sexta-feira, 3 de junho de 2016

O PT sempre na contramão do bom senso e da democracia

A atitude do ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, que abandonou na noite desta quinta-feira a sessão da Comissão Processante do impeachment no Senado, mostra o que virá por aí se os petistas acreditarem que não há jeito de reverter a queda de Dilma Rousseff. Vão tentar "melar" o processo de impeachment. Já apontei várias vezes contradições na, digamos assim, estratégia de defesa do governo Dilma e do PT para enfrentar esta crise política. A defesa desenvolvida até agora não contempla uma estratégia que preserve o partido do que está em andamento. Nesta defesa, o PT está colado ao governo de tal forma que corre o risco da inviabilização de seu futuro, independente do resultado da votação do impeachment. E no caso de Dilma, toda a defesa é feita num bate-cabeças que parece de grêmio estudantil. Não à toa, a base política da defesa do governo no Senado está sob o comando dos senadores Lindbergh Farias, Gleisi Hoffmann e Vanessa Grazziotin, todos os três com origem política no PCdoB, onde fizeram a cabeça na juventude. No Senado, assim como fizeram na Câmara, a condução é tão despropositada e agressiva que depois de terminado o processo no Legislativo os políticos petistas terão dificuldade até de encontrar companhia para um bate papo no cafézinho do Congresso.
Cardozo abandonou a sessão de trabalhos do impeachment no Senado e foi seguido pelos três senadores, os únicos da base do governo presentes na reunião da comissão. O motivo foi a rejeição de propostas deles. Nada substancial juridicamente, só aqueles golpezinhos de sempre que os petistas usam para embolar os trabalhos. É óbvio que fizeram essa saída de caso pensado. É visível na atitude uma manobra com um objetivo político que não está restrito aos trabalhos da comissão. O PT está se preparando para fazer o que já é um hábito no partido do Lula, que é o desrespeito à regras aceitas antecipadamente por eles. Petista sempre quebra os compromissos quando não consegue obter o resultado desejado. É quase certeza que já sentiram a contradição até cômica do discurso do golpe e suas variantes, que foram fazendo em paralelo à aceitação do governo e do partido da participação em todo o processo de discussão oficial do impeachment no Congresso Nacional. É para rir: temos em andamento um golpe com a participação dos golpeados. É possível que o desconforto político com a contradição brutal do discurso desenvolvido até agora tenha forçado a uma mudança abrupta, com a intenção de ir impondo uma saída política à maneira deles, com a desqualificação de todo o trabalho feito pelo Legislativo, no qual é forte a influência da sociedade civil brasileira.
Os petistas são assim. Não sabem ganhar, como foi muito bem demonstrado pelo resultado dos 13 anos que ficaram no poder, período em que não implantaram nenhuma política pública própria, nada mesmo de um projeto diferente do que já vinha sendo feito na política brasileira. Deram seguimento até ao roubo dos cofres públicos, com o agravamento da sistematização dessa corrupção, por meio de amplos esquemas que além do do enriquecimento pessoal contemplavam também o financiamento do projeto de perenização no poder do partido. Não sabem ganhar e não se conformam nunca em perder. O PT sempre agiu desse jeito nas situações em que as intenções partidárias ou do governo deles não prevalece. Nesses últimos meses, trabalhando duro e recebendo agressões terríveis da esquerda, os brasileiros conseguiram com a maior paciência desmontar parte do desastre econômico, ético e político que vinha sendo construído pelo governo petista. Como se diz no popular, foi tirado o bode da sala. Pois o PT quer colocar novamente o bode para dentro. É claro que numa condição política e social que já não é boa, essa radicalização pode prejudicar muito a democracia e a convivência entre os brasileiros. Mas quando é que a esquerda se preocupou em preservar o mínimo de respeito pela opinião contrária da maioria? Só fazem isso quando é do interesse deles e mesmo assim só de fingimento. Quando são contrariados pela realidade, quebram pro pau. Não deixa de ser uma forma de terrorismo. Mas foi desse jeito que eles conseguiram esse poder perigosíssimo para a democracia brasileira, que precisa ser desmontando, apesar de toda essa birra.
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POR José Pires

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