terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fugindo da questão

Vejam essa declaração sobre a crise: "Não será fácil. Não há atalhos e é provável que a crise piore". Não, não é de nenhuma autoridade do governo brasileiro, nem de Lula evidentemente, pois ele encara a crise com sua pose de fanfarrão. A frase é de Barack Obama, que vai governar a maior economia do mundo. E parte do mundo, claro.

Aqui, o governo Lula continua com suas marolas. Sabem como é, ao contrário dos Estados Unidos este é um país “blindado”. E a gente se pergunta quando é que a crise vai começar agir sobre as cabeças pensantes ao lado de Lula. Já era tempo de se ter um vislumbre de consciência.

Em entrevista recente à Folha de S. Paulo, bem que o jornalista tentou arrancar alguma declaração séria, ao menos no sentido do cargo, do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “Quando será o pico da crise no Brasil?”, ele perguntou. Bernardo disse: “Não sei. É tudo profecia”. Bem, se o ministro do Planejamento fala assim, então o negócio é consultar o horóscopo.

No comportamento de praticamente todos os ministros de Lula é possível observar este alheamento da crise, alienação evidentemente determinada por ordem do presidente. É isso ou teremos de acreditar que é caso de hospício. Todos ignoram a crise, mas fiquemos com a opinião do ministro do Planejamento, afinal, se é do Planejamento, ele deve entender algo desse negócio de crise.

Sigamos então. Quando ao “efeito na economia real”, Bernardo também parece estar na linha retórica da marolinha. Além de dizer que “não tivemos problema até agora”, ele ainda reclama da questão, pois acha que “seria um absurdo falar um negócio desses”.

Não quero ser repetitivo, mas ele é do Planejamento e acha que é “absurdo” analisar um quadro difícil para a nossa economia. Mesmo em teoria? Bem, mas a própria prática já mostra que Bernardo está errado. Bastaria ele ter lido nas últimas semanas o próprio jornal onde foi publicada sua entrevista, ou até mesmo a mesma edição, onde outro ministro, o da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirma com razão que o “horizonte é de fato sombrio”. E ele não está só falando de boi e pasto e pepinos e tomates.
Empresários, economistas, jornalistas, muita gente vem alertando sobre a crise, antes mesmo que ela explodisse nos Estados Unidos. A própria realidade do mercado fala a mesma coisa e em voz bem alta. Os números da indústria e do comércio estão aí dizendo o mesmo. Até estranhas fusões. Ou o governo Lula acredita que Itaú e Unibanco se fundiram apenas por uma questão de oportunidade de negócios?

O ministro do Planejamento é só um exemplo da política de avestruz do governo Lula, que começou com aquela conversa fiada dele sobre a crise ser uma “marolinha” para o Brasil. Já passou da irresponsabilidade essa tática de se negar a encarar os problemas com clareza. Desse jeito, o brasileiros não ficam a par da gravidade da situação e nem se preparam para enfrentar o que vem por aí.

Isso é coisa velha, vem desde o primeiro mandato, mas neste momento grave é uma tática que pode prejudicar muito o país. E sabemos bem qual é razão para tantos dedos com este espinhoso assunto. Com a crise avançando, o governo que imaginava ter a capacidade de eleger até um poste transforma-se no próprio poste.

Mas quem não vive em campanha eleitoral sabe que para o Brasil ser de fato um país emergente, é preciso muito fôlego para chegar até a superfície . Mas com este governo não resta outra solução a não ser conter respiração e torcer para que Deus seja mesmo brasileiro.

É uma situação como essa que fez o deputado Fernando Gabeira, em artigo na mesma Folha, lembrar o hábito brasileiro que nos conduz a pensar que é “melhor ser atropelado do que se antecipar criativamente”. Não, nada disso, precisamos planejar melhor. Pelo menos para que alguém anote a placa.
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POR José Pires

Trocados no berço?


Por falar no ministro do Planejamento, já perceberam como o ministro Paulo Bernardo é parecido com o Curly, um dos Três Patetas, aquele seriado antigo ainda do tempo da televisão em preto e branco? Reparem nas fotos, o ministro é o da esquerda.

Dá até para fazer uma brincadeira do tipo "trocados no berço", aquele comparativo ficionômico entre personalidades diversas que faz tanto sucesso por aí. Claro, tudo isso sem nenhum juízo de valor e também sem pensar que vejo semelhança entre Bernardo e Curly apenas porque sou oposição ao governo Lula. Nada disso: é apenas a natureza.
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POR José Pires

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

E lula, claro, assinou...

E o presidente Lula assinou o decreto que permite à operadora de telefonia Oi comprar a Brasil Telecom e formar o que está sendo chamado de “Super Tele”, mas que no meu entender devia se chamar ”Super Monopólio”. Lula fez o serviço na quinta-feira passada. O decreto foi publicado no Diário Oficial.

A canetada do petista altera o Plano Geral de Outorgas, o PGO, que rege a telefonia fixa no Brasil, e mexe exatamente no ponto que impedia o negócio entre a Oi e a Brasil Telecom. Com o decreto, Lula cria um novo PGO colocvando na prática a assinatura final no negocião de cerca de R$ 13 bilhões.

O anúncio da compra da Brasil Telecom já foi feito há seis meses, o que comprova uma segurança imensa dos empresários de que o presidente da República assinaria o decreto. E a etapa definitiva do processo, que depende de decisão da Anatel, também deve transcorrer sem dificuldade.

Também neste caso a confiança dos empresários é admirável: existe até uma multa prevista, a ser paga pela Oi à Brasil Telecom caso o negócio não se efetue até 21 de dezembro. A presença da Anatel na maior fusão do ramo da telefonia parece atender apenas à uma formalidade.

