Conforme matéria da revista Veja desta semana, a senadora Gleisi Hoffmann fez da corrupção um assunto de família. A revista teve acesso a depoimentos colhidos pela Procuradoria-Geral da República que revelam que dinheiro desviado dos cofres públicos era usado também para despesas domésticas na casa da senadora e de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo. O material publicado por Veja é inédito. Condomínio, IPVA, contas de luz e até brinquedos dos filhos e consertos domésticos eram pagos por meio de uma conta-propina criada para bancar as despesas do casal de políticos petistas. Este dinheiro saia do esquema da Consist, que funcionou de 2010 até junho de 2015, até seu desmantelamento pela Lava-Jato.
A revelação está no depoimento do advogado Marcelo Maran, que firmou um acordo de delação com a Justiça. Ele contou ter sido responsável durante seis anos pelo controle dessa conta, criada por ordem de seu chefe, Guilherme Gonçalves, dono do escritório de advocacia usado para receber a parcela de propina de Gleisi e Bernardo, no esquema de propinas. Segundo Maran, no início o dinheiro foi usado apenas no financiamento da campanha de Gleisi ao Senado. Com a continuidade do esquema de propina depois da eleição, houve a determinação para o dinheiro ser usado nas despesas pessoais do casal.
No depoimento, Maran apresentou planilhas detalhadas dos gastos de Gleisi e Bernardo, que segundo a Operação Lava-Jato receberam 7 milhões de reais deste esquema. Nos quase quatro anos de duração da negociata, informa a Veja, o casal de petistas recebeu entre 150.000 e 200.000 reais por mês. Este esquema nada tem a ver com o julgamento de Gleisi Hoffmann que já está para acontecer no STF, no qual ela é acusada do recebimento de 1 milhão de reais desviados da Petrobras. Neste processo, outro delator conta como fazia para fazer chegar pacotes de dinheiro nas mãos da senadora. Ré nesta ação, Gleisi é acusada em outras três investigações, com um total de 23 milhões em propina.
O esquema da Consist é um dos mais indecentes crimes do governo do PT descobertos pela Lava-Jato. Referindo-se a este caso, a Veja conta que “a polícia já havia descoberto que Paulo Bernardo, quando era ministro do Planejamento, no governo Lula, tratou de planejar também a vida financeira da família”. O golpe é lamentável. O dinheiro da propina era retirado de créditos consignados, automaticamente descontados de aposentados e pensionistas. A Consist foi escolhida para administrar este crédito. O caso ficou conhecido como “Quadrilhão do PT”. Criaram uma taxa de administração superfaturada, de onde vinha a propina. Uma parte ia para o PT, segundo a revista, “e outra parte para figurões do partido, incluindo Gleisi e seu marido".
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POR José Pires
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