Lula parte para o exterior nesta quinta-feira e o que pode-se dizer de mais esta viagem é que, em vez de soltar por aqui suas asneiras, ele vai outra vez expor idiotices internacionalmente. Quando voltar, certamente trará com ele mais algumas encrencas para o nosso país. Em poucos meses de governo, Lula já marcou o Brasil internacionalmente como aliado de regimes comandados com mão de ferro por autocratas como Vladimir Putin, Xi Jinping e más companhias mais antigas, como Daniel Ortega, Nicolás Maduro e outros bandidos investidos de poder.
Talvez para compensar sua partida, Lula soltou nesta terça-feira uma declaração da pesada. O petista disse que, por ele, os brasileiros não deveriam saber os votos dos ministros do STF. Ele justificou sua proposta como uma forma de controlar a “animosidade” popular contra a instituição. É óbvio que, nesta visão, a população deveria ficar distante das decisões dos outros poderes.
Na fala de botequim de Lula fica melhor explicada sua concepção de fortalecimento das instituições. Ele disse o seguinte: ““Para a gente não criar animosidade, eu acho que era preciso começar a pensar se não era o jeito de a gente começar a mudar o que está acontecendo no Brasil. Do jeito que vai, daqui a pouco um ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua, não pode mais passear com a sua família, porque tem um cara que não gostou de uma decisão dele”.
Na verdade, o que Lula está propondo é um golpe contra a transparência das instituições. Na minha opinião foi um ato falho de um político que além de desonesto sempre teve ambições autoritárias. No ano passado, em razão de termos no poder um presidente estúpido como Jair Bolsonaro, andaram falando de que no fundo o petista seria um democrata. Pois isso ele nunca foi. O que me dizem do “mensalão”? Este esquema de suborno de parlamentares no seu primeiro governo foi não só compra de votos. Era também um cala-boca no Congresso Nacional para o PT ir aos poucos impondo um governo todo poderoso e nunca mais saírem do poder.
A ideia de um STF em que as decisões e seus autores permaneçam em segredo faz parte desse projeto autoritário de poder, que Lula nunca deixou para trás e pelo qual ficou mais animado, por causa do jeito que conseguiu sair da cadeia e ainda voltar à cena do crime, como bem falou seu vice Geraldo Alckmin.
Agora, já na idade avançada, em que o tempo acossa os seres humanos, o chefão petista está mais apressado A ansiedade pode explicar o ato falho. Medidas de anulação de qualquer tipo de transparência são fundamentais para seu delírio de grandeza e algumas dessas decisões antidemocráticas vêm sendo colocadas em práticas, a começar, é claro, pelo clima de intimidação contra a discussão crítica entre a opinião pública.
Um STF ditando regras em segredo teria efeitos importantes para os planos de Lula, com a anulação de condenações de aliados e o tratamento amigável de processos do interesse dele e de seus cupinchas, sendo também muito útil para condenar adversários que ele e seu partido não conseguem comprar. Não que isso já não esteja ocorrendo. O STF já não se envergonha de liberar criminosos, mesmo os do crime organizado, que por sinal está cada vez mais parelho com a bandidagem de colarinho branco.
No entanto, o ato falho da proposta de um STF que funcione como um clube secreto acabou tendo um efeito contrário ao que ele com certeza vinha procurando articular. A determinação constitucional de transparência do Judiciário
acabou ficando fortalecida. Houve uma reação bastante forte, com quase nenhum apoio a esta ideia esdrúxula, própria de um traidor da pátria, no sentido da grande frase de Ulysses Guimarães, que disse no final da Assembleia Constituinte que “Traidor da Constituição é traidor da pátria”.
Uma boa referência da má intenção de Lula é uma figura destacada nos últimos tempos, que defendeu de imediato o que ele falou. Para o ministro da Justiça, Flávio Dino,colocar sob sigilo os votos de ministros do STF é um “debate válido” e disse que “em algum momento esse debate vai se colocar”. Isso é o que se chama “lugar de fala”: Dino passou a vida no PCdoB, partido que chegou até a fazer guerrilha para presentear o Brasil com um regime espelhado no comunismo chinês.
Para não perder a ocasião, Dino aproveitou para mentir sobre o tema. O ministro disse que na Suprema Corte dos Estados Unidos a decisão também é secreta. Na verdade, não é assim: o nome dos ministros e a posição de cada um é revelada em qualquer decisão.
Para mim, o ato falho de Lula é apenas a exposição pública do que pode estar sendo tramado desde a conquista deste terceiro mandato, com a promessa da defesa da democracia e contra o fascismo, o genocídio e outras ameaças terríveis. Alguém duvida que este plano contra a transparência e a democracia estava em andamento e que Lula apenas se adiantou bestamente na questão?
Não é a primeira vez que Lula apronta algo parecido, como se estivesse alienado do que passa à sua volta. Ultimamente ele vive dando essas bolas foras, colocando em risco planos mais elaborados, como ocorreu recentemente nas suas asneiras sobre a agressão da Rússia contra a Ucrânia, que ele afirmava ser culpa dos países ocidentais e ser possível resolver com uma cervejinha.
Como ele próprio diz, estará com “um parafuso solto”? Nada disso. É apenas consequência do petista viver em um mundo próprio, onde as palavras e a relação com o próximo obedecem apenas ao objetivo de enganar as pessoas e obter ganhos na maior quantidade possível. Lula sempre fez tudo “de ouvido”, como se diz. O problema é que isso parece ter ficado mais difícil de ser feito.
Na própria live semanal em que soltou essa proposta indecente de um STF secreto, ao falar da prematura reforma de ministérios de seu governo, ele saiu-se com a velha comparação com futebol, que ele usa para qualquer assunto. Tudo bem, releve-se o universo cultural muito restrito. Mas ao que parece, até futebol é algo que ocupa sua cachola de forma superficial.
Para encaixar a comparação entre esporte e a substituição de ministros, o petista fez uma pergunta ao âncora da live: “Você assiste futebol”? Pois o tal âncora é o jornalista Marcos Uchôa, que trabalhou na Rede Globo por mais de três décadas, onde cobriu várias copas do mundo, inclusive em que a Seleção Brasileira foi a vencedora.
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Por José Pires
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