Eu disse que a compra envolve cerca de R$ 13 bilhões. Mas ainda não falei quem é que paga. De R$ 8 a 10 bilhões vão sair do BNDES e o Banco do Brasil, ou seja, do seu, do meu, do nosso bolso. Espero que nestes tempos de crise essa bolada não faça falta para socorrer os pobres dos grandes bancos.

Seria óbvio dizer que isso parece uma grande, imensa maracutaia. Mas, notaram que está todo mundo quieto? É um sinal dos tempos. Imaginem o presidente Fernando Henrique Cardoso eliminando das regras da telefonia artigos que impedem o monopólio? Bem, nesta hora o PT e a CUT já estariam nas ruas. E as barracas pretas do MST com certeza também já estariam instaladas na frente das sedes das duas empresas e talvez até próximas ao palácio do Planalto.

E Lula tem interesse pessoal no negócio? Não apareceu nada ainda que o ligue diretamente, mas o fato é que a família dele já fez bons negócios com beneficiários da compra. A Oi, quando ainda era a antiga Telemar, colocou muitos milhões de reais na Gamecorp, a empresa de Lulinha, o filho prodígio do presidente, um gênio do setor da informática (é um craque em jogar videogame).

De monitor de jardim zoológico, onde ganhava cerca de 600 reais por mês, Lulinha tornou-se milionário com uma grande tacada, associando-se à Telemar. A Oi/Telemar acabou investindo mais de R$ 10 milhões na Gamecorp.

Outro fato que merece destaque é que o decreto acaba beneficiando o empresário Sérgio Andrade, da construtora Andrade Gutierrez e sócio de Carlos Jereissati na Oi. Acontece que Andrade foi o maior doador da campanha de reeleição Lula em 2006, quando sua empresa doou R$ 6,4 milhões ao PT e mais R$ 1,52 milhão diretamente para a campanha.

Bem, dentro dos preceitos legais Andrade é livre para fazer o que deseja com seu dinheiro, mas o presidente da República não deveria agir num caso como esses como no caso da mulher de César? Eu penso que sim.

Mas já faz tempo que Lula não se preocupa nem com as aparências. O que também é o caso de seus liderados, das pessoas, instituições e empresas que subiram com ele ao poder. Até pouco tempo atrás alguns até aparentavam uma certa vergonha, mas agora parece que a coisa degringolou de vez e ninguém mais se preocupa em fazer em público o que antes era às escondidas. 

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POR José Pires

Daniel Dantas fatura também

Outra ironia deste decreto é que com ele Lula faz aumentar também a fortuna de Daniel Dantas, outro que ganha uma bolada com a canetada. Com a venda, ele aumenta sua riqueza em R$ 2 bilhões, sua parte no negócio.

Dantas deve estar feliz como um pinto no lixo. E a coincidência de isso estar acontecendo exatamente no momento em que o governo Lula pressiona e investiga com rigor o delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, o policial que mais perto chegou de um indiciamento de Dantas, dá um ar ainda mais suspeito nesta operação de compra e venda tão absurda que fez até o experiente jornalista Janio de Freitas afirmar que é “é uma transação mais inescrupulosa do que todas de que possa lembrar”.

Freitas fez um bom artigo sobre o caso neste fim de semana na Folha de S. Paulo e que você pode ler aqui.
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POR José Pires

Dinheiro fácil

Lula e a mão suja de
óleo: cadê o dinheirão
que estava aqui?
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A indústria automobilística está em estado de falência até na pátria-mãe do transporte individual, os Estados Unidos. Lá, a General Motors, a Ford e a Chrysler estão pedindo dinheiro do governo para poderem sobreviver. Além disso, o petróleo teve queda marcante e rápida, um tombo que em quatro meses derrubou o preço de 150 dólares para menos de 50 dólares.

Alguém se lembra daquela conversa do presidente Lula (pois é... ele é presidente da República!) sobre o pré-sal? Lula ficou tão animado com a dinheirama que até disse que o pré-sal era uma “ponte para a erradicação da pobreza no país”. O pré-sal era algo como Lula gosta: dinheiro fácil, com pouca necessidade de trabalho. É provável que até as peças de marketing eleitoral para 2010 já estivessem sendo boladas com o petróleo do pré-sal como tema. 

Puxa vida. Acho que nunca neste país ficamos ricos tão depressas: foi da noite para o dia. Mas o chato é que, logo depois, do dia pra noite, voltamos a ser pobres.
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POR José Pires

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Alma boa

Por que será que o presidente Lula (pois é, que coisa, não?) mandou uma Medida Provisória ao Congresso Nacional anistiando entidades filantrópicas acusadas de desvios de recursos? Destaque-se que é um Legislativo sem nenhuma independência, onde quase tudo do interesse do Executivo acaba sendo aprovado, o que só não ocorreu agora porque a imprensa deu a grita.

Mas então por que Lula mandou uma MP anistiando entidades acusadas de crimes? Ora, deve ser porque ele tem um espírito filantrópicop.
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POR José Pires

Meta a mãozinha

Sempre lembrando que clicando sobre qualquer imagem deste blog, como o cartum abaixo, você poderá vê-la em tamanho ampliado.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Sem marolinhas

A crise financeira já está fazendo o Japão passar por um aperto sério. Ontem o governo japonês divulgou que no trimestre de julho a setembro a atividade econômica apresentou retração de 0,4% em relação ao mesmo período de 2007.

A economia japonesa entra oficialmente em recessão e por lá não tem conversa de palanque eleitoral. Nada de fazer marolas, as autoridades falam com clareza. "Estamos em uma fase recessiva. Como a situação global deve desacelerar por um bom tempo, outras quedas são esperadas", afirmou o ministro de Finanças, Kaoru Yosano.

Ah, sim, e o efeito da recessão japonesa já atravessou o oceano Atlântico, depois de passar pelo Pacífico e o Índico, claro, e botou a Bovespa pra baixo.

