sexta-feira, 2 de março de 2018

Gleisi Hoffmann e André Vargas, separados pelo destino

É curioso o comportamento da senadora Gleisi Hoffmann em relação ao destino do ex-deputado André Vargas, de uma insensibilidade marcante quando comparado com a atenção cuidadosa que ela dá ao ex-presidente Lula, a quem presta solidariedade a todo momento, fazendo da defesa do chefão petista o tema mais importante da pauta do PT, praticamente o único do partido atualmente presidido por ela.

A situação de Vargas só vem piorando, desde sua prisão em abril de 2015. Nesta semana ele foi condenado em 2.ª instância a 13 anos, dez meses e 24 dias de reclusão em regime inicial fechado. Também foi condenado León Vargas, irmão do deputado, que pelos mesmos crimes pegou dez anos, dez meses e 12 dias em regime inicial fechado. Os crimes são de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e se referem ao recebimento de cerca de R$ 1 milhão do publicitário Ricardo Hoffman de propinas em contratos de publicidade firmados com a Caixa e o Ministério da Saúde. Neste mesmo caso, por corrupção ativa e lavagem Hoffmann vai cumprir 13 anos, dez meses e vinte e quatro dias de reclusão em regime inicial fechado. O juiz federal Sérgio Moro já determinou a prisão de Hoffman e León Vargas.

Vejam a grave condição de André Vargas, atingindo até sua família, agora com a prisão de um irmão. No entanto, Gleisi Hoffmann não presta a mínima solidariedade. Não dispara mensagens indignadas no Twitter nem dá entrevistas alegando injustiça e perseguição política ao companheiro e também não mobiliza a militância em defesa de Vargas. Não teve sequer uma barraquinha de militante petista na frente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no dia em que foram mantidas as condenações. Não queimaram pneu nem de bicicleta.

É uma falta de solidariedade lamentável, até porque a relação de Gleisi com André Vargas foi de estreitíssima intimidade durante muitos anos, até o dia de sua prisão. As carreiras políticas de ambos eram favorecidas pela mesma estrutura de poder, tanto na sustentação financeira quanto no benefício do uso da máquina federal, com o oferecimento de verbas para cidades do Paraná e financiamento de grandes obras, além da distribuição corriqueira de tratores, motoniveladoras, ambulâncias, carros de bombeiro, na institucionalização que o PT deu ao clientelismo político, passando até a fazer propaganda desse esquema político imoral.

Existem muitas imagens desses tempos que não voltam mais, quando, Vargas e Gleisi percorriam juntos o interior do Paraná, fazendo do direito das cidades um instrumento de benefício político para suas carreiras pessoais. Era explícito que nenhum deles tinha medo de ser feliz. A imagem que ilustra este texto é da assinatura do financiamento para a implantação de um sistema viário de ônibus rápido, o chamado “BRT”, em Londrina, cidade que foi base eleitoral do ex-deputado preso e da senadora que é ré no STF. O evento foi em março de 2014, evidentemente um ano de eleição.

O total do investimento era de R$ 143 milhões, dos quais R$ 124,7 milhões viriam da Caixa Econômica Federal. Os londrinenses já podiam estar começando a usar o serviço, que.tinha previsão de entrega para meados de 2018. Mas tudo foi anulado, pelas encrencas que vieram depois, com a cadeia para o avalista daquele financiamento. Nunca mais se falou no assunto, mas é muito estranho que tudo tenha dado para trás, pois não é aceitável a interrupção de uma obra pública só por causa do azar de um larápio. Afinal, como o pessoal gosta de falar hoje em dia, o financiamento não era “republicano”? Quem sabe um dia a senadora Gleisi Hoffmann possa explicar porque gorou o acordo financeiro acertado junto com o companheiro agora abandonado por ela, pelo qual eles iam levantar uma fortuna na Caixa para uma cidade paranaense.
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POR José Pires

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Imagem- Gleisi Hoffmann e o então deputado André Vargas, na assinatura de um 
financiamento milionário para a cidade de Londrina, na administração de Alexandre Kireeff

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