domingo, 15 de julho de 2018

Requião e PT: dormindo com o inimigo antigo

Quando a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, subiu à tribuna do Senado na última terça-feira para chorar as pitangas pelo fracasso da tentativa de golpe judicial no TRF-4 com o desembargador plantonista é claro que já estava tudo planejado com seus colegas do chororô em torno da prisão de Lula. Outros senadores da bancada de esquerda também sentaram a lenha no juiz Sérgio Moro, na Polícia Federal e no TRF-4. Eles não engolem de jeito nenhum a presteza de Moro ao detectar a ilegalidade e levar a questão ao relator da ação que condenou o chefão do PT a 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro.

Sob o foco da raiva do PT, Moro serve de alvo preferencial das calúnias, das difamações, no esquema de desinformação desenvolvido pelo partido de Lula para bagunçar a vida política brasileira, criado para tirar proveito eleitoral e tentar também tirar o chefão petista da cadeia. No discurso desconexo feito da tribuna do Senado, a senadora Gleisi disse uma mentira feia, quando afirmou que Moro passava suas férias em Portugal, “comendo bacalhau e tomando vinho”, segundo sua forma de falar. A intenção de criar uma animosidade da população com Moro além de óbvia não é novidade. A ideia é colar no juiz federal uma imagem de homem de muitas posses, com dinheiro suficiente para levar uma vida à larga, no bem-bom dos comes e bebes e de viagens caras ao exterior.

O roteiro segue na linha muito própria da esquerda, de acusar os outros daquilo que na verdade são eles que fazem. Gleisi já foi assunto de corrupto preso pela Operação Lava Jato, em delação premiada. A senadora foi acusada de usar dinheiro de propina para bancar até despesas domésticas. No seu currículo pesa também a atitude imoral, quando esteve em cargo nomeado na estatal Itaipu, de ter negociado e conseguido com a direção da empresa do Governo Federal que fosse demitida em vez de demitir-se, quando teve que sair do caro para disputar eleição. Com o arranjo, a petista obteve mais de 110 mil reais de indenização, que não teria seguindo o trâmite normal e honesto de pedir demissão.

Mas eles são assim mesmo. Não é de esperar que combatam os adversários com argumentos honestos. É falsa a informação de que Moro havia viajado à Portugal em férias, um “fake news”, como se diz, que aparentemente já estava preparado para ser propagado, no estilo usual dos petistas no uso das redes sociais. E nos caminhos trilhados pelo “fake news” foi interessante topar com Roberto Requião como entusiasmado propagador da mentira. No Twitter, além de informar erradamente o que Moro fez no domingo da tentativa de golpe judicial, o senador do Paraná mentiu sobre a viagem de Moro. Por isso, o juiz indicará ao CNJ que as informações mentirosas sobre sua estada em Portugal foram divulgadas nas redes sociais por Requião.

Aliás, é de estranhar a presença do senador paranaense fazendo dupla com Gleisi Hoffmann na tropa de choque a favor de Lula. Requião chegou a fazer recentemente um emocionado discurso em defesa da honestidade da presidente do PT, com um afeto político surpreendente pela raivosa senadora.

Quem conhece a política do Paraná sabe que o PT estadual nunca teve simpatia por Requião. A antipatia sempre foi grande e mútua. Eles disputam o eleitorado de forma parecida e por isso faz tempo que se estranham. Gleisi e seus companheiros sempre bateram em Requião e vice-versa. A grosseria também é mútua. O senador emedebista já foi até processado pelo marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo, que ganhou na Justiça uma indenização por ter sido acusado de pedir propina por uma obra quando Requião era governador. É tão amplo o histórico de brigas entre Requião e o PT paranaense sob a chefia de Gleisi e Paulo Bernardo, que é até suspeita sua atuação agora em sintonia com os antigos desafetos. Mas é claro que esta é apenas mais uma suspeição, de tantas neste enredo atual destrambelhado e desonesto da esquerda brasileira.
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POR José Pires

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