Não se pode mais reclamar da falta de ação de Jair Bolsonaro desde a sua derrota na eleição para presidente. Ele acaba de abrir uma lojinha de bugiganga na internet. É sério: Bolsonaro e filhos acabam de anunciar a abertura da “Bolsonaro Store”, para a venda desses bagulhos que são comuns nas redes sociais. O internauta não tem a opção de pedir para entregar em casa uma pistola ou um rifle, mas o anúncio da abertura da lojinha promete para mais adiante “outras novidades e produtos”. Não duvido que no retorno das lives de quinta-feira Bolsonaro terá para vender uma daquelas canecas de programa de entrevistas.
O “Bolsonaro Store” parece até paródia de programa de humor, por isso cabe repetir: por mais absurdo que pareça, essa coisa é verdadeira. O garoto-propaganda do novo negócio da família Bolsonaro é o deputado Eduardo Bolsonaro, que fez o anúncio nas suas redes sociais. Esta é a primeira ação de peso do parlamentar, também conhecido como Eduardo Bananinha, desde a viagem para a Copa do Mundo do Catar, em outubro do ano passado, onde esteve, conforme sua versão, para entregar pen drives “explicando a situação do Brasil”.
A alegação da missão secreta de Bananinha veio depois dele ter sido flagrado em vídeo de transmissão oficial da Fifa se divertindo fazendo selfies na arquibancada do jogo entre Brasil e Suíça. No Brasil, os seguidores de Bolsonaro penavam em protestos contra a derrota para Lula, nas ruas e na frente de quartéis, às vezes enfrentando a lama e debaixo de chuva.
A lembrança com a interligação dessas duas situações serve para apontar algo que pode ser visto como um patético conservadorismo da família, pelo menos em matéria de marketing e ação política. Bananinha é um dos responsáveis pela articulação política do pai e da sua comunicação internacional. E ainda usa pen drive como um importante meio de divulgação.
Agora o gênio da comunicação aparece vendendo calendário de papel — em papel offset, com belíssimas fotos em cromo e impressão de qualidade, imagino — com dois meses de atraso. Será que tem desconto pelos meses de janeiro e fevereiro?
Esta peça rara é outra demonstração de conservadorismo dessa família inacreditável. Quem mais pensaria em ter um calendário de mesa como chamariz de lançamento? É o lance de marketing da “Bolsonaro Store”. Será que acompanha um pen drive? Certamente não é para alcançar o eleitorado jovem, que teria que colocar o calendário em cima do celular. Está mais para o tiozão do churrasco. Além disso, soa como piada o oferecimento de uma coisa dessas no final de fevereiro.
No entanto, não deixa de ter tem tudo a ver com a dificuldade de Bolsonaro para acompanhar o andamento político do país desde a derrota para Lula, quando vem deixando o tempo passar, entre lágrimas, sem articular nenhuma ação, tendo inclusive abandonado os mais de mil bolsonaristas que foram presos por colocarem em prática a radicalização estimulada por ele, os filhos e uma quantidade de irresponsáveis, alguns inclusive usando como fachada para isso o jornalismo.
O calendário dá até um tom de humor negro ao lançamento patético desse “Bolsonaro Store”, pois pode servir para seus seguidores — não só os que foram presos — contarem os dias de complicações jurídicas e aborrecimento que terão pela frente.
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Por José Pires
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