Veja lá em cima uma imagem que também nada tem a ver com marolinhas. É uma das mais conhecidas imagens da história da arte, “A Grande Onda”, de Katsushika Hokusai (1760-1849), desenhista e gravurista japonês que teve forte influência na arte moderna ocidental. Clicando na imagem, você poderá apreciá-la com mais detalhes.
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POR José Pires

Investigando o investigador

Alguém acredita que as investigações da política brasileira, qualquer uma delas, são feitas sempre dentro da lei, sem ferir nenhum preceito jurídico ou mesmo constitucional? Acho que nem personagem humorístico (a falecida Velhinha de Taubaté ou o atuante Eremildo, crédula personagem de Elio Gaspari) pode crer em uma pessoa atuante e severa, agindo sempre nos rigores da lei. Talvez sob tortura alguém até confesse que a nossa polícia age corretamente. E não deve faltar meganha para fazer este serviço.

Bem, então por que a cerrada marcação em cima do delegado Protógenes Queiroz? O minucioso exame do ministério da Justiça, da própria Polícia Federal e também da imprensa sem cima dos métodos investigativos da Operação Satiagraha são de deixar qualquer um com centenas de pulgas atrás da orelha. Nunca houve nenhuma preocupação com os métodos da PF ou de qualquer outra polícia, então por que tanto zelo exatamente com esta investigação?

A explicação sobre esta singular preocupação do governo com a lisura de uma investigação da PF pode estar nos alvos atingidos pela Operação Satiagraha. Os documentos apreendidos na operação indicam a existência de um esquema que movimentava R$ 18 milhões apenas em propinas para políticos, juizes e jornalistas. É bastante dinheiro e também muita gente para se preocupar com o rigor da lei em uma investigação policial.

É parecido com a preocupação com uso de algemas quando bacanas começaram a aparecer algemados nas fotos e lembra bastante também a ocupação de ministro de Lula com a questão histórica da tortura a prisioneiros políticos e o descaso com a tortura cotidiana em nossas delegacias de polícia. O ministro da Justiça Tarso Genro, afinal, não devia cuidar disso?

Não podemos esquecer também que as investigações do delegado Protógenes e seus comandados atingiram Lulinha, o filho pródigo do presidente Lula, e chegaram até a ante-sala do presidente, com o grampeamento e vazamento das conversas de seu secretário e amigo pessoal, Gilberto Carvalho, que lançam fortes suspeitas de tráfico de influência por aquele lado do Planalto. A Satiagraha atrapalha também um negócio pelo qual Lula mostra grande interesse: a venda da Brasil Telecom para a OI.

Desse jeito, os métodos investigativos usados na Operação Satiagraha tinham mesmo que ser condenados. Principalmente porque deram certo.

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POR José Pires

Olha a conta

O governo Lula já colocou cerca de R$ 150 bilhões no mercado de crédito, como parte do combate à crise financeira mundial que já está instalada por aqui. Quem fez as contas e publicou em sua edição de hoje foi o jornal O Estado de S. Paulo.

Só no câmbio foram R$ 106 bilhões pela cotação do dólar de sexta-feira. Está fora desta conta os R$ 56 bilhões de depósitos compulsórios dos grandes bancos, recursos bloqueados pelo Banco Central que foram liberados para incentivar a compra de carteiras de crédito de bancos pequenos e médios.

A “marolinha” está ficando cada vez mais cara.
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POR José Pires

A crise da boca pra fora


É de se perguntar por que Lula não ficou invocado com o presidente George W. Bush no encontro do G-20. Afinal, não é no “pato manco” que está a origem da crise? Pelo menos foi isso que Lula falou logo no início, além de dizer que a “marolinha” nem riscaria a sólida blindagem brasileira. Mas no final de semana em Washington, Lula foi só abraços para Bush.

Falando em contas, o jornalista Augusto Nunes juntou as falas de Lula desde o início da crise, quando o petista tratava a crise com sua retórica de palanque. Nunes fez uma compilação desde a primeira declaração, em 27 de março, quando, em uma de suas costumeiras confusões, desta vez com a geografia, mandou um recado ao presidente norte-americano: “Bush, meu filho, resolve o problema da crise, porque não vou deixar que ela atravesse o Atlântico".

Vejam que interessante o histórico do nosso presidente (ele é... fazer o quê, não?) encarando a crise com sua verborragia.


Setembro, 17
"Que crise? Pergunta pro Bush"

Setembro, 18
"O Brasil vive um momento mágico"

Setembro, 22
"Até agora, graças a Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico"

Setembro, 29
"O Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito pequeno"

Setembro, 30
"A crise é tão séria e profunda que nem sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na História mundial"

Outubro, 4
"Lá, a crise é um tsunami. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar"

Outubro, 5
"Queremos que esse tema da crise mundial seja levado ao Congresso"

Novembro, 8
“Ninguém está a salvo, todos os países serão atingidos pela crise"

Novembro, 10
“Toda crise tem solução. A única que eu pensei que não tivesse jeito era a crise do Corinthians"
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POR José Pires

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Lula aconselha o papa

Onde anda aquele arcebispo, o Dom Eusébio Oscar Scheid, que andou dando uns pitos nos presidente Lula na época da eleição do papa? Aquele que dizia que Lula e o Espírito Santo não entendiam bem.

É que Lula anda de novo se metendo nas coisas da Igreja Católica. Na época em que levou o pito, o presidente estava tratando o enclave que elegeu Bento XVI como se fosse uma convenção de seu partido. Ele dizia então que o próximo papa podia ser brasileiro e até arriscava um palpite sobre o nome ideal, evidentemente candidato dele: o arcebispo brasileiro Luciano Mendes de Almeida.

O mais bizarro é que Lula fazia “boca de urna” junto à imprensa para a eleição do papa na viagem para os funerais de João Paulo II. Ele foi para Roma de avião particular, seu Aerolula, com uma imensa comitiva e despejando suas inconveniências durante a viagem.

