O projeto “Escola sem partido” foi discutido em audiências públicas pela Câmara dos deputados até o fim da legislatura passada e ficou para ser resolvido nesta legislatura que entra. Mas pelo jeito não sairá da gaveta. Não é interesse do governo de Jair Bolsonaro mexer numa pauta complicada, que agita os debates de uma forma muito interessante para a esquerda fazer seu show para as bases.
Em entrevista para O Globo, o senador Major Olímpio avisou que o governo pretende se concentrar em determinadas pautas, como a reforma da Previdência, citando diretamente o “Escola sem partido” como um projeto que pode atrapalhar. A justificativa do senador governista é mortal. “Quando o paciente chega no pronto socorro com hemorragia, você tem que estancar o sangue”, ele disse, alertando que “ingressar em uma pauta de costumes, como Escola Sem Partido, num momento em que se discute a reforma da Previdência, divide esforço e energia”.
Bem, venho falando sobre isso desde que apareceu este projeto absurdo que só levanta o debate nacional de uma forma que não ataca de forma efetiva o problema do aparelhamento ideológico e ainda levanta o debate como a esquerda gosta. É bem verdade que a direita também gostou muito. Espertalhões como o senador Major Olímpio e o resto dos políticos que se beneficiaram com o fenômeno bolsonarista sabiam muito bem que o quiproquó criado com este tema ajudava a desviar a atenção do eleitorado de assuntos mais sérios que poderiam prejudicar o sucesso da direita.
A fala do senador para O Globo é um aviso para seus aliados de que a brincadeira acabou. Agora é na real, com acertos como o que já fizeram com o “Centrão” e o abafamento de pautas que serviram para remexer a cabeça do eleitorado para que ninguém pensasse direito no que estava fazendo, como foi com essa idiotice do “Escola sem partido”. Haverá algum alarde de deputados muito próximos a Bolsonaro, que movimentaram suas campanhas com esse lero-lero, mas não irá além da encenação para aplacar plateias próprias, nada que faça o projeto ser tirado da gaveta. Então, quem tinha a expectativa de uma grande reforma social que vá se conformando com o fato de que os costumes não mudaram.
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POR José Pires
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