sexta-feira, 26 de julho de 2013

A derrota da máquina de destruir reputações

Desde antes de subir ao poder era muito forte no PT o hábito de tentar destruir reputações de forma leviana. Com a presidência da República e o surgimento de vastas roubalheiras, o partido sistematizou este hábito e aproveitou a ampliação que a internet pode dar a qualquer tipo de maledicência. Hoje existe uma rede de blogs e sites que atuam especificamente no campo do ataque a qualquer um que eles tomem por adversário.

É claro que com este método apareceram barbaridades sem sentido no próprio teor da, digamos assim, denúncia. Existem ataques tão baixos que não não resistem sequer a uma análise lógica. Uma das vítimas deste descarado mau-caratismo foi o jornalista Boris Casoy, numa situação desastrada quando vazou uma parte de uma conversa sua com colegas do estúdio no final do programa de jornalismo que apresenta na Rede Bandeirantes. Isso aconteceu em dezembro de 2009 e foi feito depois pela internet um escarcéu dos diabos com o episódio.

Esta semana Casoy foi absolvido de um processo que pedia o pagamento de R$ 3,5 milhões (isso mesmo, milhões) ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A decisão foi do  Tribunal de Justiça de São Paulo. Anteriormente, o jornalista já havia pagado indenização aos garis que se sentiram ofendidos, o que na minha opinião também não é justo. A penalização devia ser de quem posteriormente fez uso político da conversa em ambiente fechado. Mas deixemos assim.

Esta decisão de agora é que tem realmente importância porque parece que temos a derrota da máquina política colocada em movimento para sufocar um jornalista. O processo foi movido pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana
e Ambiental de Ribeirão Preto.

A fala de Boris Casoy foi de fato infeliz. Durante a apresentação final dos créditos do jornal que apresenta na Rede Bandeirantes, ele fez um comentário aos colegas de estúdio sem saber que seu microfone ainda estava ligado. Foi depois de uma reportagem com dois lixeiros desejando feliz Ano Novo. "Que merda", ele disse "Dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho". No dia seguinte ao episódio o jornalista pediu desculpas no mesmo programa. Como eu já disse, é uma fala das mais infelizes, mas acontece que foi feita entre colegas, num tom de gozação. E pode ter sido apenas uma provocação, dessas que costumam ocorrer num ambiente de trabalho.

Porém, independente do que o jornalista pensa de fato sobre a matéria que finalizou o jornal, sua fala se deu em ambiente fechado. Foi o vazamento e a ampla divulgação posterior que fez desse comentário um fato político aumentado propositalmente para pressioná-lo. E a razão de fazer de Casoy um alvo preferencial é sua posição independente e crítica ao governo do PT, o que vem fazendo deste que saiu da Folha de S. Paulo e fez uma carreira de sucesso no jornalismo televisivo, quebrando inclusive o padrão de apresentadores bonitinhos que dominava até então na televisão brasileira. Antes do programa na Bandeirantes, o jornalista havia sido demitido da Rede Record por evidentes pressões vindas de Brasília, quando Lula era presidente. Esta vitória de agora do Boris Casoy não é só dele. Ganhou também a liberdade de expressão e a independência política.
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Por José Pires

quinta-feira, 25 de julho de 2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

PT, saudações


É possível fazer uma lista bem grande de defeitos graves que comprovam a falência do PT como partido. E nem é preciso arrolar a roubalheira que deu em uma diversidade de escândalos.  Podemos ficar só nos defeitos relativos à estrutura orgânica de um partido. E o pior defeito hoje do PT é sua carência de quadros e, pior ainda, de lideranças com votos.

Esta carência de quadros partidários pode ser vista nesta conversa de sempre sobre a terceira candidatura do ex-presidente Lula. O assunto voltou agora com a evidente queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff, comprovada em pesquisas. O partido mostra que fracassou quando só tem Lula para apresentar como candidato forte. Nem Dilma serve mais.

O desmonte do PT vem sendo feito desde 1985 por duas figuras vistosas do partido: Lula e José Dirceu. O serviço começou eliminando quadros de extrema-esquerda no final dos anos 80 e avançou até a eleição de Lula, em 2002, calando ou botando fora quem não afinava com a transformação do partido numa máquina de ganhar eleições a qualquer custo.

