José Eduardo Cardozo entregou no início da noite desta quarta-feira à Comissão de Impeachment do Senado a defesa de Dilma Rousseff. Para quem tiver a curiosidade de ler a peça, publico abaixo o link, mas dizem que os argumentos são os mesmos de sempre, com a novidade da inclusão da conversa entre Romero Jucá e Sérgio Machado. Em rápida entrevista, saindo da Secretaria Geral do Senado, o defensor de Dilma disse que agora vão contestar a indicação do relator, senador Antonio Anastasia, "que pertence ao mesmo partido de um dos autores do pedido de impeachment". A alusão é ao jurista Miguel Reale. Será que o advogado Cardozo escreveu a peça com Lindbergh Farias, Gleisi Hoffmann e Vanessa Grazziotin? Só pode. É o mesmo argumento daqueles três gritões da bancada petista no Senado, que queriam discutir só o governo de Anastasia, em Minas Gerais.
Mas o que importa é que dessa forma prossegue então o "golpe" mais diferente que já houve nesse mundo. Pode-se dizer que nunca existiu um golpe como este na história mundial. Com direito à ampla defesa e sem nenhum constrangimento nem à acusada e tampouco as que a defendem. Só no Brasil mesmo pode haver um golpe inusitado assim. Todo mundo à vontade, dando entrevista à imprensa, recebendo apoios em pleno Palácio do Alvorada. Enfim, exercendo todos seus direitos, inclusive o de ir e vir. Não tem perseguidos, ninguém foi forçado a se exilar em outro país. Sem sangue, sem prisões, sem repressão, nenhuma tortura. É mesmo uma coisa fora dos padrões.
Os únicos apoiadores de Dilma que estão presos foram os gatunos, mas neste caso a questão é outra, até porque no pedido de impeachment não foi incluída a roubalheira. Mas no que toca ao impeachment, a liberdade é total. Soube até que o ex-ministro Cardozo goza dessa liberdade rodando de bicicleta por Brasília. Isso mesmo, ele pegou emprestada a bicicleta de Dilma para se locomover do hotel onde está hospedado até o Palácio do Alvorada, onde a presidente afastada goza de todos os direitos, até o de assaltar de noite a geladeira, caso ela deseje. Vejam só: um golpe em andamento e o defensor da presidente rodando livre de bicicleta pela capital do país. Nunca se viu coisa igual. É bizarro mesmo esse golpe à brasileira. Pode-se dizer desse golpe que ele é um um exemplo para a democracia.
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POR José Pires
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