Cuba cumprirá luto de nove dias pela morte de Fidel Castro. Seu corpo já foi cremado e as cinzas percorrerão a ilha, passando por várias cidades. É bem grotesco que mesmo com o ditador morto, os pobres dos cubanos ainda tenham que adorar suas cinzas, conforme a determinação de Raul Castro, que tomou o comando do regime depois da doença do irmão. Mas levando em consideração a forte idolatria que os que ainda mandam em Cuba têm pelo ditador falecido, até que esse giro das suas cinzas pelo país pode ser visto como relativamente sensato. A não ser que imponham aos cubanos a partir de agora a proibição de rir na data da morte. Foi o que fez Kim Jong-un na Coreia do Norte, no feriado nacional em homenagem à morte de Kim Il-sung, o avô que fundou a dinastia comunista.
Outras doidices ocorreram em outros países dominados por essa cultura bizarra que é o comunismo. Os comunistas soviéticos embalsamaram o corpo de Lenin, depois de sua morte, em 1924. É o velório mais longo da humanidade. O corpo do líder bolchevique está até hoje exposto em Moscou. Na década de 1980, na época da Glasnost de Mikhail Gorbatchev, em meio ao monte de assuntos importantíssimos que havia para discutir sobre o destino da União Soviética, o debate mais quente foi sobre o que fazer com o corpo de Lenin, a quem algumas pessoas desejavam dar finalmente um enterro, depois de tantas décadas. É claro que ganharam os que queriam mantê-lo como atração para curiosos e fanáticos.
Como acontece sempre, já apareceram na internet fotos do que seria o corpo de Fidel Castro sobre uma cama. São cenas de filme de terror trash. É óbvio que são falsas, pois não vi nenhuma delas no Granma, o órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba. É um dos piores jornais do planeta, mas nem por isso tomariam um furo desses. Mas com a cremação, pode ser que jamais tenhamos a chance de ver uma foto do corpo do falecido, o que pode alimentar teorias conspirativas. Como não foi possível observar se do lado esquerdo do peito estava bem cravada uma estaca, sempre haverá o temor de que de fato o mundo não tenha se livrado dessa figura cruel.
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POR José Pires
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Imagem retirada da capa do especial do jornal espanhol "El Mundo", deste domingo, 27 de novembro de 2016. Desenho de Ricardo