O PT é um partido que perdeu o discurso. Eles não conseguiram elaborar no poder um projeto à altura do encantamento que souberam criar enquanto estiveram na oposição. E para piorar, de uns tempos pra cá o partido tem se confrontado exatamente com uma parte da população que eles sempre tiveram dificuldade em conquistar: a classe média.
Já são notórias as palestras amalucadas de Marilena Chauí, quando ela senta a ripa na classe média e faz isso de forma grosseira, sem uma argumentação que dê solidez ao seu, digamos assim, pensamento. Em vídeos que correm a internet, num debate com a presença do ex-presidente Lula (que inclusive aplaude o que ela diz), a sua fala é a seguinte: "Eu odeio a classe média. A classe média é o atraso de vida. A classe média é a estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista. É uma coisa fora do comum a classe média. A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista. Ela é uma abominação ética, porque ela é violenta. E ela é abominação cognitiva porque ela é ignorante".
Já que a professora de filosofia fala em estupidez, em política esta é uma das falas mais estúpidas que já se viu, mesmo se levarmos em consideração que ela veio da boca da militante de um partido de onde sai muita besteira. E comprar uma briga desse tamanho exatamente na presença do líder de um partido que disputa uma difícil eleição faz da professora uma ignorante em política. E Lula ainda aplaude. É espantoso que não percebam o estrago que isso causou. Não foi evidentemente nas camadas populares, mas é pela classe média que uma queda pode começar. Ou pelo menos ter um bom empurrão.
E tanto não se aperceberam das palavras equivocadas, que o ex-presidente está indo para a rua com uma conversa parecida. Nesta terça-feira, em comício no pátio da montadora Ford, em São Bernardo do Campo, o candidato Alexandre Padilha foi apresentado por ele como “petista muito jovem, médico que foi para a Amazônia cuidar de doenças tropicais em vez de ficar comodamente na avenida Paulista”. Precisando fazer crescer uma candidatura que está na lanterninha em São Paulo e a da sua sucessora, que patina enquanto a oposição acelera, Lula vem com uma conversa que desagrada ao paulistano e por extensão agride a classe média de todo o país. Os petistas perderam tanto a noção, que parece que acham que médico no Brasil é tudo rico. E lá vem Lula batendo na classe média, que é a mais prejudicada por enquanto com a crise criada pelo governo do PT. Ele faz o contrário do que exige seu papel de líder. Em vez de ter dado um puxão de orelhas na Marilena Chauí, sai repetindo o discurso dela.
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POR José Pires
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