sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O reaparecimento de Queiroz, o amigão de Flávio e Jair Bolsonaro

E não é que o Queiroz apareceu? E foi em plena ação que ressurgiu o antigo faz-tudo dos tempos em que Flávio Bolsonaro era deputado estadual e seu pai apenas um deputado do baixo clero. Foi em gravação de áudio em que fala em distribuição de cargos no governo de Jair Bolsonaro, citando diretamente o agora senador Flávio Bolsonaro. O ex-assessor é investigado pela apropriação do salário de cargos nomeados no gabinete de Flávio na Assembleia do Rio de Janeiro, a chamada “rachadinha”. O caso era investigado pelo Ministério Público por suspeitas de peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, até o ministro Dias Toffoli mandar suspender as apurações.

>O áudio mostrado pelo jornal O Globo mostra que o ex-policial militar Queiroz manteve-se operativo mesmo depois do escândalo da rachadinha. Vamos a ele: "Pô, cara, o gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores lá, pessoal pra conversar com ele. Faz fila. P..., é só chegar, meu irmão: 'Nomeia fulano aí, para trabalhar contigo'. Salariozinho bom desse aí cara, pra gente que é pai de família, p..., cai como uma uva (sic)".

É bastante interessante que mesmo com toda repercussão do caso das rachadinhas o antigo assessor ainda esteja falando em distribuição de cargos pelo gabinete de Flávio, agora no Senado. A impressão que dá que alguém pode ter garantido que a investigação sobre ele não vai dar em nada. Se for assim, ele tem razão: “É só chegar, meu irmão”.

O presidente Jair Bolsonaro não gosta dessa história do paradeiro do Queiroz, seu amigo de tantas pescarias. Sobre este assunto, há poucos dias um ciclista passou pelo presidente fazendo a pergunta e Bolsonaro disse que o Queiroz estava “com a sua mãe”. Agora, na reaparição do Queiroz, o presidente disse que “é um áudio bobo”. Bem, em política quando uma autoridade diz que determinado assunto é “bobo” é porque na verdade, como diz a moçada, a coisa pegou.

O senador Flávio Bolsonaro também tentou minimizar o áudio e para isso gravou de imediato uma resposta em vídeo, postado nas redes sociais. Dito assim, pode parecer piada, mas é sério. O sujeito correu para gravar um vídeo para deixar bem claro que o assunto não é importante. Ah, essa família Bolsonaro.

No vídeo, Flávio afirma que não tem contato com o ex-assessor “há quase um ano” e que só teve notícia dele pela imprensa. Vejam que extraordinário, o filho de Bolsonaro deve ser um dos poucos brasileiros sem interesse em saber da vida do Queiroz. Com sua carreira em risco por causa do sujeito, isso é até uma contradição. Pode ser apenas uma diferença de personalidade, mas se tivesse por aí alguém investigado pelo MP pela suspeita de passar dinheiro ilicitamente para mim eu estaria bastante curioso em saber por onde anda essa figura.

Outro deslize do filho de Bolsonaro é o título do vídeo, classificado por ele como “Breve, objetiva e tranquila explicação sobre o áudio atribuído ao ex-assessor Queiroz”. Essa incoerência foi retirada da sua fala, “breve, objetiva e tranquila”, conforme ele mesmo diz. O áudio de Flávio é apenas “breve”, o que evidentemente se deve à discussão com assessores e advogados sobre o que deveria dizer, que resultou em um texto pronto, uma enrolação sem nenhuma objetividade. E ele tampouco está tranquilo, como também não pode estar seu pai, porque se fosse assim eles não estariam nem aí com o que Queiroz anda falando.
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POR José Pires

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