quarta-feira, 10 de julho de 2019

Glenn Greenwald, o ativista atrapalhado

Que Glenn Greenwald é um mero ativista, isso é coisa que faz tempo que eu sei. A novidade é que agora, comandando a exploração política do vazamento de conversas particulares de autoridades brasileiras, ele mostrou que é de uma incompetência incrível como ativista.

Poucas vezes se viu algo tão desastroso politicamente como este vazamento, um esquema tão mal conduzido que mesmo se tiverem material de fato incriminador contra Moro e a Lava Jato já não existe mais clima político para atingir os adversários.

A última ação incompreensível do ativista mequetrefe foi a da divulgação desde áudio que o The Intercept afirma ser de uma fala de Deltan Dallagnol. Nem importa se a voz é de fato do promotor porque não colou a tentativa do site de Greenwald de criar um escândalo a partir de uma fala sem sentido.

Foi mais de um mês prometendo uma grande bomba, mas apresentando materiais muito fracos, descambando para a pura fofoca, como nas mensagens tentando colocar Moro contra os promotores e agora, com o áudio divulgado nesta terça-feira, procurando envolver o STF nesta história mal contada.

Aí é que Greenwald mostrou incapacidade como ativista político. Se a luz já estava amarela em relação ao perigo do estímulo a esta devassa na privacidade de autoridades, com certeza ficou vermelha com a divulgação do áudio, além da interpretação do próprio dono do The Intercept, afirmando que Dallagnol teria o conhecimento prévio de uma decisão do ministro Luiz Fux. Bem, isso dificulta atingir o objetivo desse vazamento, que é tirar Lula da cadeia.

Em sua matéria sobre este assunto, depois de fazer parceria com o The Intercept na exploração dos vazamentos, a Folha de S. Paulo disse que teve acesso a centenas de milhares de mensagens. Um fato interessante — que mesmo tendo passado desapercebido não é apenas um detalhe — é que a Folha não diz se as mensagens são apenas entre promotores do MP.

É provável que The Intercept tenha conversas de outras autoridades e pode ser que envolva até mesmo jornalistas de veículos sem o acesso ao material que não se sabe de quem Greenwald recebeu. Já apareceu até o apresentador Faustão. Não dá para ter dúvida que se der certo o que o The Intercept vem fazendo, esta prática de vazar conversas privadas vai passar a ser vista como algo rotineiro no ataque a adversários ou mesmo na difamação de quem pensa diferente.

Este método nada tem de jornalístico e é um dos maiores perigos que o Brasil corre atualmente, com danos que podem ir além da transformação da política em um conflito vazio, sem alcançar nada de produtivo, a não ser a destruição da reputação alheia. E que ninguém se engane, pensando que a questão se restringe à política. Com a aceitação desse tipo de atitude, onde tudo pode, acaba-se de vez no Brasil o direito à privacidade.
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POR José Pires

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