terça-feira, 19 de março de 2019

Fazendo feio na casa dos outros

O governo Bolsonaro está numa condição política tão pouco inteligente e sem capacidade de discussão crítica que não só leva a um péssimo comportamento como também impede a compreensão de sinais emitidos pela opinião pública, por especialistas e vindos das estruturas de poder, incluindo governos estrangeiros.

E nem vou falar sobre a necessidade da leitura atenta ao que traz a imprensa, porque já faz tempo que este meio vem sendo usado pela máquina bolsonarista meramente como suporte para a justificativa de erros, o ataque a adversários e a criação de espantalhos tão estúpidos que servem como animação dos fanáticos que já estão do lado do governo.

O que dizer do espetáculo burlesco montado na véspera do encontro com o presidente Donald Trump? Bolsonaro comandou um jantar na embaixada brasileira em Washington para o qual convidou Steve Bannon, o porcalhão da campanha de Trump. Os dois tiveram uma desavença séria, com problemas até com a família do presidente.

Só por isso já seria um despropósito, na descortesia de antes de um encontro festejar com alguém com quem o anfitrião não se dá bem. Mas teve mais que isso. Bolsonaro passou a noite com Bannon e outras figuras da ultradireita americana falando mal da China e sabe-se lá de que outros governos. Mas as nações e povos atingidos certamente terão as informações dos mexericos.

Mas o que fazer com um governo tão surdo às mínimas evidências que não tem atenção alguma ao resultado do que vem fazendo? Embalados pela máquina de comunicação subterrânea do bolsonarismo, com suas análises fraudulentas e fakes news, a militância já está acreditando nesta viagem como o advento de uma nova era nas relações do Brasil com os Estados Unidos.

Poderíamos até achar tudo muito engraçado, mas isso não é possível agora nem nunca. Está aí algo sobre o qual absolutamente não se pode achar que “um dia vamos rir de tudo isso”. Pelo custo que o país terá que bancar no futuro, acho melhor dizer um dia tudo isso vai nos fazer chorar muito.
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POR José Pires

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