A alegria cívica que a Lava Jato costuma trazer aos brasileiros logo na segundona desta vez veio na terça-feira, com a prisão preventiva do ex-ministro Henrique Alves (PMDB-RN). Mas não tem problema, não, ainda mais por esta prisão ter significados amplos. Alves foi levado pela Polícia Federal sob os gritos de “safado” e “ladrão” de pessoas em frente ao prédio de luxo onde ele mora na capital do Rio Grande do Norte.
Alves foi ministro do Turismo no governo Dilma Rousseff e só foi afastado por Michel Temer, já na presidência, depois de ter sido citado na delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Este é o segundo ex-presidente da Câmara que é preso, além de Eduardo Cunha, que mesmo já estando no xilindró no Paraná, teve mandado de prisão expedido também nesta operação. Além disso, o crime do ex-ministro faz parte do rescaldo da famigerada Copa 2014, sobre a qual não faltaram alertas, neste país que detesta “Cassandras” e por isso mesmo paga até os custos dos cavalos de Tróia, um atrás do outro. Este não é o primeiro estádio com alto sobrepreço e duvido que exista qualquer empreitada desta copa onde haja não tenha desvio de muito dinheiro, além da inutilidade prática da maioria do que foi feito.
Alves está envolvido em corrupção na construção do estádio Arena das Dunas, em Natal, no Rio Grande do Norte. Segundo a PF o sobrepreço na construção identificado até agora chega a 77 milhões de reais. Durante a investigação, Henrique Alves foi obrigado a admitir à Justiça Federal que ele tem uma conta bancária na Suíça, aberta em 2008, portanto ainda no governo Lula. Como o nome desta operação é “Manus”, que tem a ver com um provérbio em latim que significa “uma mão lava a outra”, essas mãos se lavam desde o governo do chefão petista. Sobre a conta na Suíça, o ex-ministro afirmou que não tinha conhecimento da movimentação de R$ 2,3 milhões. É uma das mais cínicas alegações de inocência até agora, mas não deixa de ter seu humor, ainda que no estilo grotesco da política brasileira, subestimando a capacidade mental dos outros.
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POR José Pires
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