Pois ele continua se metendo nos assuntos da Igreja Católica. Agora está dando conselhos a Bento XVI. Ele esteve em audiência com o papa nesta quinta-feira e saiu dizendo que pediu a ele que fale da crise econômica: “Eu pedi ao papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica, pois, se todo o domingo o papa der um 'conselhozinho', quem sabe a gente encontra mais facilidade para resolver o problema".

Desse modo, a responsabilidade internacional do nosso presidente – é... o que se há de fazer...− vai crescendo gradativamente. Já deu conselhos para Barack Obama, agora indica ao papa Bento XVI o tema para seus pronunciamentos. E para não desperdiçar os conhecimentos dessa sumidade em assuntos internacionais, O Itamaraty tem que apressar-se para, antes do final do mandato petista, arranjar um jeito de Lula dar uma passada no Oriente Médio para resolver os probleminhas que eles têm por lá.
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POR José Pires

Presidente sabe-tudo

Lula tem síndrome de técnico de futebol de boteco. Sabe tudo, sobre todos os assuntos. Agora, pelo jeito, vai ensinar padre a rezar missa.
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POR José Pires

Na biblioteca

A audiência com Bento XVI foi na biblioteca do Vaticano. Imagino o Lula naquele cenário maravilhoso, olhando para os lados e perguntando para ele: “Nossa, papa! O senhor já leu tudo isso?”.
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POR José Pires

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Elementar, meu caro Watson

A profusão de supostas ilegalidades que a imprensa vem publicando sobre a Operação Satiagraha, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz, o investigador investigado da Policia Federal levanta uma indagação de sherlock para aqueles que jamais acreditariam que a culpa é do mordomo: mas somente delegado Protógenes e apenas na Operação Satiagraha é que teriam sido cometidas tais ilegalidades?
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POR José Pires

O analista de Obama

Se a gente não conhecesse bem o presidente Lula, até poderíamos achar que foi a proximidade com o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi que o fez soltar a mais nova besteira sobre a eleição de Barack Obama, mas nós sabemos muito bem que o Supremo Apedeuta não carece de influência direta alguma para mandar ver suas bobagens.

Parece que Lula chamou para si a responsabilidade da análise sobre os significados da vitória do democrata e também da personalidade do presidente eleito. Não pára de falar sobre o assunto: virou o analista do Obama.

Lá na Itália, Lula disse que o seguinte: “Se Obama fracassar, a frustração será tão grande, que serão necessários muitos séculos para que um negro seja de novo eleito presidente dos Estados Unidos".

Bem, isso é serviço para a assessoria. Alguém podia explicar para o Lula que Obama não se elegeu porque é negro. Nem é preciso aprofundar muito, analisando, por exemplo com ele o significado do verbo “fracassar” − fracassar em quê e para quem, cara-pálida? −, basta esclarecer que não é por ser negro que Obama foi colocado na Casa Branca.

E depois que ele já estiver totalmente convencido, podiam também explicar-lhe outra coisa muito importante, um esclarecimento já com um certo atraso, coisa de mais de seis anos, mas , enfim, sempre é tempo para esse tipo de revelação: ele, Lula, também não foi eleito pelo fato de ser ex-metalúrgico.
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POR José Pires

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Enfim uma fala honesta sobre a Lei de Anistia

Existem poucas pessoas mais autorizadas que o economista e ex-preso político Paulo de Tarso Venceslau para opinar sobre a punição aos torturadores da Ditadura Militar, assunto que o ministro da Justiça, Tarso Genro, vem colocando em primeiro plano. É uma questão bastante complicada, principalmente pelo fato de isso implicar em uma revisão da Lei de Anistia, de 1979.

Ontem, em entrevista à rádio Eldorado, o ex-preso político se colocou contra a posição de Tarso Genro, que ele acusa inclusive de estar usando o tema para se fortalecer junto a determinadas forças do PT que podem ajudá-lo a ser o candidato do partido à presidência da República em 2010.

Paulo de Tarso foi guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional, a ALN de Carlos Marighela, e participou da ação mais marcante da guerrilha urbana brasileira, o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick em setembro de 1969.

Ele acabou sendo preso, torturado, sendo depois um dos anistiados. Mais que isso, ele foi também um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e o primeiro militante do partido a perceber os descaminhos que levariam aos vários atos de corrupção de petistas tanto em prefeituras quanto no governo federal.

Venceslau participou das primeiras administrações petistas no final da década de 80 e na primeira metade da década de 90, em cidades expressivas como Campinas e São José dos Campos, e ali percebeu que lideranças tramavam no PT um desvio radical em sua proposta de ser um partido ético.

Na prefeitura de São José dos Campos, da prefeita Angela Guadganin (que depois viria a ficar famosa como a deputada dançarina do mensalão), atuou como Secretário de Finanças por indicação de José Dirceu e Aloizio Mercadante. Foi então que apareceu a Consultoria para Empresas e Municípios, a notória CPEM. À frente da empresa estava o não menos notório compadre de Lula, Roberto Teixeira.

Paulo de Tarso impediu negociatas da CPEM em São José dos Campos e denunciou à Lula e à direção do partido o que andava acontecendo não só naquela cidade, mas também em outras administrações petistas, com um grupo do qual participava também Paulo Okamoto, outro compadre de Lula.

Em 1995 Paulo de Tarso mandou uma carta com as denúncias à Lula, que então era presidente do PT. O partido fez uma comissão interna para a apuração do caso, que acabou concluindo que Paulo de Tarso tinha razão, mas evidentemente nada de prático foi encaminhado, pois ali estava começando a trajetória de enriquecimento ilícito de várias ligadas ao PT e a inserção do partido nas velhas práticas políticas com o objetivo exclusivo de abocanhar o poder.

