O jornal Folha de S. Paulo mostrou neste domingo os custos em hospedagem das viagens oficiais de Lula e sua equipe ao exterior. Foram R$ 7,3 milhões. A viagem para a China foi a de maior custo: R$ 1,8 milhão em cinco dias. Apenas a hospedagem, sem contar os demais gastos, como por exemplo, pagamentos de alimentação, aluguel de veículos e até de intérpretes. Não está incluída na reportagem da Folha esta última viagem à Europa, quando o petista passou pela Itália, Vaticano e França.
Lula fez 12 viagens oficiais ao exterior neste primeiro semestre de seu terceiro mandato, o dobro de Jair Bolsonaro, no mesmo período de 2019. Como justificativa, a equipe de Lula usa exatamente o governo anterior, alegando que fazem um esforço para retomar relações diplomáticas com o mundo e melhorar a imagem do Brasil.
Ora, isso não é exatamente verdade. Todo mundo sabe que Lula gosta de bater perna. Foge do trabalho duro, para ele, da leitura de documentos e análises, do estudo de planos de transformação administrativa e econômica. Da condução prática de mudanças, muitas delas urgentes, que os brasileiros precisam desesperadamente.
O chefão petista é um eterno deslumbrado com a atenção internacional, achando muitas vezes que o respeito é pelo seu carisma e prestígio pessoal, esquecendo-se do peso que tem no mundo um país da dimensão do Brasil. Como presidente deste país, até um energúmeno como Bolsonaro acabava atraindo o interesse mundial. É mais ou menos pela mesma razão que acontece o mesmo com um energúmeno de esquerda.
Lula também não parece ter notado muitas mudanças na realidade, em comparação com o que era o mundo nos seus primeiros mandatos. Ele está atrasado mentalmente pelo menos duas décadas. Esperava a mesma recepção do “Este é o cara!”, quando ainda desfrutava do mito do sindicalista que virou presidente no maior país da América do Sul. Hoje em dia o mundo já sabe com quem está lidando. E não só pelo histórico de mais de dez anos de corrupção, fraudes e o abalo econômico mais forte sofrido pelo nosso país, como resultado de quatro mandatos consecutivos arrasadores do PT.
Lula vem reforçando esta má impressão em cada saída que dá. Cada fala sua reforça o efeito negativo no exterior, bem longe da consagração que esperava. Ora, é necessário muito mais que uma cervejinha entre amigos para fazer a paz entre um autocrata criminoso com armas nucleares e um povo aguerrido que defende com honra seu território e a existência de seu país.
Em cada uma dessas viagens de Lula, o resultado negativo para a imagem do Brasil foi cada vez mais pesado. O país não deixou de ser pária. Agora é papagaio de Vladimir Putin. A própria alegação de consertar o estrago produzido por Bolsonaro na imagem externa brasileira não vale mais, dado o saldo negativo das suas declarações estapafúrdias sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Obcecado em ter um papel destacado no plano internacional, Lula tem em pauta a exploração em benefício próprio do conflito criado pela Rússia com a Ucrânia. No entanto, toda vez que ele toca nesse assunto, só sai asneira. Até Joe Biden já perdeu a paciência com o petista. Há dois meses a Casa Branca cortou o papo do petista: "Neste caso, o Brasil está papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto".
Na semana passada, Lula recebeu outra resposta dura, desta vez de uma publicação emblemática da esquerda, o semanário Liberation. O petista saiu na capa da publicação durante a última viagem à Europa. O Libération sintetizou a opinião sobre Lula, grafando em português: “Decepção”. Pois é, o engodo petista não convence mais nem a ingênua claque de fãs europeus, composta por intelectuais e jornalistas totalmente desinformados das barbaridades imorais da esquerda brasileira.
A reportagem do jornal francês afirma que Lula é um “falso amigo do Ocidente”, em referência à posição do petista sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, com suas opiniões que favorecem Putin. O Libération também aponta as relações muito próximas entre o presidente brasileiro e o ditador Nicolás Maduro, questionando se Lula não tem “conhecimento dos abusos cometidos na República bolivariana do autoritarismo”.
Desde a semana passada os governistas tentam minimizar a importância do posicionamento editorial do Libération. No entanto, não só os petistas, mas toda a esquerda brasileira deveria avaliar profundamente esta mudança de visão de uma imprensa que tinha até então apenas elogios aos esquerdistas nativos na cobertura da política no Brasil.
Mais que uma eventual reportagem, a matéria de capa do Libération, com sua firme declaração de descrédito, pode estar apontando novos rumos de relações, em um ambiente que até agora favorecia o PT. A matéria deve ter origem em debates que já estão ocorrendo nos meios políticos de esquerda e da intelectualidade francesa, com a percepção do semanário de uma mudança de opinião de seus próprios leitores sobre o comportamento da esquerda latinoamericana.
A “decepção”, expressa de forma inteligente na nossa própria língua, é uma referência específica à traição petista aos valores democráticos do Ocidente. É também uma descoberta, ainda que tardia, do desequilíbrio político e moral de petistas e agregados, concentrado no discurso asqueroso pró-Rússia do idolatrado Lula e na criminosa cumplicidade com seus achegados ditadores bolivarianos.
Entre o público e a intelectualidade francesa já estará brotando uma consciência sobre a vida bandida do PT e da esquerda brasileira, mantida encoberta até agora por meio de intenso lobby militante? Tomara que sim. Será como uma vitória política e espiritual da dignidade humana de um Albert Camus sobre a vilania intelectual — ainda que brilhante — de um Jean-Paul Sartre.
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Por José Pires
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