos. Mas eu quero perguntar aos brancos do PT ou às pessoas que costumam defender este governo se quando fizeram a universidade descansavam o dia todo. Eu não conheço branco nenhum que tenha descansado à larga, como diz o senador petista. E olhem que tenho relações pessoais com muita gente que fez o ensino superior.
O que sei é de muito brancos que tiveram de se esforçar muito para fazer um curso superior, muitos deles tendo que trabalhar enquanto estudavam e a maioria se mantendo com dificuldade com o pouco que a família podia dispor. E todos, com certeza, com os custos da sua preparação em escolas privadas sendo pagos com o maior esforço por seus pais, depois que estes perderam a confiança numa educação pública abandonada pelos dirigentes deste país.
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POR José Pires
Veja o que o senador disse: “É uma reparação de anos e anos de exclusão racial e social. Não é justo que o preto e pobre trabalhe de dia para pagar a universidade e estudar à noite enquanto o branco descansa o dia todo”.
É impressionante, mas não é espantoso, pois a militância racialista que defende as cotas tem seguido um discurso parecido, numa linha de confrontação com os brancos. Mas eu quero perguntar aos brancos do PT ou às pessoas que costumam defender este governo se quando fizeram a universidade descansavam o dia todo. Eu não conheço branco nenhum que tenha descansado à larga, como diz o senador petista. E olhem que tenho relações pessoais com muita gente que fez o ensino superior.
O que sei é de muito brancos que tiveram de se esforçar muito para fazer um curso superior, muitos deles tendo que trabalhar enquanto estudavam e a maioria se mantendo com dificuldade com o pouco que a família podia dispor. E todos, com certeza, com os custos da sua preparação em escolas privadas sendo pagos com o maior esforço por seus pais, depois que estes perderam a confiança numa educação pública abandonada pelos dirigentes deste país.
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POR José Pires
Mensalão e outras palavras
Os advogados do PT vieram com a proposta de censurar a palavra “mensalão” do noticiário da imprensa. É difícil que eles descubram um meio de fazer isso sem que seja baixando uma ditadura no país, uma ideia que até é tentadora para vários dirigentes petistas, mas que felizmente encontra forte oposição na sociedade civil.
Aliás, a própria criação do... mensalão foi exatamente para encaminhar este projeto de submissão do país a um único partido. A perenização do PT no poder ter ia uma base na compra dos votos de parlamentares de outros partidos. O mensalão foi um dos ataques mais graves já feitos à democracia no Brasil acabou sendo descoberto apenas porque houve um desacordo na partilha com o PTB de Roberto Jefferson.
A idéia da censura ao uso da palavra “mensalão” é tão estúpida que até virou piada, mas que ninguém duvide que os petistas ainda a levem adiante. Não seria a primeira vez que eles assumiriam com fanatismo uma proposta idiota. Mas caso os advogados petistas resolvam encaminhar uma ação jurídica para censurar a palavra “mensalão” seria muito mais prático juntar uma porção de palavras incômodas ao PT.
A lista é muito grande, já que as tretas são tantas que este partido pode estrelar uma vasta enciclopédia de escândalos de corrrupção e outros delitos. Como uma modesta contribuição damos aqui uma pequena lista do que pode ser proibido junto com a palavra... mensalão.
POR José Pires
Aliás, a própria criação do... mensalão foi exatamente para encaminhar este projeto de submissão do país a um único partido. A perenização do PT no poder ter ia uma base na compra dos votos de parlamentares de outros partidos. O mensalão foi um dos ataques mais graves já feitos à democracia no Brasil acabou sendo descoberto apenas porque houve um desacordo na partilha com o PTB de Roberto Jefferson.
A idéia da censura ao uso da palavra “mensalão” é tão estúpida que até virou piada, mas que ninguém duvide que os petistas ainda a levem adiante. Não seria a primeira vez que eles assumiriam com fanatismo uma proposta idiota. Mas caso os advogados petistas resolvam encaminhar uma ação jurídica para censurar a palavra “mensalão” seria muito mais prático juntar uma porção de palavras incômodas ao PT.
A lista é muito grande, já que as tretas são tantas que este partido pode estrelar uma vasta enciclopédia de escândalos de corrrupção e outros delitos. Como uma modesta contribuição damos aqui uma pequena lista do que pode ser proibido junto com a palavra... mensalão.