Essa vivência no PT é um elemento que dá ainda mais autoridade para Paulo de Tarso entrar na discussão sobre a revisão da Lei de Anistia, afinal essa questão inoportuna vem do próprio partido. O ex-guerrilheiro é contra a proposta e até alerta que o ministro da Justiça, Tarso Genro, estimula esse debate visando na verdade se fortalecer internamente junto aos setores mais de esquerda do PT, com o objetivo de ser o candidato à presidente da República pelo partido.

Paulo de Tarso traz também uma importante autocrítica sobre o papel da luta armada, com uma ressalva muito rara em manifestações da esquerda sobre este período da história brasileira. Ele diz que os erros vieram tanto do lado da repressão política quanto da esquerda armada. E que a esquerda lutava, na verdade, para a implantação de outro tipo de ditadura no país.

É algo bastante simples, mas que deve ser sempre reafirmado para deixar bem claro o papel dessas pessoas em nossa história: todas aquelas organizações armadas lutavam contra o regime militar não pela defesa da democracia, mas para a implantação de outro tipo de autoritarismo.

Cada organização tinha sua tendência – maoísta, stalinista, trotsquista, ou qualquer outra −, mas todas com uma meta em comum, que era o estabelecimento no Brasil de algum tipo de ditadura comunista.

Vale à pena ouvir as argumentações de Paulo de Tarso em sua própria voz, no importante depoimento histórico colhido pela rádio Eldorado. Para isso, clique aqui.
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POR José Pires

A carta denunciando corrupção no PT

A carta que Paulo de Tarso Venceslau enviou à Lula em 1995 é um importante documento da nossa história recente, pois mostra que a quebra da coerência ética no PT além de não ser coisa novae, tampouco aconteceu por acaso.

Simbolicamente o desvio ético do partido até pode ser vinculado à eleição de Lula para presidente da República, pois foi a traição manifestada de forma nacional para todos os brasileiros, mas o processo vinha sendo maquinado por Lula e seus aliados desde o início da década de 90, já no início da formação do partido.

A carta tem outra utilidade histórica imensa, que é a de não permitir que Lula se safe com a velha lengalenga de que estava distraído. Com a denúncia documentada, não há como ele dizer que de nada sabia. E como trata-se de um documento difícil de ser encontrado na internet, estou publicando-o no arquivo do blog, que você pode acessar clicando aqui.
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POR José Pires

O negro que perdeu

Muita gente pensa que Barack Obama foi o único candidato negro à presidência dos Estados Unidos este ano. Pois não foi. Esta eleição teve 21 candidatos, (que você pode ver aqui), mas por uma deformação da democracia norteamericana apenas dois aparecem na mídia. Já falei neste blog da candidata negra Cynthia McKinney, do Partido Verde de lá, mas também teve outro negro disputando esta eleição. É Alan L. Keys, do Partido Americano Independente.

É evidentemente um partideco norte-americano e não sei qual foi a votação do candidato, que deve ter sido bem baixa. Mas o candidato é negro. Aliás, bem mais negro que Obama, como comprova a foto ao lado. Pode até ser mais capacitado que Obama, uma probabilidade assegurada em exemplos de vários países, inclusive o nosso, pois nem sempre é o melhor que vence.

Porém, como não foi lançado por um dos grandes partidos (a democracia dos Estados Unidos só tem dois nesta situação) e nem faz parte do establishment, a candidatura de Keys não teve da parte esquerda brasileira a animação que se viu com Obama.

Entre Obama e Keys está uma diferença muito mais marcante que a cor da pele: é aquela entre o candidato vitorioso e o derrotado. O candidato negro do Partido Americano Independente perdeu a eleição e sequer teve um telefonema de consolo de Lula.
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POR José Pires

Agora vai

Finalmente o presidente Lula falou com Barack Obama. A assessoria do presidente brasileiro telefonou para o presidente eleito dos Estados Unidos, que retornou a ligação. Alguém duvida que não demora e Lula estará todo prosa comentando sobre a conversa com Obama?
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POR José Pires

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Outro McCain no limbo

Meghan, a filha de John McCain fez um blog durante a campanha do pai, o McCainblogette, que você pode ver aqui. Bonitinho, pretensamente íntimo, com o feitio de coisa pessoal, mas evidentemente marqueteiro.

O pai dela perdeu a eleição no dia 6, o último post é do dia 7. E o McCainblogette é mais um blog fantasma na internet, pois a filha do candidato republicano fez igualzinho essas moças que abrem blog para chorar suas dores-de-cotovelo e logo arrumam um namorado: parou de postar e foi cuidar da vida.
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POR José Pires

Marta não larga do pé

Na eleição para prefeito de São Paulo os marqueteiros do prefeito reeleito Gilberto Kassab conseguiram fazer colar em Marta Suplicy o mortal apelido de Martaxa. O apelido pegou e, se não foi a principal razão da derrota da petista, por certo ajudou muito.

Mas, se é Martaxa, a petista é também Marchata. Pois até agora ela está tentando ganhar a eleição em São Paulo. Derrotada por Kassab, a ex-prefeita quer que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) casse a candidatura do adversário.

A alegação é de que na confecção de uma revista de propaganda, “Um Olhar Sobre São Paulo”, teria sido usado dinheiro público.

Para petista, democracia é assim. Quando o PT vence, a eleição foi democrática, transparente, de uma lisura irrepreensível. Mas quando eles perdem, bem, aí então a eleição tem que ter um terceiro turno.
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POR José Pires

Presidente viajado

De uma coisa os lulistas podem se orgulhar: seu ídolo é o presidente mais viajado que este país já teve.

Lembra quando os petistas viviam fazendo crítica e até gozações com o número de viagens do então presidente Fernando Henrique Cardoso? Foi no tempo em que o PT era oposição. Lembram? Pois esqueçam.

