O Brasil inteiro anda tendo alguma séria psicose que faz todo mundo fazer de conta que não vê o que ocorre na frente dos nossos olhos. Como o Brasil anda amalucado demais, por aqui o equilíbrio ocupa sempre uma porcentagem menor. Quando alguém surge com um diagnóstico sobre algum problema brasileiro e vem com números díspares como 80% contra 20%, podem crer que o problema está na categoria dos 80%. A situação de normalidade quase sempre está na porção menor da avaliação.
E como os malucos do hospício têm sempre mais poder que o médico, todos fazem de conta que nada está acontecendo, mesmo nas situações mais graves e até bem perigosas.
É o que faz a gente ler bastante por aí sobre uma "faxina ética" da Dilma Rousseff. É o momento que o marketing dita o conteúdo das páginas políticas. Como é que alguém faz para escrever com camisa-de-força sobre as transformações éticas no terceiro governo petista, aí eu não sei.
Nos casos mais perigosos, como no recente assassinato da juíza em Niterói, fica ainda mais difícil agüentar o comportamento tresloucado em relação ao massacre sofrido por uma autoridade da Justiça. Reações sem sentido surgem inclusive da oposição. São sugestões da instituição de juízes sem rosto, julgamentos secretos, aumento de escoltas, uso de carros blindados.
Não é preciso fazer esforço algum para entender que o país não está com interesse algum em atacar o centro do problema, que é a tragédia da segurança pública no Brasil. Os planos são para conviver com o crime, apenas procurando ao menos evitar que se matem juízes, é isso?
Dá a impressão de que milhões de Norman Bates andam por aí com a peruca da mãe. Todo dia tem um deles dando entrevista à imprensa com alguma idéia que parece saída daquele motel sinistro do filme de Alfred Hitchcock. Dá pra ouvir até aquela famosa música de fundo na hora do banho.
É psicose pura. Em alguns casos a doença traz até sintomas claros de distúrbio, como o uso de fantasias. Andei falando sobre isso aqui quando o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, marchava pelo país afora fantasiado de militar. Como o antigo tucano não era nem cabo da reserva, seu comportamento parecia muito esquisito. Mas quem mostrava estranhamento com aquilo é que era olhado meio torto. O Brasil inteiro fazia de conta que estava tudo normal.
Se um cidadão coloca uma roupa branca, mete um estetoscópio no pescoço e sai por aí fingindo que é médico, acaba sendo preso por estelionato. Mas o ex-ministro Jobim se fantasiava de militar e ninguém apontava a maluquice e muito menos ele levava um teje preso.
Quantos anos ele não fez isso e nenhum jornalista chegou nele para perguntar por que é que ele se vestia de milico sem ser milico? Por muito menos que isso a gente tremia de medo do Norman Bates. E o maluco de Psicose só se fantasiava dentro da mansão da mãe ou nos banheiros do motel de sua propriedade. Norman Bates jamais foi visto dando entrevista coletiva vestido com a roupa da mãe ou discursando em rede nacional.
Faz mais de um ano que falei disso
aqui no blog, mas é claro que não é a opinião abalizada pela experiência de caserna. Sou um neófito nessas coisas. Nunca me fantasiei de militar nem quando era criança.
Mas agora apareceu enfim uma opinião profissional para fechar essa maluquice histórica surgida no governo Lula. Foi em um artigo do general reformado Luiz Gonzaga Schroeder Lessa. No texto ele diz que o ex-ministro Jobim tinha "psicótica necessidade de se fantasiar de militar".
Finalmente a maluquice é apontada por uma voz da caserna. Já é bem tarde para isso, mas pelo menos encerra essa palhaçada que envolveu nossas Forças Armadas.
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POR José Pires