CASO LUBECA TONINHO DO PT, DOSSIÊ VEDOIN, CASO CELSO DANIEL, ALOPRADOS, BURATTI, LEÃO LEÃO, DINHEIRO DE CUBA NA CAMPANHA, DÓLARES NA CUECA, BINGOS, FARC, FORO DE SÃO PAULO, DELTA, CASEIRO FRANCENILDO, SANGUESSUGAS, RENANGATE, DOSSIÊ FALSO CONTRA RUTH CARDOSO, COMPADRE DO LULA, CASO DOS CARTÕES CORPORATIVOS, OKAMOTTO E A DÍVIDA DO PT, TAPIOCA, PROPINA NO MINISTÉRIO DO TRABALHO, BANCOOP, SATIAGRAHA, GAMECORP, LULINHA, CORREIOS, CPI DAS ONGS, BANCO PANAMERICANO, CASO ERENICE GUERRA......................
POR José Pires
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Coloque outra ficha
Se fosse pobre roubando xampu em supermercado o xilindró já estaria com a porta trancada, mas neste caso o processo ainda vai longe até determinar uma possível penalização da TIM. Se é que vai acontecer alguma coisa, pois todas as operadoras vêm aprontando há bastante tempo com o consumidor e a Anatel só deu as caras neste período eleitoral. É duvidoso que o governo mantenha esta presteza após as eleições.
O governo do PT já vai completar dez anos. A privatização das teles é de antes de Lula botar a faixa na barriga. Mas só em novembro a Anatel pretende começar uma fiscalização para acompanhar os problemas nos planos de internet fixa e móvel. Se é que vai começar mesmo, pois, repito, em menos de três meses não será mais preciso caitituar o voto do eleitor.
A avaliação feita pela Anatel sobre as quedas nas ligações do plano Infinity mostra que o lucro é grande. Em um único dia (8 de março deste ano) a grana embolsada pela empresa com as interrupções chega a R$ 4,3 milhões. Segundo os sites que deram a notícia, a TIM foi procurada mas não se manifestou sobre a ação. E se o usuário quiser ligar para saber de alguma coisa, com certeza vai ficar ouvindo aquele lero-lero gravado que todas as operadoras colocam para forçar o consumidor a desistir de qualquer queixa.
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POR José Pires
sábado, 4 de agosto de 2012
Unidade tardia
Leio na internet uma entrevista com o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo onde ele se mostra animado. "A esquerda paraguaia nunca esteve num melhor momento", ele diz. Lugo foi cassado pelo Senado há pouco tempo, como todo mundo sabe.
Mas o que chama a atenção mesmo é quando o ex-presidente paraguaio diz que eles estão se reunindo todos os dias para discutir um projeto nacional, lembrando que "nunca antes 12 partidos e oito movimentos sentaram juntos".
Na época da ditadura no Brasil falava-se muito que a esquerda só se unia na cadeia e isso era um fato. Todos esses movimentos de esquerda, incluindo os grupos armados, sofriam rachas o tempo todo. Chega a ser estúpida a ideia de um grupo reduzido de pessoas que ao mesmo tempo em que são acossadas por uma polícia cruel brigam entre si e criam dissidências. Mas a esquerda armada era capaz disso.
Mesmo o projeto de uma ampla frente democrática contra a ditadura militar sofria o tempo todo ataques desses setores políticos. Em vários momentos essa esquerda que depois criou o PT batia mais nos democratas do que na ditadura. Enfim, o pessoal não se unia mesmo a não ser na cadeia.
Mas está aí uma novidade vinda do Paraguai. A esquerda se une também quando é chutada do poder.
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POR José Pires
Mas o que chama a atenção mesmo é quando o ex-presidente paraguaio diz que eles estão se reunindo todos os dias para discutir um projeto nacional, lembrando que "nunca antes 12 partidos e oito movimentos sentaram juntos".
Na época da ditadura no Brasil falava-se muito que a esquerda só se unia na cadeia e isso era um fato. Todos esses movimentos de esquerda, incluindo os grupos armados, sofriam rachas o tempo todo. Chega a ser estúpida a ideia de um grupo reduzido de pessoas que ao mesmo tempo em que são acossadas por uma polícia cruel brigam entre si e criam dissidências. Mas a esquerda armada era capaz disso.
Mesmo o projeto de uma ampla frente democrática contra a ditadura militar sofria o tempo todo ataques desses setores políticos. Em vários momentos essa esquerda que depois criou o PT batia mais nos democratas do que na ditadura. Enfim, o pessoal não se unia mesmo a não ser na cadeia.