O ano ainda não terminou e o presidente Lula (sim, ele é presidente, que coisa, não?) já passou 62 dois dias fora do país, em 21 viagens por 25 países. Contando as viagens nacionais, ele passou 132 dias fora do Palácio do Planalto. Bem, não é a toa que o trabalho não anda.

E ele tem agendadas três viagens agendas para o exterior. Tem a ida para a Itália e aos Estados Unidos, que acontece nesta semana, e também para a Venezuela em novembro.

A soma das viagens de Lula saiu em O Globo. O jornal comenta que o presidente FHC, que era criticado pelos petistas como um presidente que viajava demais, tem como recorde 13 viagens internacionais em 2000, no segundo ano de seu segundo mandado.
Lula não pára na sala de trabalho.

Quando o PT perdeu a eleição para Fernando Collor, o partido fez o tal “governo paralelo”. Pois, pode-se dizer que agora o PT tem um governo itinerante. Lula faz em média duas viagens semanais por semana. E evidentemente quando tem eleição ele só passa por Brasília para... para que será mesmo?
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POR José Pires

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O precursor de Obama

Se a gente não soubesse que o alcoolismo do Lula é maldade da oposição – e daquele jornalista do New York Times ameaçado de expulsão, o Larry Rohter – poderíamos até pensar que a eleição de Barack Obama deixou o Supremo Apedeuta tão animado que ele está comemorando até agora.

Em declarações públicas Lula vem fazendo analogia entre a vitória do democrata nos Estados Unidos e sua eleição aqui, em 2002. Lula disse que torcia pela eleição de Obama, o que não é nenhuma novidade. Nova é a teoria dele, de que a vitória de Obama “começou na América do Sul”, com ele, Lula, claro.

Para embasar sua análise Lula citou a eleição de Tabaré Vázquez, no Uruguai, de Evo Morales, na Bolívia, e de Fernado Lugo, no Paraguai. A cadeia de vitórias que acabou dando na de Obama, começou teria iniciado com a dele aqui no Brasil. É óbvio que ele não explicou qual é o elemento que liga esta cadeia e, principalmente, de que modo esta interação teria propulsionado a ascensão e eleição do candidato democrata. Um detalhe que chama a atenção é a falta de Hugo Chávez nesta corrente revolucionária.

Mas tirando o esquecimento, não há como não ficar curioso para saber qual é a liga entre essas vitórias. Serão todos esquerdistas, sendo Obama a conclusão desta revolução política inciaciada com Lula? Alguém devia contar isso para o presidente eleito.

Pena que Obama até agora não ligou para o Lula. Depois de eleito, ele falou com 10 chefes de Estado, sendo que da América Latina foi apenas com o presidente do México. O telefone vermelho do Palácio do Planalto até agora não tilintou.

Pois Lula devia se invocar e telefonar para o Obama para explanar sua interessante teoria. O presidente eleito deve estar com tantas preocupações que até pode lhe fazer bem uma folgazinha na agenda para dar umas boas risadas.
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POR José Pires

Nossos caros políticos

O que os políticos têm feito para enfrentar aquilo que Lula dizia ser uma “marolinha’ e que, sem surpresa alguma, revelou-se um maremoto? Bem, fora dar dinheiro para bancos e grandes empresas, também cuidam do seu cofrinho, que ninguém é de ferro.

Estamos sempre sabendo de novos custos, aumentos de verba para isso e para aquilo, além, claro, de aumentos em surdina que só saem publicados em poucos jornais.

Agora temos aumentos na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Os deputados distritais de Brasília, que já contavam com a maior verba para a contratação de assessores pessoais, pretendem aprovar até o final do ano um aumento que totalizará R$ 111 mil por mês para gastos com pessoal, escritório político, transporte e publicidade. A verba para o óleo de peroba facial deve estar incluída.

Esse negócio aí de “escritório pessoal” é a piada repetida daquela justificativa dos deputados federais para terem uma verba de manutenção de “escritório pessoal” em seus estados de origem. Mas os deputados distritais de Brasília têm ali mesmo na cidade suas bases, então como é que fica? Do mesmo jeito: sem nenhuma vergonha na cara.

O custo dos deputados de Brasília é alto, mas o restante não fica muito atrás. Vamos a alguns exemplos.

Na Assembléia Legislativa do Rio, a notória Alerj, cada deputado tem direito a 20 cargos comissionados de gabinete, com salários entre R$ 3,7 mil e R$ 5,7 mil. O gasto por lá fica perto de R$ 80 mil mensais.

Já na Assembléia Legislativa de São Paulo o custo mensal em 2007 foi estimado em R$ 73 mil mensais. Por que em 2007? Ora, também seria demais que o contribuinte querer que os gastos fossem transparentes e a imprensa (tirei esses números de O Globo) recebesse, mês a mês, o total de gastos do Legislativo.

Toda vez que faz seus relatórios sobre custos na administração pública, a Transparência Brasil, lembra que várias Assembléias sequer disponibilizam seus gastos na internet. E não são apenas os legislativos dos chamados grotões do país que agem assim. A Assembléia Legislativa do Paraná, por exemplo, é uma das menos transparentes.

O fato é que os políticos estão nos custando cada vez mais. É muito dinheiro por um produto que, como todos sabem, não é lá grande coisa. E é também por causa deste alto preço que a democracia é cada vez menos valorizada pelos brasileiros.
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POR José Pires

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Jabor arruma pra cabeça

É engraçado como a disputa entre Barack Obama e John McCain estimulou paixões políticas também aqui no Brasil. Está certo que o presidente dos Estados Unidos acaba tendo uma muita importância nos destinos de um país como o Brasil, mas não era preciso criar um clima de fla-flu para a eleição norte-americana.

