Aqui, o governo Lula continua com suas marolas. Sabem como é, ao contrário dos Estados Unidos este é um país “blindado”. E a gente se pergunta quando é que a crise vai começar agir sobre as cabeças pensantes ao lado de Lula. Já era tempo de se ter um vislumbre de consciência.
Em entrevista recente à Folha de S. Paulo, bem que o jornalista tentou arrancar alguma declaração séria, ao menos no sentido do cargo, do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “Quando será o pico da crise no Brasil?”, ele perguntou. Bernardo disse: “Não sei. É tudo profecia”. Bem, se o ministro do Planejamento fala assim, então o negócio é consultar o horóscopo.
No comportamento de praticamente todos os ministros de Lula é possível observar este alheamento da crise, alienação evidentemente determinada por ordem do presidente. É isso ou teremos de acreditar que é caso de hospício. Todos ignoram a crise, mas fiquemos com a opinião do ministro do Planejamento, afinal, se é do Planejamento, ele deve entender algo desse negócio de crise.
Sigamos então. Quando ao “efeito na economia real”, Bernardo também parece estar na linha retórica da marolinha. Além de dizer que “não tivemos problema até agora”, ele ainda reclama da questão, pois acha que “seria um absurdo falar um negócio desses”.
Não quero ser repetitivo, mas ele é do Planejamento e acha que é “absurdo” analisar um quadro difícil para a nossa economia. Mesmo em teoria? Bem, mas a própria prática já mostra que Bernardo está errado. Bastaria ele ter lido nas últimas semanas o próprio jornal onde foi publicada sua entrevista, ou até mesmo a mesma edição, onde outro ministro, o da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirma com razão que o “horizonte é de fato sombrio”. E ele não está só falando de boi e pasto e pepinos e tomates.
O ministro do Planejamento é só um exemplo da política de avestruz do governo Lula, que começou com aquela conversa fiada dele sobre a crise ser uma “marolinha” para o Brasil. Já passou da irresponsabilidade essa tática de se negar a encarar os problemas com clareza. Desse jeito, o brasileiros não ficam a par da gravidade da situação e nem se preparam para enfrentar o que vem por aí.
Isso é coisa velha, vem desde o primeiro mandato, mas neste momento grave é uma tática que pode prejudicar muito o país. E sabemos bem qual é razão para tantos dedos com este espinhoso assunto. Com a crise avançando, o governo que imaginava ter a capacidade de eleger até um poste transforma-se no próprio poste.
Mas quem não vive em campanha eleitoral sabe que para o Brasil ser de fato um país emergente, é preciso muito fôlego para chegar até a superfície . Mas com este governo não resta outra solução a não ser conter respiração e torcer para que Deus seja mesmo brasileiro.
É uma situação como essa que fez o deputado Fernando Gabeira, em artigo na mesma Folha, lembrar o hábito brasileiro que nos conduz a pensar que é “melhor ser atropelado do que se antecipar criativamente”. Não, nada disso, precisamos planejar melhor. Pelo menos para que alguém anote a placa.
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POR José Pires