sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Ciro Gomes e Cid Gomes, irmãos da prepotência

Com o episódio da bizarra tentativa de mediação trabalhista feita por seu irmão Cid Gomes de cima de uma retroescavadeira, Ciro Gomes vem procurando entabular uma tese para amenizar o estrago causado pelo episódio. Como se sabe, Cid jogou um trator em cima de policiais acompanhados de filhos e esposas, até que foi parado por dois tiros no peito. Agora, Ciro culpa o presidente Jair Bolsonaro pelo acontecimento que teve seu irmão como protagonista ao volante de um trator.

No seu Twitter, Ciro se apresenta como pai de 4 filhos, avô, já foi deputado, prefeito, governador e ministro, porém mesmo com toda esta experiência ele se exime de dar um puxão de orelhas no irmão. Ele acha que Cid agiu corretamente. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, usou como justificativa para a estupidez até as palavras grosseiras de Bolsonaro em ataque a uma repórter do jornal. Para ele, quando “um canalha como o Bolsonaro faz a canalhice que faz com uma jornalista [Patrícia Campos Mello, da Folha] a indignação fica muito aflorada”.

Bem, muita gente não gostou da atitude de Bolsonaro, mas ninguém pensou em protestar jogando um trator sobre policiais. Como se viu, não é uma forma salutar de defesa da imprensa. Ciro vem tratando o assunto bem no seu estilo, buscando filosofar e ao mesmo tempo tentando impor uma imagem de rigor. Logo que seu irmão fez a besteira no Ceará, ele disse em um vídeo publicado nas redes sociais que a “única saída é a repressão” ao movimento dos policiais.

O político cearense não concorda que seu irmão tenha se exaltado durante a desastrada mediação. Ele disse que Cid queria “restaurar a ordem em Sobral”, aproveitando para alertar sobre o “fascismo”, que na sua opinião se instala no Brasil, avisando ao jornalista que “as primeiras vítimas do fascismo vão ser vocês”. E tem mais: ele afirmou que a situação de crise se deve “a um canalha que transformou a República brasileira em uma república de canalhas que se chama Jair Messias Bolsonaro”.

Ciro não consegue explicar como Bolsonaro pode ter responsabilidade na crise na segurança no Ceará, sendo que o clã político liderado por ele e o irmão está no poder no estado há pelo menos quatro décadas. Mas o candidato derrotado seguidamente em eleições presidenciais é desse jeito: nas suas divagações políticas reserva sempre um bom papel para ele — sempre dedicado, honesto e com a melhor solução para qualquer questão — e aponta sempre para um adversário — que pode ser Fernando Henrique Cardoso, Lula ou o Bolsonaro, como agora — impedindo maldosamente que ele, o grande Ciro, faça o melhor para o Brasil.

Já faz tempo que Ciro procura se encaixar no perfil de estadista-filósofo. Não é uma coisa nem outra e até agora o eleitor não foi besta de dar-lhe uma oportunidade de demonstrar, mas ele vai tentando, tecendo considerações sobre tudo e todos, de um ponto de vista em que julga com pretensa sabedoria qual é o melhor caminho para o país.

Claro que é muito difícil conduzir esta tese em apoio à mediação de conflitos com o negociador em cima de uma retroescavadeira. Ninguém vai engolir tamanho absurdo, ainda que seja incansável seu gogó, na sua incessante ambição pelo poder. Ciro logo perceberá que a retroescavadeira pilotada pelo seu irmão nos grotões dominados por sua família atingiu em cheio sua imagem nacional.
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POR José Pires

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Cid Gomes, o senador da retroescavadeira

A atitude do senador Cid Gomes investindo com um trator contra uma multidão de policiais em greve foi tão estúpida que o que define melhor seu feito é um meme do He Man, com um conselho útil para o irmão do Ciro Gomes e políticos da mesma arrogância dos chefes do clã cearense. “E no capítulo de hoje aprendemos que não é uma boa ideia partir pra cima de policiais com uma retroescavadeira”, foi o alerta deste sábio herói. Na direção do trator, Cid só parou de avançar sobre as pessoas depois de levar dois tiros.

Até aqui a imprensa vem tratando o caso com aquela dificuldade séria de narrar com exatidão os acontecimentos. Em vários sites diz-se que o senador foi atingido por tiros “quando tentava furar um bloqueio feito por policiais”. Bem, na verdade o tresloucado senador fez um pouco mais do que “tentar furar” um bloqueio. Cid arremeteu um trator contra uma manifestação de policiais que reivindicam aumento salarial.

