sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Lula e Janja e suas viagens para fora da realidade

E lá foi o Lula bater perna no exterior. Eu já disse aqui que o chefão petista vive exclusivamente em um mundo próprio, uma bolha, como se diz hoje em dia, onde não se dá importância ao que não é do interesse exclusivo dele. E aí está a Janja que não me deixa mentir. A primeira-dama está no mesmo tom. Logo que o casal apartado da realidade chegou à Índia nesta sexta-feira, ela postou nas redes sociais um vídeo comemorando. Na gravação, gargalhando de alegria, ela grita para a câmera: “Me segura, que eu já vou sair dançando”.


O vídeo foi retirado pouco depois da postagem, porque começaram a aparecer comentários condenando a atitude da primeira-dama, fazendo referência ao descaramento de um negócio desses quando toda uma região do Brasil sofre os efeitos de um terrível desastre natural.


A eufórica desavisada publicou essa coisa desrespeitosa exatamente em meio às críticas que Lula vem recebendo por não ter ido ao sul do país acompanhar o atendimento às vítimas do ciclone extratropical, que destruiu estradas e pontes, acabou com residências e locais de trabalho em várias cidades, desabrigou milhares de pessoas e já matou mais de quarenta pessoas.


Coitada da deslumbrada primeira-dama, ela só queria lacrar para ajudar sua cara-metade. Janja não larga o pé do seu coroa. Até agora não perdeu nenhuma viagem ao exterior. Engraçado que isso me trouxe a lembrança de uma época em que Lula tinha uma passageira clandestina nos voos da comitiva presidencial. A história acabou vazando depois, até com o nome da acompanhante que a FAB não registrava entre os passageiros.


Era uma presença assídua nas viagens de Lula ao exterior. Onde andará a Rose? Ela viajou ao lado de Lula para 24 países entre os anos de 2003 e 2010. Até para Cuba ela foi, sempre recebendo o pagamento de diárias em cada viagem. Em 2008, foram pagos 9.500 reais. Cito a quantia sem correção monetária. Neste ano ela acompanhou Lula a Gana, Peru, Espanha, Portugal, El Salvador e Cuba. Em 2010, as diárias chegaram a 15.000 reais. Sete países foram visitados: Cuba, México, El Salvador, Rússia, Portugal, Moçambique e Coréia do Sul. A então primeira-dama Marisa permanecia no Brasil, talvez em Atibaia com os netos, naquele sítio que não é do Lula.


As viagens de Rose — Rosemary Nóvoa Noronha, no oficial — foram descobertas a partir de um levantamento feito pela ONG Contas Abertas, depois de e-mails delas terem sido interceptados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro, de novembro de 2012. A operação a derrubou de um cargo de nomeação direta de Lula, feita em 2005, como chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Escutas telefônicas da PF haviam flagrado Rose usando o nome de Lula para fazer tráfico de influência no escritório da Presidência na capital paulista.


Em setembro de 2013 a Controladoria-Geral da União (CGU) decidiu demiti-la do serviço público, o que impede que ela volte a ocupar um cargo público federal. E desde então, Rose evaporou. Sumiu. Nunca mais foi vista viajando em comitiva oficial do governo brasileiro.


Mas isso são coisas do passado. Ou narrativas, como se diz agora, que podem até ser refeitas, mudando totalmente os papéis, como o próprio Lula disse em público — ou confessou, para definir melhor seu ato falho — contando aos brasileiros que ele chegou a dar esse conselho ao ditador venezuelano Nicolás Maduro, talvez para que o autocrata criminoso dê um bom retoque no que andou fazendo com o povo da Venezuela, recontando melhor as prisões e torturas ou os tiros mortais em jovens manifestantes desferidos por milicianos governistas.


Na visão de Lula, a História, assim com agá maiúsculo, é um processo manipulável, conforme a ocasião e as alianças que podem ser feitas com as mais diferentes áreas de poder, quando ocorre uma sintonia entre os interesses em acabar com esse anacronismo de querer prender corruptos. Como sempre andou rodeado de esquerdistas, nesses anos todos Lula andou pegando de ouvido aquele conceito da história repetida como uma farsa. Claro que ele não deu bola alguma para o fato de que aquilo era uma crítica. Como diz a patroa, "me segura, que eu já vou sair dançando".

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Por José Pires

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