Não faz sentido a indignação pelo fato da Medalha da Inconfidência ter sido concedida em Minas Gerais a João Pedro Stédile, líder do MST. Essas homenagens todas criadas no Brasil não devem ser levadas a sério. Nenhuma delas obedece a um critério de valor que mereça respeito e isso nem é possível de ser feito de forma a agradar ao conjunto da opinião pública. E o motivo é muito simples: a decisão sobre as homenagens é de quem está no poder. E pelo hábito cultural dos brasileiros, os agraciados serão sempre os da patota da vez.
Eu tenho a impressão de que a indignação anda inflacionada no país, pois hoje em dia serve pra qualquer coisa. Vi até levantarem obscuras teorias de conspiração, além de gritos de alerta sobre risco que a medalha pro chefão do MST pode trazer para a nossa democracia. Calma, pessoal. Como diz a moçada: menos, muito menos. Na verdade, o governador petista Fernando Pimentel agiu da mesma maneira que os governadores anteriores de Minas Gerais, estado onde faz tempo que só tinha tucano no governo. Pimentel amedalhou a patota dele, da mesma forma que era feito por Aécio Neves ou Antonio Anastasia, seu vice e colega de partido que o sucedeu.
Querem que eu dê um exemplo que pode calar os revoltosos da internet? Em 2013, o tucano Anastasia homenageou com a Medalha da Inconfidência a então ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ela mesma, a atual senadora que é acusada de ter recebido R$ 1 milhão do doleiro Alberto Yousseff. Até o cantor Bell Marques já ganhou a Medalha da Inconfidência. Quem é Bell Marques? Aquele que foi vocal do grupo Chiclete com Banana. E foi o então governador Aécio Neves quem amedalhou o artista de trio elétrico. E tirando os sons que ele faz no microfone, nada tenho contra o cantor. Acho até que ele merece uma medalha dessas tanto quanto o Stédile. Assim como penso que a mereceu também o ex-presidente francês Valéry Giscard d'Estaing, outro que já foi homenageado e foi no governo de Aécio Neves. E para quem acha o Stédile um perigo, lembro que Valéry Giscard d'Estaing tinha relações estreitíssimas com os piores ditadores da África.
Mas sou da opinião de que todos eles merecem a Medalha da Inconfidência. Esses e outros tantos que já levaram a medalha no peito, pois todo ano cada governador, seja de que partido for, junta dezenas de homenageados. E é claro que grande parte acaba sendo de figuras tão ruins quanto o Stédile. Nesses anos todos, desde que foi criada por Juscelino Kubitscheck em 1952, ela vem sendo dada a qualquer um, o que fez dela uma homenagem que perdeu o mérito, se é que o teve algum dia. Portanto, deixem o chefão do MST em paz, ao menos por ter recebido essa justa homenagem.
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POR José Pires
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