terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cai mais um mito

O caso da servidora fantasma que envolve o falecido deputado Luís Eduardo Magalhães é, perdoem a palavra, emblemático da situação na qual está encalacrada o Brasil. O filho do senador ACM gozava de uma lamentável popularidade na mídia brasileira. Era tratado pelos jornalistas como se fosse um estadista. Talvez isso fosse pelo doce convívio, as tais “relações pessoais de clube e coquetel”, de que fala Hunter S. Thompson, o genial jornalista gonzo dos Estados Unidos, em matéria sobre  campanha presidencial em Washington. Com a camaradagem, ele diz, há pouca chance de um entregar o outro.

O fato é que acabaram criando um mito. Não fosse sua morte, o deputado poderia até ter se tornado presidente da República, já que mídia inflou de tal modo sua imagem que ele era presidenciável forte. E aí está o homem.

Magalhães era do PFL, o velho Partido da Frente Liberal da ditadura militar. Agora é o DEM, fiquem de olho, a maioria deles aprendeu a se vestir de um modo moderno. Ele foi criado assistindo as manhas do pai, o senador ACM. Deu à elas uma roupagem moderna, vestiu um paletó bem cortado, trocou a malvadeza explícita do pai pela amabilidade. Será isso que encantou a mídia? O deputado petista José Genoíno o adorava, mas esse não vale: até assina dívida de mais de dois milhões de reais sem ler o contrato.

Mas o encanto, pelo jeito, permanece. Anos depois de sua morte o fascínio dos colegas ainda é forte. Na abertura da reportagem, antes de narrar essa história de desfaçatez sem tamanho a Veja descreve o deputado Magalhães como “o mais brilhante político de sua geração”. Vejam bem, não um dos mais brilhantes, mas o mais brilhante.

Desconheço qual é a régua para defini-lo desse modo. Ou será que manter a amante com dinheiro público é coisa tão alta que nos critérios de valor do Congresso Nacional que o parlamentar acaba ficando com a fama de brilhante?
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Por José Pires

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