terça-feira, 30 de setembro de 2014

Ciência pra ganhar voto

Adivinhem em quem vai votar o Miguel Nicolelis, aquele cientista do exoesqueleto que pretendia ser a estrela da Copa do Mundo e que acabou protagonizando um fiasco que só perdeu pro sete a um da Seleção Brasileira? Pois é, ele é Dilma de coração. Está até declarando voto pra ela, não da forma espetacular que pelo jeito era o plano deles, mas sem deixar de cumprir com o que agora se vê que estava acertado naquela Copa planejada especialmente com objetivos eleitorais.

Com este apoio, Nicolelis se junta à Academia de Ciências do PT, composta de ases científicos como Marcos Pontes, o assim chamado "astronauta brasileiro", lembram dele? Pontes foi protagonista de um projeto da Agência Espacial Brasileira, que botou o Brasil em um consórcio de países que participavam da montagem de uma Estação Espacial Internacional. O governo combinou de investir 100 milhões de dólares, mas voltou atrás. Ficou só com a participação do astronauta na viagem de foguete, mas ainda assim o custo foi altíssimo. Dez dias no espaço ficaram em 1 milhão de dólares por dia pros cofres públicos brasileiros.

Durante a viagem espacial o "astronauta brasileiro" fez germinar no espaço umas sementes de feijão, cujo resultado científico nunca veio à luz. Na volta, Pontes foi recebido com honras de herói e devidamente amedalhado pelo então presidente Lula, em 2006. Naquela ocasião o Brasil já sabia há um ano das experiências do governo do PT com o mensalão. Na cerimônia de amedalhamento do nosso caro astronauta, Lula sapecou frases de inspiração marqueteira. "Sua viagem ao espaço tem um significado histórico muito importante para o Brasil”, foi uma delas. E outra foi esta: "Este também é um sinal para o mundo de que o Brasil caminha a passos largos para exercitar plenamente sua soberania”. Só faltou ele dizer que nunca antes na história do universo o Brasil teve um astronauta no espaço.

Com o cientista da performance do exoesqueleto que deu chabu não foi possível criar nenhuma encenação patriótica. Tenho a impressão de que Miguel Nicolelis não recebeu nem medalha. Mas hoje sabe-se a razão da sua presença num dos momentos mais importantes de uma Copa planejada para terminar num dia de um número notório, o 13. Alguém duvida que se tudo desse certo o cientista não faria em seguida uma apoteótica visita ao Palácio do Planalto? Mas não deu. O problema foi o resultado pífio, muito aquém do que ele havia anunciado. O roteiro era de filme de ficção científica. Auxiliado pelo tal exoesqueleto, um paraplégico se levantaria de uma cadeira de rodas, daria alguns passos e chutaria uma bola, que simbolicamente seria o "chute inicial" do campeonato mundial. Imaginem que cena bonita isso não daria agora, nesta eleição, com o jingle da candidata do PT por detrás e o cientista aparecendo pra pedir com um sorriso confiante pro povo votar na Dilma. Mas também não deu. O apoio dele tem que ser discreto, porque não aconteceu nada do que havia sido prometido. Com o fiasco da experiência apareceram inclusive reportagens com cientistas experientes informando que nada havia de novidade naquele exoesqueleto.

Esta é a cultura científica que este partido trouxe neste longo período de governo, que já vai para 12 anos. Uma ciência de espetáculo eleitoreiro, com o desperdício de dinheiro público, enquanto universidades e instituições de pesquisas sobrevivem com verbas minguadas, baixos salários e falta de estrutura. É a Academia de Ciências do PT, voltada exclusivamente ao objetivo de manter-se indefinidamente no poder.
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POR José Pires

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