Uma fala do senador, antes de avançar sobre a multidão, serve para demonstrar o grau da sua irresponsabilidade. Ele exigiu que os policiais deixassem o local. "Vocês têm cinco minutos pra pegarem os seus parentes, as suas esposas e seus filhos e sair daqui em paz. Cinco minutos. Nem um a mais", disse em um megafone. Como se viu depois, ele pretendia atropelar inclusive mulheres e crianças.

Uma pergunta inevitável é o que Cid Gomes representava no momento da sua estúpida façanha. Ele está licenciado do cargo, mas de qualquer modo não faria sentido um senador se intrometendo dessa forma em uma manifestação trabalhista. Pessoalmente, Cid não faz parte do governo nem responde pela área da segurança no Ceará. O governador do estado é Camilo Santana, do PT. O Brasil inteiro sabe muito bem como são esses dois irmãos, não só pela conhecida arrogância e prepotência de Ciro Gomes, como também pela grosseria de Cid, que já fez parte do governo Dilma. Mas será que o governador do PT é tão tutelado pelos Gomes que é obrigado a aceitar tamanha intromissão no governo?

O senador foi baleado, mas passa bem. Até já gravou vídeo da cama do hospital. Mas é óbvio que o episódio fere com gravidade a candidatura de seu irmão, Ciro Gomes, que repetidas vezes já tentou ser presidente da República. Essa tentativa do irmão atropelar uma multidão com uma retroescavadeira cola-se com certeza na imagem de Ciro, como mais um símbolo da prepotência da família de pavio curto.

Dá para imaginar como é o comportamento desses dois no Ceará, longe da atenção nacional, especialmente nas relações com pessoas mais humildes e fazendo política nos chamados grotões do interior do estado que dominam há décadas com a conhecida agressividade e falta de respeito. Ciro Gomes já teve sua eleição para presidente evitada por três vezes. Pois agora seu irmão deu mais um motivo para o eleitor impedir que esta doidice aconteça.
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POR José Pires

O papa Francisco cai no bico dos petistas

Corre pelas redes sociais uma informação de que o papa Francisco concedeu uma benção que inocenta Lula. Deram na notícia falsa até uma denominação em latim para a coisa, “benedictionem et innocentum”. Espalhado pela militância esquerdista, o fake news afirma que a bênção é “concedida apenas aos inocentes” e faz 800 anos que ninguém é agraciado por ela. Como se vê, é uma variação da cantilena de Lula, do “nunca antes na história deste país” para nunca antes na história da Igreja católica.

A notícia falsa já foi desmentida. O esclarecimento veio pelo Vatican News, portal de informações do Vaticano, que informou que esta bênção nem existe. Mas o que dizer de uma patifaria dessas? Ora, que o papa Francisco se prepare, pois com certeza mais falsidades aparecerão. Ao receber Lula no Vaticano, ele abriu espaço para uma longa pauta de mentiras. O próprio Lula vem dando sua versão desse encontro, aproveitando-se da surpreendente, digamos, boa vontade do papa.

Lula é condenado pela Justiça brasileira em três instâncias e já cumpriu pena. Responde também a outros processos e esteve à frente de dois governos, quando foram montados os esquemas de corrupção do mensalão e do petrolão, com uma roubalheira tão impressionante que no Brasil tirar dos cofres públicos menos de um milhão passou a ser mixaria.

Claro que, sabendo de tudo isso, o papa simplesmente deu um aceno para o uso de sua imagem em favor de um político que desgraçou o nosso país. Como eu disse, mais fake news virão por aí, pois como sempre Lula levou até seu fotógrafo particular para registrar o encontro com Francisco. Alguém duvida do uso disso em eleições? É capaz de aparecer até notícia afirmando que no encontro foi aberta ao condenado petista a porta do céu, como nos tempos de venda de indulgências papais.

O papa Francisco poderá até reclamar, mas não será possível alegar inocência, até porque sendo argentino ele deve ter uma vasta experiência com a mentirada que a esquerda costuma aprontar com a história de seu país.
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POR José Pires

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

A economia doméstica de Paulo Guedes de voos para a Disneylândia

O governo de Jair Bolsonaro é composto de tanta gente grosseira, com tamanha quantidade de besteiras, que o resultado final acaba obrigando a uma comparação em que salva-se o menos pior, com o risco inclusive da exaltação de figuras que nem seriam notadas por qualquer qualidade pessoal caso sofressem uma avaliação fora do lamentável contexto desse governo. Como não dá para separar trigo em meio a tanto joio, aceita-se um joiozinho que não seja de todo miserável.

O próprio presidente Bolsonaro se esforça para desequilibrar o escore de qualidade moral, política e, vá lá, intelectual. O exagero leva as pessoas a descuidarem dos demais bestalhões, que seguem as ordens do chefe que o tempo todo fala tanta besteira que até deixou para trás aquele outro presidente muito grosseiro, que fazia citações elogiosas na primeira pessoa, alardeando que tudo o que era feito sob seu comando acontecia pela primeira vez na história deste país.

