sábado, 23 de março de 2019

Bolsonaro faz da Educação um ministério bichado

Com o Ministério da Educação em permanente crise e com uma série de programas do ensino básico travados, o ministro Ricardo Vélez Rodríguez foi desautorizado a nomear integrantes de sua equipe. A notícia é do Estadão. A ordem foi do presidente Jair Bolsonaro, que já havia vetado dois nomes para a secretaria executiva, depois de divulgados pelo ministro. A determinação é inédita: um ministro proibido de nomear seu braço-direito.

A nova secretária-executiva anunciada pelo ministro na semana passada, professora Iolene Lima, foi demitida nesta sexta-feira. A situação está cada vez mais patética. Se restar alguma dignidade a Vélez Rodríguez ele pede demissão nesta segunda-feira. O gesto viria atrasado, claro, mas nunca é tarde para tomar vergonha na cara.

Por outro lado, temos este presidente da República incapaz de definir ações executivas e deixar clara a função do ministro de uma das pastas mais importantes da atualidade. Bolsonaro é um desastre como administrador. Escolhe mal e não sabe o que fazer quando seu subordinado não rende o que ele deseja. Será que é tão difícil assim compreender que alguém na condição de Vélez Rodríguez, desrespeitado e sem a mínima delegação de poder, não tem possibilidade alguma de fazer qualquer coisa que preste no cargo?

Pelo jeito, Bolsonaro tem dificuldade até para um raciocínio tão simples. E duvido também que ele consiga compreender como essas suas atitudes estabelecem sérias dificuldades de renovação de qualidade em seu governo. Qual o doido que vai aceitar ser ministro da Educação depois da humilhação sofrida por Vélez Rodríguez? Esta deve ser uma aposta quente nesses dias em Brasília.

Bolsonaro conseguiu impor a si mesmo um estrago que nem o mais encardido oposicionista imaginaria ser possível. Um ministério essencial para o sucesso de seu governo foi transformado em um terreno indesejável, onde nenhum profissional de qualidade vai querer entrar.
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POR José Pires

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