Desde antes de subir ao poder era muito forte no PT o hábito de tentar destruir reputações de forma leviana. Com a presidência da República e o surgimento de vastas roubalheiras, o partido sistematizou este hábito e aproveitou a ampliação que a internet pode dar a qualquer tipo de maledicência. Hoje existe uma rede de blogs e sites que atuam especificamente no campo do ataque a qualquer um que eles tomem por adversário.
É claro que com este método apareceram barbaridades sem sentido no próprio teor da, digamos assim, denúncia. Existem ataques tão baixos que não não resistem sequer a uma análise lógica. Uma das vítimas deste descarado mau-caratismo foi o jornalista Boris Casoy, numa situação desastrada quando vazou uma parte de uma conversa sua com colegas do estúdio no final do programa de jornalismo que apresenta na Rede Bandeirantes. Isso aconteceu em dezembro de 2009 e foi feito depois pela internet um escarcéu dos diabos com o episódio.
Esta semana Casoy foi absolvido de um processo que pedia o pagamento de R$ 3,5 milhões (isso mesmo, milhões) ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A decisão foi do Tribunal de Justiça de São Paulo. Anteriormente, o jornalista já havia pagado indenização aos garis que se sentiram ofendidos, o que na minha opinião também não é justo. A penalização devia ser de quem posteriormente fez uso político da conversa em ambiente fechado. Mas deixemos assim.
Esta decisão de agora é que tem realmente importância porque parece que temos a derrota da máquina política colocada em movimento para sufocar um jornalista. O processo foi movido pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana
e Ambiental de Ribeirão Preto.
A fala de Boris Casoy foi de fato infeliz. Durante a apresentação final dos créditos do jornal que apresenta na Rede Bandeirantes, ele fez um comentário aos colegas de estúdio sem saber que seu microfone ainda estava ligado. Foi depois de uma reportagem com dois lixeiros desejando feliz Ano Novo. "Que merda", ele disse "Dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho". No dia seguinte ao episódio o jornalista pediu desculpas no mesmo programa. Como eu já disse, é uma fala das mais infelizes, mas acontece que foi feita entre colegas, num tom de gozação. E pode ter sido apenas uma provocação, dessas que costumam ocorrer num ambiente de trabalho.
Porém, independente do que o jornalista pensa de fato sobre a matéria que finalizou o jornal, sua fala se deu em ambiente fechado. Foi o vazamento e a ampla divulgação posterior que fez desse comentário um fato político aumentado propositalmente para pressioná-lo. E a razão de fazer de Casoy um alvo preferencial é sua posição independente e crítica ao governo do PT, o que vem fazendo deste que saiu da Folha de S. Paulo e fez uma carreira de sucesso no jornalismo televisivo, quebrando inclusive o padrão de apresentadores bonitinhos que dominava até então na televisão brasileira. Antes do programa na Bandeirantes, o jornalista havia sido demitido da Rede Record por evidentes pressões vindas de Brasília, quando Lula era presidente. Esta vitória de agora do Boris Casoy não é só dele. Ganhou também a liberdade de expressão e a independência política.
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Por José Pires