Ultimamente virou um hábito buscar nas falas de Bolsonaro ou nas suas medidas práticas a base de alguma estratégia. Sempre que dou de frente com alguém fazendo isso, me vem à cabeça uma frase de Emerson, naquela praticidade dos filósofos americanos, com ele dizendo o seguinte: “Analisando a história não convém sermos por demais profundos, pois muitas vezes as causas são extremamente simples”. Resumindo e atualizando a questão, agora de forma popular, não faz sentido buscar interpretações profundas em um governo de tão baixa qualidade, liderado por um sujeito desqualificado que fala e age meramente por impulso.

Não há estratégia alguma, nem mesmo no sentido espúrio dos objetivos políticos desse governo, onde todos querem meramente se dar bem na vida como nos tempos das rachadinhas em gabinetes do baixo clero. Ainda bem que eles são incompetentes. E o duro é que provavelmente será por esta falta de jeito que os brasileiros podem ser poupados das tremendas maldades planejadas para o Brasil. A depender de ações da oposição — igualmente de baixa qualificação em sua maioria — estaríamos irremediavelmente perdidos.

O governo se entrega pela língua, naquela incontrolável vaidade que todo idiota tem pelo que ele próprio fala. A desmoralização é tão grave que de vez em quando até o presidente Bolsonaro sente que a coisa foi longe demais. Nesta terça-feira os jornalistas o questionaram sobre as declarações do ministro Paulo Guedes, que andou falando coisas muito parecidas com a cantilena do ex-presidente Lula, que vivia dizendo que seu governo havia aberto aos mais pobres o paraíso do mercado de consumo. Os pobres já não viajam tanto de avião como no tempo de Lula. Agora estão botando ordem na casa. Com o dólar alto, as empregadas domésticas não vão mais para a Disney. O Guedes é quem disse.

Ao contrário do que costuma fazer, Bolsonaro não quis se alongar neste assunto. “Pergunta para quem falou isso. Eu respondo pelos meus atos”, ele respondeu e mais não disse, mas numa situação assim nem é preciso falar mais nada. Não deve ser fácil para ele ver aquele que acreditava ser um Posto Ipiranga falando besteira no estilo do padrinho da Dilma. E neste caso tenho que apoiá-lo na sua indignação. Pode ser interpretado até como traição, digamos, filosófica, um ministro de Bolsonaro ir até o repertório histórico de outro presidente para buscar idiotices que obteria com a maior facilidade dando uma passadinha no Palácio do Planalto.
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POR José Pires

Fernando Haddad e o modo petista de fazer as coisas

O ex-prefeito Fernando Haddad, que perdeu feio no segundo turno a eleição presidencial para Jair Bolsonaro, anda atarefado nos últimos tempos procurando ocupar espaço na mídia, tentando ao mesmo tempo manter uma posição destacada dentro do PT, pois o partido está num arranca-rabo entre suas lideranças, em conflito atiçado por Lula para manter-se sempre por cima entre seus companheiros.

Algum especialista deve ter alertado Haddad que sua imagem sofre de um problema muito sério, afetada pela confusão que costuma ocorrer no limite entre o pragmatismo e o sujeito parecer um banana. Para um petista isso pega muito mal, o que faz às vezes um ou outro capacho de Lula erguer o tom para provar aos companheiros que baixa a cabeça quando o chefão ordena, mas em seu peito não bate um coração tucano.

É o que vem ocorrendo com Haddad, que alterou bastante seu discurso, saindo do perfil do professor correto, compreensivo com o que os outros pensam, passando a descer a lenha em Jair Bolsonaro, inclusive com ataques pessoais. Não estou fazendo juízo de valor sobre o que ele anda falando do presidente, apenas pontuo a mudança do discurso.

>Haddad vem interpretando este novo papel nas redes sociais, dando violentas tuitadas no governo, buscando também encaixar frases agressivas em entrevistas, que trazem uma pauta bem definida de assuntos pelos quais ele acredita poder fortalecer este lado malvadeza que provavelmente algum marqueteiro o avisou que é absolutamente vital para que ele ganhe um realce dentro e fora de seu partido.

No sábado, o petista deu uma entrevista ao site UOL, com boas pancadas no ministro Paulo Guedes, em críticas que em boa parte subscrevo, afinal Guedes é um inimigo nosso em comum, sem que isso evidentemente faça de Haddad meu amigo, o que já está devidamente comprovado pelo que aconteceu no enfrentamento eleitoral entre ele e Bolsonaro, quando foi exigido pela honestidade e o bom senso que não se escolhesse nenhum.