Mas está aí uma novidade vinda do Paraguai. A esquerda se une também quando é chutada do poder.
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POR José Pires
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Futilidade fora de hora
Parte da imprensa brasileira tem seu lado cafajeste que se destaca toda vez que aparece em qualquer assunto uma mulher bonita (ou mais vistosa, digamos assim, já que pro meu gosto...). O monte de tolices que esse pessoal publica acaba até prejudicando muitos assuntos importantes. Esse tipo de jornalismo rastaquera e fora do contexto cria uma zoeira que atrapalha o conteúdo dos que estão trabalhando direito. Isso tem acontecido em vários casos políticos, mesmo que não haja nada de importante na aparição da figura embonecada que logo é chamada de “musa” ou algo parecido e muitas vezes até vira a estrela onde não passa de adorno.
Foi o que aconteceu nesses dias com Andressa Mendonça, mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Hoje ela pagou R$ 100 mil para evitar ser presa, mas antes disso ela vinha sendo tratada por muitos como se fosse uma doce criatura desvinculada de Cachoeira e sua ilegalidades. Era a bela apaixonada que derramava lágrimas pelo m arido.
Como sempre a idiotia foi às alturas. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) chegou a elogiar o que ela disse sobre o marido numa entrevista. As palavras de Miro Teixeira: “A senhora do Cachoeira [ela mesma, Andressa Mendonça] foi muito feliz ao dizer, em uma entrevista, que a vida ia muito bem quando ele só mexia com bingos. Que quando começou a se meter com políticos corruptos, ele começou a se dar muito mal”.
Coitado do Cachoeira, não é mesmo? Levava uma vida pacata com seus bingos até que teve o caminho desvirtuado por maus políticos. E isso saiu da boca de um dos deputados mais antigos do Congresso. Puta velha, como se diz em vários lugares, inclusive em Brasília. Sorte que Andressa Mendonça quase foi presa depois de acusada de chantagem ao juiz, senão o deputado poderia ser capaz até de chamar a “senhora do Cachoeira” para ajudar nos trabalhos da CPI.
A chantagem ao juiz fez da aparição de Andressa Mendonça um jogo rápido. Neste caso, a “musa” escancarou logo ao que veio, mas se não tivesse acontecido uma coisa dessas ainda teríamos que aguentar muito besteirol em torno dela. Talvez pintasse até um bom convite da Playboy para (com todo o respeito) a “senhora da Cachoeira”.
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POR José Pires
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Foi o que aconteceu nesses dias com Andressa Mendonça, mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Hoje ela pagou R$ 100 mil para evitar ser presa, mas antes disso ela vinha sendo tratada por muitos como se fosse uma doce criatura desvinculada de Cachoeira e sua ilegalidades. Era a bela apaixonada que derramava lágrimas pelo m arido.
Como sempre a idiotia foi às alturas. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) chegou a elogiar o que ela disse sobre o marido numa entrevista. As palavras de Miro Teixeira: “A senhora do Cachoeira [ela mesma, Andressa Mendonça] foi muito feliz ao dizer, em uma entrevista, que a vida ia muito bem quando ele só mexia com bingos. Que quando começou a se meter com políticos corruptos, ele começou a se dar muito mal”.
Coitado do Cachoeira, não é mesmo? Levava uma vida pacata com seus bingos até que teve o caminho desvirtuado por maus políticos. E isso saiu da boca de um dos deputados mais antigos do Congresso. Puta velha, como se diz em vários lugares, inclusive em Brasília. Sorte que Andressa Mendonça quase foi presa depois de acusada de chantagem ao juiz, senão o deputado poderia ser capaz até de chamar a “senhora do Cachoeira” para ajudar nos trabalhos da CPI.
A chantagem ao juiz fez da aparição de Andressa Mendonça um jogo rápido. Neste caso, a “musa” escancarou logo ao que veio, mas se não tivesse acontecido uma coisa dessas ainda teríamos que aguentar muito besteirol em torno dela. Talvez pintasse até um bom convite da Playboy para (com todo o respeito) a “senhora da Cachoeira”.
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POR José Pires
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Imagem: Andressa Mendonça, a "musa" que virou abóbora muito cedo, num recorte do site do jornal "Extra" nos poucos dias em que encantou um certo tipo de jornalismo.