terça-feira, 9 de julho de 2019

The Intercept e o escândalo que não decola

O The Intercept finalmente divulgou nesta terça-feira o primeiro áudio do material que Glenn Greenwald, dono do site, recebeu sabe-se lá de quem. Os áudios vinham sendo citados de forma sensacionalista pelo jornalista, procurando criar suspense para o que, segundo ele, seria um grande escândalo. Greenwald faz isso desde que anunciou que tinha em seu poder grande quantidade de mensagens e áudios, com diálogos trocados entre membros do Ministério Público e também de Sérgio Moro.

O áudio apresentado hoje reforça a imagem citada por Moro, da montanha que pariu um rato, com a diferença que nem rato mais vem saindo dessa montanha. Neste primeiro áudio, alguém identificado pelo site como Deltan Dallagnol comemora a proibição de entrevista de Lula em 2018, numa mensagem que não faz sentido algum como denúncia. A redação do The Intercept e seu chefe Greenwald estão com um problema sério na verificação do devido peso político do material e até da relação entre as supostas conversas e os fatos.

Greenwald fala em “conhecimento prévio e secreto” de Dallagnol da decisão do ministro Luiz Fux, mas já está demonstrado que a notícia não era segredo para ninguém. O dono do The Intercept também acusa Dallagnol de querer ocultar a decisão “para impedir que a Folha pudesse recorrer”. Parece piada. O jornal teria de ser intimado, como de fato foi. É uma determinação que está em toda decisão judicial. Como é que Dallagnol manteria segredo de uma decisão do STF que a própria Folha noticiou pouco antes de sua suposta mensagem de áudio? São mistérios do jornalista investigativo Glenn Greenwald.

Exatamente neste dia 9 completa-se um mês da primeira publicação de vazamentos pelo The Intercept e claro que Greenwald já estava muito antes com o material. Tiveram tempo de sobra para vasculhar tudo e selecionar áudios e mensagens mais impactantes. Porém até agora só conseguiram trazer a público material sem relevância do ponto de vista jornalístico e que não servem nem ao objetivo óbvio de ativismo de esquerda.

O que tem de novo neste caso é a acusação de Greeenwald, que envolve um ministro da mais alta Corte do país. O ministro Fux seria então capaz de antecipar em segredo uma decisão do STF a um promotor público? A acusação é leviana e muito grave. Consolida a imagem do The Intercept como uma publicação meramente ativista, sem respeito aos fatos e totalmente sem credibilidade jornalística.
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POR José Pires

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