Da eleição de Lula em diante os quadros foram se estreitando forçosamente em torno do projeto de poder da cúpula. Uma consequência desastrosa foi a perda gradativa de gente de qualidade, o que pode-se ver até na dificuldade de governar. Os desvios éticos cada vez mais graves foram também fazendo muitos irem embora por conta própria. Sei de militantes dedicados que na década de 90 fizeram questão de devolver as bandeiras vermelhas no diretório municipal do partido.

O PT sofreu uma depuração pesada, com a eliminação de gente que ao menos tinha capacidade técnica. Eram membros do partido com profissão definida e carreiras profissionais respeitáveis conquistadas com esforços próprio, sem os recursos da política e sem o uso da desonestidade dos tráficos de influência. Foi-se um capital humano de qualidade, matéria essencial na feitura de um partido..

Hoje as áreas de liderança do partido estão compostas de políticos profissionais, um defeito que se espalha pelo país afetando inclusive os diretórios municipais.  Muitos de seus membros não fazem há décadas outra coisa na vida que política. E uma grande parte dos que dominam hoje o partido só fez isso na vida. A própria presidente Dilma é um exemplo disso. Desde a década de 80 está pendurada em algum cargo, no início agregada ao poder do falecido Leonel Brizola e agora grudada em Lula, eterna ameaça de tomar seu lugar na eleição do ano que vem.

O PT faliu como partido. Não deve acabar, mas definitivamente não tem mais como acomodar qualquer projeto orgânico de renovação política e administrativa. Com Lula ou Dilma, disputará a próxima eleição na mesma categoria em que estão os demais partidos: uma agremiação de políticos profissionais que tem como pauta apenas seus interesses pessoais.
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Por José Pires

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O companheiro do falido

Com a falência, Eike Batista passou a ser severamente criticado e até gozado nos útimos dias. Não são poucas as acusações. Ele é condenado até por afetar a credibilidade brasileira na atração de investimentos externos.

De fato, como empresário Eike (tratado assim, nesta falsa intimidade da vassalagem costumeira de parte da imprensa aos ricos e poderosos) merece muitas críticas, mas não devemos esquecer uma figura essencial na impressionante ascenção do empresário aos píncaros do sucesso, de onde agora desaba. Apesar de graúdo em dinheiro, no aspecto político ele é peixe pequeno no desastre que parece atingir o país iludido na sedução do desenvolvimento bancado pela grana fácil do pré-sal.

Nas empreitadas ilusórias do tipo em que Eike esteve metido sempre transita um "sócio", que no jorro de lorotas econômicas e sociais ganhou até agora enormidades em apoios políticos e votos e talvez até em espécie, já que não acredito que político algum faça milionários da noite para o dia apenas por ter bom coração.

Agora que a crise mostra que não é de marolinha, quem tem que ser cobrado é o "sócio", que está na chefia já na terceira etapa de um projeto que faz o Brasil perder toda vez que eles ganham. O "sócio" e seus companheiros é que devem pagar pelos poços agora secos de esperança e espalhados pelo país afora.
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Por José Pires

O plebiscito que não deu quorum

O problema de reunião de emergência é dela sair uma ideia de emergência. É o caso dessa proposta de fazer um plebiscito, que até agora ninguém do governo conseguiu explicar direito para que exatamente poderia servir. Começou com a proposta de uma Constituinte exclusiva, mudaram para o tal do plebiscito e pelo jeito não vai ter coisa alguma. Não conseguiram o apoio nem da base governista. Talvez devessem ter feito antes um plebiscito entre eles.

Dilma Rousseff ouviu a voz das ruas e não entendeu direito. A moçada protestou contra vários problemas, mas a síntese das questões levantadas nas manifestações é muito óbvia: vai trabalhar, vagabundo! Ou, respeitando a questão de gênero, vagabunda!

Aí ela fez a tal reunião de emergência (marcou para o dia seguinte) de onde apareceu o plebiscito que não agrada a ninguém e nem tem possibilidade legal de ser feito agora. Não gaste saliva com este assunto. Não vai ter plebiscito algum. Chamaram a imprensa antes de ouvir alguém que entende do assunto e agora passam por mais este vexame.

Este é o estilo petista de governar. O bater de cabeças já foi engraçado há algum tempo atrás, mas ninguém tem paciência mais para rir. É piada velha, que já perdeu seu tempo e lugar. E o pior é que nós estamos nela.
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Por José Pires