quinta-feira, 30 de abril de 2015

As vozes da experiência e da capacidade

No final da tarde dessa quinta-feira o jornalista Reinaldo Azevedo havia prometido grandes revelações sobre a repressão policial de ontem contra manifestantes em Curitiba, no entanto agora de noite o que foi publicado por ele não traz nada de especial. O texto está disponível em seu blog, no site da revista "Veja", com os vídeos que para ele "deixam claro que a polícia do Paraná reagiu ao ataque de vândalos". É a opinião dele, da qual discordo. Francamente, se a sua tese dispõe apenas disso como base, acho até que ele está pondo em risco sua credibilidade profissional, que até aqui é respeitável.


Tenho bastante divergência com o PT e com o sindicato dos professores estaduais do Paraná, a APP, que é um sindicato manipulador e partidário há bastante tempo. Também é evidente que interessava ao PT a criaçao de uma grande confusão, não só para atingir o governo tucano, mas também para desviar a atenção da opinião pública das sujeiras petistas. No entanto, não vejo em nenhum dos vídeos apresentados comprovação alguma no tom que o blogueiro da “Veja” coloca. São cenas de provocações comuns em manifestações. E para mim são até bem leves, próximo do que já vimos em outras situações. Uma das cenas dá até vergonha alheia do tom grandiloquente de denúncia usado por Azevedo, pois mostra apenas um idiota atirando pedras com um estilingue contra a polícia. Pois é, esta é uma das provas do "crime".


Não tenho dúvida de que tem gente graúda por detrás dessas manifestações, lideranças para as quais interessa criar dificuldades sérias para o governo de Beto Richa, mesmo que isso acarrete violências graves. É aquela velha tática de criar tensão para o adversário. Mas enquanto não aparecerem provas robustas sobre um crime orquestrado eu acho que não dá para apontar grandes conspirações onde só existe o velho jogo da radicalização política. Para um governador que já entrou no ano exibindo suas inabilidades, esse tipo de argumento é ainda mais desmerecedor.


Não é de hoje que a provocação como arma política é usada pelo petistas. Cabe ao governante equilibrado agir com rigor, denunciando, prendendo e até reprimindo com a polícia quando existe risco à segurança pública, mas procurando evitar uma ampliação da violência e sem abrir espaço para a manipulação política desse partido irresponsável que é o PT e do sindicalismo atrelado a um projeto partidário de poder.
Os petistas podem ser lembrados por badernas históricas, que colocaram em perigo a própria democracia brasileira. Uma delas foi a derrubada da cerca do Palácio dos Bandeirantes, em 1983, logo depois da primeira eleição direta para os governos estaduais. O PT era então um partido pequeno e cheio de ardor revolucionário. Tinha todo o interesse em acuar o governador, que era Franco Montoro, eleito pelo PMDB e que depois fundaria o PSDB. O ex-governador morreu em 1999.


A irresponsabilidade petista foi grande. Vivíamos num período político muito complicado. Estávamos ainda na ditadura militar, numa situação em que uma briga interna do regime entre a corrente moderada e a de extrema-direita tornava o clima ainda mais difícil e não dava garantia da abertura democrática, que avançava lentamente. Na capital paulista teve depredações e saques e uma passeata chegou até o Palácio dos Bandeirantes, onde a cerca foi derrubada. Porém, mesmo com esta incitação à violência, Montoro administrou o grave problema com competência, impedindo uma crise política que poderia ter favorecido a direita contrária à redemocratização do país. Naquele palácio de governo havia de fato um líder político.


Seria muito aproveitável para o país que exemplos como o de Montoro tivessem mais influência sobre dirigentes políticos que revelam imaturidade política como o governador Beto Richa — num grau de insensatez surpreendente pelo tanto de cargos que já ocupou. Para se informar mais e aprender com isso existe o recurso da conversa com colegas mais experimentados ou até mesmo do processo usual da leitura e do estudo. O governador paraense nem precisa ir muito longe para aprender um pouco mais. No seu próprio partido ele ainda pode encontrar pessoas que testemunharam histórias reais bem mais difíceis do que essas enfrentadas de forma desastrada por ele.
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POR José Pires


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