quinta-feira, 24 de julho de 2014

Lula e suas tretas de tribunal

O Tribunal de Contas da União chegou ao montante do prejuízo da compra pela Petrobras da refinaria Pasadena, no Texas: R$ 1,6 bilhão. É uma fortuna. E este é apenas um dos negócios feitos ruinosamente na estatal brasileira durante o governo do PT. Tem outras contas para o brasileiro pagar. Onze diretores foram condenados a devolver o dinheiro e tiveram os bens bloqueados por um ano. Entre eles está José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa e maioral petista que antes dos escândalos era cotado para ser o candidato do partido ao governo da Bahia.

O julgamento do TCU trouxe um fato muito interessante: a entrada do ex-presidente Lula na jogada. Não, ele ainda não foi responsabilizado por nada. Lula tentou interferir no resultado, para que não houvesse condenação no TCU. Para isso ele conversou com Múcio Monteiro, ministro do tribunal que ocupou a pasta das Relações Institucionais em seu governo. Outros membros do TCU foram pressionados. José Jorge, relator do caso, foi ameaçado com denúncias, inclusive sobre sua vida pessoal. Dizem que para abafar o caso até uma vaga no Supremo Tribunal Federal apareceu como moeda de troca. Pois é: sempre tem mais fundo para cavar no poço quando se trata desse governo.

A vaga oferecida é a que o ministro Joaquim Barbosa vai deixar. Isso mostra muito bem a forma que Lula usa o poder. Não é a primeira vez que ele tenta mudar um resultado de tribunal que prejudica seus companheiros e, por extensão, complica sua imagem e seus planos eleitorais. Isso faz lembrar sua ameaça ao ministro Gilmar Mendes, quando o julgamento dos mensaleiros estava no início no Supremo Tribunal Federal. Lula procurou o ministro do STF em seu escritório e na cara dura o ameaçou com supostas revelações de ilegalidades. Sua chantagem foi repelida e Gilmar Mendes ainda denunciou na imprensa o abuso do petista.

Outras pressões feitas por Lula devem aparecer, conforme a história política recente do país for sendo contada. Podem surgir inclusive outras chantagens ou talvez até coisas piores. Quem viver verá. E muita gente também há de se arrepender de estar defendendo o chefão petista hoje em dia. O Lulinha Paz e Amor é só para o marketing. Lula joga pesado na política e não é de hoje. Uma pessoa que eu espero que viva bastante e possa contar fatos importantes de sua vida, revelando aos brasileiros importantes memórias da relação entre o Judiciário e o Executivo nesta Era Petista é o ministro Joaquim Barbosa. Ele pagou um preço alto por sua coragem na condução do julgamento que botou em cana a cúpula do PT envolvida no mensalão. Os ataques à sua honra feitos pela máquina de difamação petista têm sido até hoje dos mais pesados.

Não duvido que Barbosa tenha sido obrigado a ouvir de Lula este tipo de conversa que ele gosta de ter para tratar de seus interesses políticos e contentar sua ambição pessoal desmedida. Foi o ex-presidente que o nomeou e ele costuma cobrar fidelidade. O Brasil merecia saber de Barbosa se ele também foi colocado um dia contra a parede para atender vontades que nada têm a ver com a decência. O que sabemos é que, se isso ocorreu, o ministro não cedeu. E deu para perceber várias vezes em suas falas as entrelinhas muito dignas de quem sofreu uma grande desfeita.
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POR José Pires

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