domingo, 19 de novembro de 2023

Lula e o PT no perde e perde da eleição na Argentina

Qualquer resultado que tenha neste domingo a eleição para presidente da Argentina, com a vitória de Javier Milei ou Sérgio Massa, o Brasil já está encrencado e terá sérias dificuldades a partir da hora em que o vitorioso colocar a faixa presidencial. O presidente Lula e seu partido envolveram-se de tal forma nesta eleição argentina, que o Brasil foi um dos temas mais discutidos na campanha deste segundo turno, com o nosso país ganhando a fama de promotor da desmoralização da disputa eleitoral e instigador do jogo sujo na eleição.


A situação do governo do PT é tão complicada, que pode-se avaliar até como mais difícil de administrar se houver a vitória de Sérgio Massa, candidato do peronismo-kirchnerista apoiado por Lula com excessivo empenho, colocando inclusive o governo brasileiro para garantir a autorização de um empréstimo de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) ao país, favorecendo o candidato peronista Massa, que é ministro da Economia.


É também dos petistas uma interferência importante para Massa, com a entrada na campanha de Massa de uma equipe de publicitários que já trabalhou para candidaturas petistas, inclusive a de Fernando Haddad à presidência da República, quando ele perdeu para Jair Bolsonaro. A receita marqueteira contra Milei foi muito parecida com a que fizeram no Brasil. Foi uma artilharia pesada, explorando inclusive vínculos pessoais do candidato da oposição para colar nele a pecha de doido. 


A base da propaganda feita pelos marqueteiros brasileiros foi colocar medo na população argentina, colocando a vitória de Milei como uma ameaça grave à estabilidade da Argentina, inclusive apontando no oposicionista um risco para a própria democracia no país. Não é preciso detalhar o modelo de propaganda política, cabendo, é claro, que fora do que é oficialmente fiscalizado na eleição tem também os esquemas de ataque, com os assassinatos de reputação famosos do PT, que foram usados até contra companheiros históricos, como aconteceu com Marina Silva, na sua candidatura a presidente em 2014, contra Dilma Rousseff, apadrinhada de Lula. 


A interferência de Lula foi tema de debates pesados na eleição argentina, sendo também muito comentada entre a população. Até pela linguagem agressiva, com a exploração do medo e da desconfiança nos materiais de campanha, o Brasil ganhou entre a população a fama de promotores de sujeira política, o que é uma façanha e tanto em um país em que a briga pelo poder sempre foi uma barra pesada.


Liderados pela liderança de Lula, os petistas erraram a mão mais uma vez em relações externas, agora comprometendo-se com os rumos de um país onde não existe absolutamente nada que sustente a previsão de uma mudança da sua condição de ingovernável. Haja ou que houver no dia de hoje, com a vitória de Milei ou Massa, o candidato de Lula. 


O destempero político dos petistas foi tanto desta vez, que a eleição de seu preferido pode até ser pior do que se os argentinos recusarem o voto a alguém como Massa, que já provou que não tem capacidade de tocar o país e terá muito menos ainda capacidade de colocar em prática as propostas de campanha, meramente marqueteiras. 


No entanto, com a falta da possibilidade de escolher algo ao menos razoável, a maioria pode optar por Milei, que ao menos oferece algo que não se tentou ainda na falida Argentina. Com isso, os peronistas voltariam a uma transformação que fazem muito bem: voltariam a ser pedra nas vidraças do governo, numa quebradeira de vidros que, tenho certeza, começariam o estrago já na segunda-feira. 


Massa também ficaria na posição mais confortável de oposicionistas, que o PT conhece muito bem, onde se passa lições daquilo tudo que não se fez no poder. Então, o que parece uma perda para Lula, o livraria de um compromisso político que promete complicação já nos primeiros meses do mandato presidencial. A falta de cautela no apoio de Lula acabou na prática sendo um endosso. Se Massa for presidente, quero ver como o governo brasileiro vai bancar este apoio ao falido projeto peronista.

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