Aqui a torcida de alguns colunistas era evidente. Arnaldo Jabor, por exemplo, era “obamista” desde criancinha. Obama deve ter algum projeto de redenção da humanidade, bem definidor dos rumos do planeta e que logo deve vir a público. O mundo logo vai saber disso, mas Jabor já o conhece na íntegra. Só isso pode explicar tamanha paixão do colunista por Obama, além do ódio, claro, por John Mccain.

Tamanho ardor evidentemente acabou fazendo com que o colunista fizesse uma besteira sem tamanho. Escrever com paixão não é defeito nenhum, mas no momento da edição ou da publicação é preciso ter equilíbrio.

E parece que faltou isso a Jabor, que acabou dando uma de jeca texano agora no final da eleição. Esta imagem é inversa ao pretenso posicionamento do colunista, sei disso. Ele posa de avançado, como se fosse um audaz demolidor de conceitos e preconceitos. Não é o que penso dele, mas esta imagem tem dado certo. E hoje ele é um dos mais bem pagos palestrantes do país com seu perfil de cronista de auto-ajuda. Avançadinho, mas de auto-ajuda.

Mas voltemos ao jeca texano. Isso fica por conta da grosseria do artigo de Jabor publicado hoje em O Globo e que já corre pela internet.

É um texto com loas à Obama e agressivos ataques ao candidato republicano, chamando-o inclusive de (estranha desqualificação) “velho”, e “caído”. Mas o problema é outro: nele, o colunista afirma que Sarah Palin, a vice do republicano, é a “boceta de Pandora” final para o mundo. O texto tem o título de "Vai dar Obama na cabeça". Pois com ele Jabor arrumou pra cabeça.

Com esse negócio de "boceta de Pandora" ele entrou pelo cano, mas já chego lá. Antes vamos falar dessa permissividade que existe na mídia, na internet principlamente, onde contra Mccain vale tudo e contra Obama qualquer crítica um pouco mais rigorosa é taxada logo como racismo.

É uma perversa inversão cometida pelo politicamente correto e muito conhecida por aqui, onde já sofremos bastante este tipo de manipulação. Mas aí está uma ironia boa: é exatamente o politicamente correto que agora complica a vida de Jabor. Seu texto é preconceituoso e marcadamente misógino. Desde que foi indicada como vice na chapa republicana, Sarah Palin vem sendo usada por ele como caixa de pancada. Até aqui tem até parecido engraçado para muitos leitores. Mas s paixão “obamista” de Jabor acabou levando a este deslize fatal. O texto pode ter desdobramentos péssimos para ele. Veremos.

Leiam o trecho que pega pesado com Sarah Palin: “McCain luta por sua fama. Como está velho, caído, finge uma desenvoltura de caubói ligeiro que não cola e, como teve câncer que pode voltar, pode acabar nos legando aquele pit bull de batom, a perua careta e despreparada Sarah Palin, que seria a ‘boceta de Pandora’ final para o mundo, a mulher de onde sairiam todos os males".

Já surgem defensores de Jabor buscando justificativa na acepção, digamos assim, mais erudita da palavra boceta. De fato, o termo “boceta de Pandora” é usado também para se referir à “Caixa de Pandora”, o mitológico objeto aberto por Pandora e de onde saíram todos o males, ficando apenas a esperança no fundo. No mito grego não está definido com precisão se era um vaso, um jarro, ou o que seja. Para Jabor é uma boceta, mas sua grosseria nada tem de erudição, sabemos bem disso.

Já somos suficientemente adultos para saber do que ele queria falar. Foi um jogo de palavras bem idiota. E vá lá saber onde Jabor estava com a cabeça quando resolveu desqualificar uma direitista empedernida como Sarah Palin exatamente em sua condição de mulher.
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POR José Pires

Obama lá?

Tem bastante gente fazendo analogia entre a vitória de Barack Obama nos Estados Unidos e a de Lula, aqui, em 2002. Lula, o operário e Obama, o negro, ambos rompendo barreiras históricas em seus países.

É mesmo? Obama é um intelectual, aliás, um raro exemplo de político que escreve bem e até com estilo. Lula, bem... não preciso dizer. Acho que seria difícil um negro sequer tornar-se candidato nos Estados Unidos usando como qualificativo o fato de não ter diploma universitário. E essa é apenas uma das qualidades que colocam aquele país acima (e até em cima) do Brasil.

Já li até bobagens relacionando ao ambiente da eleição que levou Lula ao poder à frase de Obama que fala sobre a esperança vencendo o medo. Esperança e medo agora são propriedades intelectuais exclusivas do petista? E talvez até registradas. De tanto falarem que a história do Brasil começou com o PT, os petistas já começam a acreditar que o pensamento humano é baseado em frases boladas pelo filósofo maior do partido, o Duda Mendonça.

Bem, se as coisas podem ser interpretadas desse modo, então quando Obama fala em reconstruir a América “tijolo por tijolo”, com fez em seu discurso de vitória ontem à noite, teríamos a obrigação de lembrar de Chico Buarque e sua construção musical.

E também a barreira histórica que a candidatura democrata desafiou e venceu é um pouco maior do que a do operário alcançando a presidência da República. Operários não eram segregados até em ônibus públicos há cerca de quarenta anos, como aconteceu com os negros nos Estados Unidos.

Comparar Lula com Obama, penso eu, é forçar a barra, mas vamos ouvir falar bastante disso nos próximos dias, afinal a imprensa sempre teve muito espaço para preencher em papel, no rádio e na televisão. E agora tem até os outros meios, como a internet, o que exige alongar muitos assuntos com pouca ou nenhuma sustentação.

Além disso, o permanente sentido marqueteiro dos petistas deve estar em estado de felicidade máxima. Vista por este ângulo, as lideranças petistas e seus marqueteiros podem explorar muitas similaridades entre a vitória de Obama e os pretensos feitos do Supremo Apedeuta. É como procurar chifre em cabeça de cavalo, coisa que eles fazem muito e que, devido ao esforço, até encontram.