Não vou entrar nas críticas que Haddad levantou, mas tenho que apontar uma expressão muito interessante, um lapso do discurso professoral do ex-prefeito que perdeu a reeleição em São Paulo no primeiro turno, em que ele sintetiza de forma magistral a posição política e administrativa dele e dos companheiros que o cercam. É um trecho de crítica à famosa fala do ministro Paulo Guedes, que tachou os funcionários públicos de “parasitas”. O petista diz que Guedes nunca fez nada de útil na vida, no que tem toda a razão, mas o que me chamou a atenção foi a expressão que usou. Haddad diz que Guedes “nunca pregou um parafuso”.

Achei perfeito. O partido de Haddad é exatamente isso na política, na economia e nas demais tarefas exigidas em um governo. O PT é um partido que prega parafusos.
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POR José Pires

domingo, 9 de fevereiro de 2020

A lição de cinema do documentário "Indústria americana".

Os documentários “Indústria americana” e “Democracia em vertigem” são duas obras que se enfrentam nesta noite de domingo na festa do Oscar, por isso cabe uma comparação entre os estilos muito diferentes de Steven Bognar e Julia Reichert, diretores do primeiro, e de Petra Costa, autora do documentário brasileiro, que os petistas já acolheram como queridinha do PT, na sua afoiteza prejudicando a imagem de independência que se pretendia para o filme. Petra é uma das figuras mimadas pela militância petista. Críticas ao filme são repudiadas com agressividade, como se o partido do Lula tivesse poder de veto sobre quem coloca em dúvida esta joça.

Na minha visão, “Democracia em vertigem” está encaixado em categoria errada no Oscar. É uma obra de ficção, pautada, dirigida e montada de forma tão manipuladora que dá até vergonha alheia. Os petistas nem escondem a torcida pelo seu sucesso, pois na visão deles seria um reforço e tanto para a narrativa falsa sobre a situação do Brasil que buscam emplacar internacionalmente. Já “Indústria americana” é um filme que não depende da sua sorte na premiação desta noite. Já tomou seu lugar na história do cinema e tem uma larga carreira pela frente. Steven Bognar e Julia Reichert criaram uma obra-prima, tecnicamente perfeita, tratando de um tema de extrema importância não só para os Estados Unidos, mas para o mundo todo.

O documentário americano parte da instalação de uma fábrica pela China em uma cidade no interior americano para debater de forma inteligente os graves problemas do capitalismo no Ocidente e a entrada da poderosa economia chinesa nos Estados Unidos, tentando impor um modelo de produção tremendamente explorador da mão de obra, com pesado arrocho nos salários e a quebra de direitos básicos dos trabalhadores, além do desrespeito ao meio ambiente e a eliminação de regras de segurança coletivas e individuais. É o comunismo, quem diria, buscando submeter trabalhadores a um domínio dos sonhos do conservadorismo americano.

O documentário trata do choque cultural entre trabalhadores chineses e americanos e da dificuldade da implantação da mentalidade chinesa, com seu modo comunista de produção que tromba até com regras muito simples do capitalismo, como o uso de de aparelhagem de proteção. Porém, ao contrário do que fez a brasileira Petra Costa ao tratar do choque político entre a oposição e o PT, os cineastas americanos não foram invasivos politicamente nem procuraram amoldar a realidade em nenhum sentido ideológico ou partidário. Os diretores americanos desenvolvem o assunto abrindo amplos espaços para a compreensão própria de cada espectador, respeitando a inteligência das pessoas, sem manipular o que filmaram e muito menos atuando com pauta política pré-determinada.

“Indústria americana” é o contrário de “Democracia em vertigem”, do ponto de vista técnico e da arte do documentário. E deixo claro que faço a comparação apenas porque os dois filmes estão neste domingo no Oscar. O filme de Petra Costa é de um nível de qualidade inferior demais ao documentário americano e não digo isso apenas pela mentirada que ele contém. É uma obra tecnicamente tão fraca que não consegue alcançar nem seu objetivo como propaganda política de um partido tomado por ladrões e liderado por um corrupto que já pegou até cadeia por seus crimes contra o país.

O filme dos americanos Steven Bognar e Julia Reichert merece ser visto e discutido com atenção, até pelo fato de que o Brasil também vem sofrendo a invasão do tirânico poder econômico da China, mas também porque o documentário estimula o debate de muita coisa importante no campo do trabalho, da política e da globalização que tomou conta de tudo. É um exemplo de inteligência artística e respeito pela capacidade de cada um pensar e tomar decisões por sua própria cabeça. O filme de Petra Costa também merece atenção, mas neste caso é porque representa absolutamente o contrário disso.
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POR José Pires