Com a volta inesperada de Marina Silva à cena política como protagonista andam esquecendo de uma pessoa essencial em seu crescimento político em todos os níveis, inclusive numa ampliação do universo pessoal da candidata do PSB, que antes era mais restrito do que agora. Ninguém fala dele, mas isso eu até compreendo, dado o nível de pouco aprofundamento em que anda a nossa imprensa. Ele é Guilherme Leal, dono da fabricante de cosméticos Natura. Sua presença ao lado de Marina vem sendo para mim desde a eleição passada um ponto favorável à credibilidade da candidata.
Leal é um empreendedor que mostrou na prática a possibilidade da exploração da prodigiosa natureza brasileira de forma lucrativa e sem a mentalidade predatória que infelizmente prevalece em nosso país. A Natura tem também experiências administrativas de alta qualidade, que influenciam até a arquitetura e o ambiente externo de suas instalações, além do bem estar de seus funcionários. As lições da Natura podem ser muito importantes no conjunto da cultura empresarial brasileira, já que é uma empresa que cuida muito bem de seu produto, atuando com rigor na qualidade, desde o rótulo da embalagem até às mãos do consumidor. Enfim, é uma empresa que pode trazer bons referenciais em vários aspectos da economia.
O parágrafo acima pode até parecer propaganda gratuita da Natura, mas é de fato o que eu penso sobre o que eles vêm fazendo. A entrada de Leal na primeira candidatura de Marina foi até uma surpresa para mim, pois a política no Brasil costuma atrair entre o empresariado mais aqueles que tem apenas o interesse em lucrar com facilidades criadas pelo Estado. A atração de um empresário como Leal, portanto, pode ser visto como mérito político de Marina. E ele mostrou coragem. Todo mundo sabe que o PT não tem escrúpulo em fazer retaliações usando a máquina pública. E ele aceitou até ser vice-presidente na chapa do Partido Verde na eleição de 2010.
Fala-se demais na ascensão de Marina, como se isso tivesse acontecido como um passe de mágica. Mas não se deve esquecer que foi com ele como vice que ela teve os 20 milhões de votos. Naquela eleição, bastaria sua presença na chapa para atrair a credibilidade em setores em que Marina transitava ainda com mais dificuldade. Mas sabe-se que sua contribuição foi muito além disso. Antes de aparecer na eleição para presidente da República, Leal teve uma participação muito importante na política brasileira como um dos fundadores do Instituto Ethos, instituição privada que trouxe contribuições muito boas para o debate político logo após a redemocratização no Brasil.
Tenho dificuldade de confiança em Marina Silva, mas no plano pessoal não é muito diferente com Aécio Neves, assim como eu não via possibilidade de transformação de fato com o falecido Eduardo Campos. Até agora acho que a possibilidade real de desmonte do risco que o PT é para o futuro dos nossos filhos está na candidatura do PSDB, com todos os pesares deste partido e seu candidato. Marina não demonstra possibilidade de ruptura com os perigos que foram instalados no país pelo PT no poder. No entanto, penso que é bom analisar com profundidade todos os atores deste nosso drama. E o empresário Guilherme Leal é um que não pode ser esquecido.
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POR José Pires
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