Lula e Obama, essa é a palavra de ordem que pode servir para desviar a atenção das agruras econômicas que começam a nos atingir e que certamente afetarão bastante a inflada popularidade de Lula. Mas é pouco, pois a marolinha de que Lula falou é na verdade um maremoto. Por isso, não tem golpe marqueteiro que possa esconder o tsunami que vem aí.

Mas se existe alguma semelhança entre a vitória de Obama e a de Lula é pela expectativa que envolve os dois resultados. Aqui a frustração já vem de longe. Começou já na posse de Lula. E a decepção com Obama também pode vir logo, ou melhor, deve vir logo, pois são irreais os anseios que cercam sua ascensão e que até ajudaram a impulsionar sua candidatura.

Certas esperanças em torno da presidência de Obama, de atitudes internas e até internacionais, não são factíveis. Por isso, no embalo dessas falsas expectativas deve se repetir por lá e também com os "obamistas" internacionais a mesma frustração que os brasileiros sofreram com o PT no poder.
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POR José Pires

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Fora da luta pela ética

Falei ontem aqui sobre o procurador-geral da União, Jefferson Carús Guedes, que precisava de um habeas-corpus para continuar sua luta contra a corrupção. Processado por fraude ao INSS, ele se diz inocente. Pois o caso acabou em demissão.

Guedes pediu exoneração do cargo e na carta enviada ao advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, ele afirma que pede demissão por não querer causar desgaste à Advocacia-Geral da União, a AGU.
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POR José Pires

Yes, eles têm nanicos

A atenção da mídia internacional fica concentrada no democrata Barack Obama e no republicano John McCain, mas outros candidatos também disputam as eleições norte-americanas. São vários nanicos, além dos dois poderosos de sempre.

O nanico mais destacado é Raplh Nader, independente como sempre e que, claro, está na luta. Nader ainda recebe alguma atenção da mídia norte-america, é convidado para programas de TV, dá entrevistas para jornais, mas quanto aos demais o silêncio é quase absoluto. Nader é aquele que tem o eterno agradecimento de George W. Bush, pois em 2000, colaborou para a derrota do democrata Al Gore com os 2% de votos que conquistou na Flórida.

Mas o partido de Bush também já teve seu “Ralph Nader”. Em 1992, Ross Perot deu uma mãozinha para Bill Clinton ao tirar votos do pai do Bush atual. O milionário teve 18,9% de votos e prejudicou bastante Bush pai em estados importantes.

Desta vez Perot não concorre, mas Nader está na parada, o que é sempre um risco para o Partido Democrata e uma satisfação para o Partido Republicano.

Ralph Nader, de certo modo, faz um papel semelhante ao do PT em seu nascedouro. Naqueles primeiros anos pós-ditadura o partido de Lula fazia um excelente serviço para a direita brasileira batendo firme nos democratas e poupando gente como Maluf. Em alguns lugares os petistas até tinham uma votação melhorzinha, tirando votos de candidatos melhores e mandando para o poder corruptos e capachos do regime militar.
Para lembrar só um desses rabos petistas presos em uma má atitude com a História, basta lembrar a disputa no Colégio Eleitoral, na primeira eleição que finalizou o período militar, em 1984, quando eles não votaram no candidato do setor democrático, Tancredo Neves, com o conseqüente favorecimento de Paulo Maluf, candidato (é difícil acreditar, mas era verdade) da ala mais extremista da Ditadura Militar.

Eram tempos do início da reconstrução da democracia e então os apaniguados do regime ainda detinham muito poder. O resultado, claro, era que gente como o Maluf tinha pelo país afora também esta vantagem – a forcinha do PT, que batia mais em quem estava do lado da defesa da democracia do que nos outros. Em um tempo em que a máquina da Ditadura Militar ainda estava bem azeitada para o uso eleitoral. Se alguém aí pensou em quinta-coluna, era mais ou menos este o papel petista. 

Para não ficar apenas nesta semelhança, a eleição norte-america tem até um Psol de lá, inclusive com um nome que dá em sigla igualzinha, e também um PV. O PV deles lançou uma mulher negra, Cynthia McKinney e o Partido Socialismo e Libertação (eu falei: dá em Psol) tem uma candidata fã do Che Guevara, a latina Gloria LaRiva.
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POR José Pires

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Com fusão


A fusão Itaú mais Unibanco é um problema para os publicitários. Isso vai dar em quê, Uniaú ou Itabanco? E também é problema para os sindicalistas. Em fusão de bancos, todo mundo sabe, a única coisa que diminui é emprego.

PS: Vai dar em desfalque também na conta publicitária dos dois bancos que viraram um. Ou dividem pelo meio a conta para as agências de publicidade?
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POR José Pires

Tudo pela ética, até habeas-corpus

Digo sempre aqui que o Brasil é uma piada e só não é mais engraçada porque infelizmente vivemos dentro da piada. Visto da Suécia, por exemplo, deve ser de rachar de rir.

Alguém ainda duvida disso? Pois então vejam essa: o procurador-geral da União, Jefferson Carlos Carús Guedes, que está na coordenação de uma força-tarefa de combate à corrupção e à improbidade administrativa é réu em processo por formação de quadrilha.

A acusação é da Procuradoria da República com base em inquérito da Polícia Federal. Vem de 2004, da Operação Perseu, feita pela PF. Na época foram presos 12 auditores fiscais do INSS e empresários de Mato Grosso do Sul e outros 7 Estados, acusados de fraude na Previdência estimada em R$ 100 milhões.

Em abril a defesa de Guedes impetrou harbeas-corpus e o procurador-geral está à espera da decisão final para poder prosseguir com mais tranqüilidade sua batalha pela ética.

E a gente torce, claro, para que o habeas-corpus seja concedido. Afinal, não podemos perder ninguém na luta contra a corrupção.
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POR José Pires